A Ciência Cristã desafia-nos a examinar nossa vida cuidadosa e continuamente. Que tipo de pensamentos estamos abrigando? Que crenças estamos nutrindo? O que nos motiva? O que estamos fazendo e dizendo?
Quando assim nos questionamos honestamente e oramos para ser obedientes e constantes em cumprir a perfeita vontade de Deus, estamos preparando fielmente o terreno para o crescimento espiritual e a incessante regeneração. E, ao nos empenharmos em corrigir especificamente qualquer falha, ou erro, que possa ser descoberta em nosso pensamento, estaremos cumprindo com esta exigência do Cristo: vencer o pecado.
Em termos amplos, pode ser classificado como pecado tudo o que pretenda separar-nos de Deus, o que quer que nos tente a agir em oposição ao propósito divino, tudo o que procure obscurecer a luz da Verdade divina. Pecado é escuridão mental. Quando acalentado, leva o indivíduo a perder de vista a abençoada unidade do homem com o Amor divino, que é a permanente e verdadeira herança do filho de Deus, Sua imagem e semelhança.
No Novo Testamento, o verbo original grego para “pecar” é harmatano. Anteriormente, o termo havia sido usado com relação a competições de arco e flexa e significava “errar o alvo (e perder o direito ao prêmio)”. James Strong, “Greek Dictionary of the New Testament”, The Exhaustive Concordance of the Bible (Nova Iorque: Abingdon-Cokesbury Press, 1953), p. 10, n° 264. Se alguém erra o alvo, desvia-se do caminho, deixando de seguir as diretrizes divinas, perdendo o direito ao prêmio, divinamente outorgado, de domínio, liberdade, paz e alegria em Cristo, até que seu objetivo seja corrigido. O trabalho de regeneração poderá, às vezes, exigir enormes lutas. Sempre requer profunda oração e, possivelmente, exige o completo renascimento de nosso compromisso com a pureza espiritual e a santidade.
Mesmo assim, o pecado é uma mentira sobre o homem e sobre Deus. Falsamente afirma que o homem, a perfeita manifestação do Espírito divino, está sujeito ao mal e a erros da maior gravidade e que Deus permite ao mal existir. Deus, porém, não conhece nada além de Sua bondade totalmente inclusiva e infinita. Essa totalidade divina exclui a possibilidade de existir o pecado e o mal. A lei de Deus permite apenas a harmonia.
A lei do pecado, porém, parece ao sentido mortal encontrar resposta no pensamento humano não regenerado, tomando a forma de nossas palavras e ações. Por este motivo, e porque o pecado baseia-se fundamentalmente na premissa errônea de que a vida é material — crença que todos os seres humanos nutrem em graus variados — muito trabalho resta a ser feito para provar que o pecado é, na realidade, uma fraude, uma falsificação da verdade do ser. Podemos ser animados em nossos esforços, no entanto, pois a ação salvadora do Cristo, a Verdade, está sempre à disposição para desfazer mentiras. Nenhuma falsidade, não importa por quanto tempo nela se tenha crido, pode resistir ao Cristo.
Muito tem sido dito sobre a necessidade de corrigirmos os pecados que diretamente tenhamos cometido em nossa vida, mas talvez pouca atenção tenha sido dada à cura de outro tipo de pecado — aquele que talvez possa ser chamado pecado de omissão. Nele se incluem: ignorarem-se as necessidades dos outros, agir e falar sem bondade, deixar de andar com nosso próximo uma milha e, depois, duas, quando deveríamos tê-lo feito. Em tais casos, não se trata de havermos cometido uma falha. Antes pelo contrário, trata-se de não havermos feito absolutamente nada.
A suprema importância de curarem-se pecados de omissão deduz-se da descrição feita por Cristo Jesus no Evangelho de Mateus sobre a hora simbólica do julgamento. Jesus descreveu o reino de Deus como aberto aos que coerentemente praticam atos de misericórdia e auxiliam, até mesmo, ao forasteiro em necessidade. Jesus afirmou que, sempre que tais atos altruístas são praticados, é como se tivessem sido feitos para o “Filho do homem” propriamente dito. Cristo Jesus, por outro lado, indicou que haveria aqueles que falhariam em cumprir com suas obrigações cristãs e espirituais para com o Senhor. Para aqueles que se haviam omitido de praticar o ministério do amor abnegado, o reino estaria fechado. Ver Mateus 25:31–46.
No entanto, a graça de Deus e Sua terna misericórdia proporcionam sempre uma forma de redenção por meio de Seu Cristo. Mesmo que, outrora, tenhamos falhado em assumir nossa responsabilidade para com Deus e nosso próximo, a oração humilde e o arrependimento científico cancelarão o pecado. Podemos seguir em frente livres da culpa, confortados na certeza de que o reino de Deus nos fica reaberto logo que nosso pensamento é transformado pelo Cristo e nossos atos atestam nossa regeneração.
Em realidade, somente podemos conhecer a abençoada paz e santidade da vida em Deus, consciente da existência do imortal, à medida que agimos em concordância absoluta com as exigências científicas da Vida e do Amor divinos em nosso viver diário. Declara a Primeira Epístola de João: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. ... Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado.” 1 João 4:8, 12.
Essa exigência poderá, às vezes, parecer pesada responsabilidade de crescimento espiritual, mas é sempre dever que podemos cumprir: fazer o que necessita ser feito a serviço de nosso Pai-Mãe e no terno cuidado para com nosso próximo. Começamos a compreender a onipresença da Verdade divina à medida que demonstramos seu poder sanador e transformador em cada detalhe de nossa carreira humana. Em seu livro Não e Sim a Sra. Eddy escreve: “Reapareceu a Verdade como foi demonstrada por Jesus? Estudai e praticai a Ciência Cristã, e sabereis que a Verdade reapareceu. Aquilo que é demonstravelmente verídico não pode ser contestado; mas obter a letra e omitir o espírito desta Ciência não é a compreensão do seu Princípio, nem a prática da sua Vida.” Não e Sim, p. 28.
À proporção que examinamos nossos pensamentos e motivos, nossas palavras e ações, podemos avaliar com precisão o nosso progresso espiritual, perguntando-nos se ignorante, inadvertida ou deliberadamente negligenciamos o espírito da Ciência Cristã em qualquer circunstância. À medida que esse espírito ocupa cada recanto de nossos corações, inspira todas as nossas orações e impele em nós cada pensamento e ação, os pecados de omisão não poderão encontrar guarida em nosso viver. Tal pecado será visto como a débil mentira que é, e Cristo, a Verdade, reinará em nossa vida. Seguiremos compreendendo inteligentemente o Princípio divino e com bondade praticando a Ciência da Vida.
