Há bom número de anos, saí de casa e mudei-me para a universidade. Logo em seguida, descobri que havia na cidade uma filial da Igreja de Cristo, Cientista. Sem ter muita certeza da importância de freqüentar a igreja, relutei em visitá-la. Por fim, decidi-me a ir, mas só na condição de que, se não gostasse dela, não iria sentir-me na obrigação de retornar.
É preciso relatar esse caso como aconteceu. Eu não estava bem vestido. De fato, minha aparência era bem desleixada. O cabelo estava comprido e eu portava uma barba nova, ainda meio rala. E, para completar, cheguei atrasado!
Não sei descrever o que senti quando entrei — a alegria, a profunda paz. A face do Leitor irradiava amor. Eu sabia que estava em casa. Eu pertencia àquele lugar. Em meu coração, o culto fez eco às palavras da Sra. Eddy em Ciência e Saúde: “Peregrino na terra, teu lar é o céu; forasteiro, tu és o hóspede de Deus.” Ciência e Saúde, p. 254. Senti-me tão bem-vindo, tão à vontade — e ninguém ainda mesmo havia apertado a minha mão! Depois do culto, fui saudado calorosamente por quase todos. O que ali senti foi mais do que mero afeto humano; foi o amor de Deus. Sua ternura e solicitude se extravazavam por meio de cada um deles. Eu estava de fato “na casa do Senhor”, e queria permanecer nela para todo o sempre. Ver Salmos 23:6. Assim que me foi possível, filiei-me a essa igreja, e sinto-me feliz por haver servido nela em muitos cargos durante quase dez anos.
Como é importante acolher bem em nossas igrejas os estranhos! A acolhida que recebi fez a diferença entre os dez anos de filiação ativa e o nunca mais voltar. Cristo Jesus disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mateus 18:20. Significa isto que o Cristo saúda automaticamente o estranho que entra num culto de igreja, independente do que os membros façam ou deixem de fazer? Claro que não! O Cristo não age fora da consciência individual. A acolhida é feita mediante a alegria e o amor espiritual que cintilam através dos membros da igreja. Quão bem recebido o novato se sente depende grandemente de quão ativos estão os membros em mostrar o seu amor. Existe realmente algo como amor passivo ou amizade impessoal? Ciência e Saúde lembra-nos: “A divindade do Cristo tornou-se manifesta na humanidade de Jesus.” Ciência e Saúde, p. 25.
Bom tempo depois de me haver filiado a essa igreja, fiquei sabendo que os membros vinham orando para atender às necessidades de todas as faixas etárias da cidade. Sua meta era fazer com que cada visitante se sentisse genuinamente em casa. Suas ações se igualavam às suas orações, pois, após aquele primeiro dia, eu estava certo de que eles realmente se importavam comigo.
Já visitou você alguma igreja em que ninguém lhe disse: “Como vai?” Numa das igrejas que visitei, eu podia dizer que havia amor entre os membros porque eles se abraçavam e falavam amavelmente uns com os outros, mas, por algum motivo, me ignoraram. Depois disso, tudo o que ouvi lido do púlpito parecia-me um tanto vazio. Não me senti nem um pouco incluído. Estará esse problema mais alastrado do que se pensa? Certo artigo de jornal intitulava-se: “Era um estranho e ninguém se importou com ele” e conta o caso de um homem que visitou cerca de quinhentas igrejas de diferentes denominações. Segundo o artigo, o visitante “foi virtualmente ignorado em todas elas” e “foi saudado por olhares perplexos, indiferença ou acenos distantes em paróquias católicas romanas, igrejas filiais da Ciência Cristã, congregações mórmons, sinagogas judaicas e igrejas adventistas do sétimo dia, bem como em outras igrejas.” The Los Angeles Times, 6 de maio de 1978.
Dar as boas-vindas aos estranhos que vêm aos cultos em nossas igrejas é atividade essencial e fundamental de nossa igreja. De fato, a Sra. Eddy dedicou um artigo inteiramente a esse tema no Manual de A Igreja Mãe Ver Manual, art. 16.. No artigo ela se refere ao “dever e privilégio” dos membros locais de A Igreja Mãe de ceder seus lugares aos estranhos que possam necessitar deles. Oferecer um lugar, por si só, poderá ser considerado como gesto mínimo, particularmente se for realizado como mero dever ou encargo de comissão. Num contexto mais amplo, contudo, oferecer o lugar para o estranho pode ser evidência tangível de profundo afeto cristão focalizado em algo mais do que o mero eu. O amor que brota do coração, anseia sempre por ajudar aos outros e permanece atento às necessidades dos outros. Essa compaixão é o amor que Jesus pedia: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” João 13:35. Essa declaração, por certo, pede mais do que meras boas intenções!
A fantástica acolhida que recebi quando visitei aquela filial deixara-me ansioso por estender a outros essa mesma recepção. Eu tinha prazer em fazê-lo, porque sabia quanto ela significara para mim. Depois de algumas experiências desanimadoras como um estranho em outras igrejas, fiz o voto de estar ainda mais alerta e nunca deixar um visitante ir-se embora sem ser saudado. Esse desejo levou-me a descobrir muitas maneiras novas de ajudá-lo a sentir-se em casa. Por exemplo, mesmo que não tenhamos a oportunidade de ceder o lugar a um estranho, talvez possamos sentar ao lado dele. Por certo, podemos mostrar interesse em algo mais do que o mero fato de nos estar visitando. Até mesmo, podemos considerar a possibilidade de estacionar o carro mais longe e deixar para os visitantes os lugares mais próximos da entrada.
Além disso, o que poderia ser mais convidativo do que uma reunião vespertina de quarta-feira cheia de testemunhos de cura que são fáceis de compreender e ao mesmo tempo precisos? Os anúncios lidos durante os cultos podem ser mais espontâneos e convidativos, também. Não seria possível que os indicadores sorrissem com mais calor, sem fazer distinção do lugar em que estão parados? E será que não nos podemos sentir felizes com todo e qualquer visitante à igreja, e não apenas com os jovens?
“A verdadeira oração não é pedir amor a Deus; é aprender a amar e a incluir todo o gênero humano em uma só afeição” Não e Sim, p. 39., escreve a Sra. Eddy. Se o membro da igreja ainda precisa vencer a timidez ou o embaraço antes de falar com o visitante, isso é bom! Mesmo que lhe seja necessária grande luta, nela está incluída a elaboração de nossa própria salvação. O membro que se recusa a negligenciar o estranho apesar dos assuntos da igreja ou dos seus problemas pessoais, muitíssimas vezes constatará que não lhe restou problema para ser resolvido, pois obteve equilíbrio espiritual. Os membros que acolhem com amabilidade os estranhos, são tão beneficiados quanto o visitante. De fato, esse amor abnegado provavelmente faz mais pela igreja do que faz ao visitante que foi bem recebido.
Que espécie de recepção terá o estranho em sua igreja?
A alegria do Senhor é a vossa força.
Neemias 8:10
