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Orar com compreensão

Da edição de março de 1984 dO Arauto da Ciência Cristã


A oração atendida, conforme o entendemos na Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), não ocorre casualmente. Deus não atende às orações por acaso. A oração é uma rua de duas mãos. Para obtermos respostas às nossas orações, temos de dar algo também. Cristo Jesus orava e os Cientistas Cristãos esforçam-se para colocar na oração o que ele punha nela: pureza e consistência espiritual de cada pensamento e ato. Jesus não tinha de adquirir essas qualidades, pois estava dotado delas. Os mortais, porém, precisam alcançar a pureza e a consistência espiritual a fim de orarem como ele orava. Essa deveria ser a meta de todo cristão.

No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, diz-nos: “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta em que tudo é possível a Deus — uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor abnegado.” Ciência e Saúde, p. 1. Eis aí três requisitos: fé absoluta em Deus, e Jesus tinha tal fé; compreensão espiritual acerca dEle, e Jesus tinha essa compreensão; e amor abnegado, e não resta dúvida de que Jesus tinha esse amor.

Chegamos a ter fé absoluta em Deus quando O compreendemos tão bem que qualquer mistério a Seu respeito fique eliminado. Essa compreensão pode ser obtida pelo estudo da Ciência Cristã.

A grande dádiva que Mary Baker Eddy conferiu à humanidade incluiu a descoberta da natureza completa do supremo poder criador do universo, poder a que chamamos Deus. A Sra. Eddy, ao definir a palavra “Deus”, fez-nos compreender mais de Sua plenitude e de Seu significado. Impelida por sua natureza profundamente espiritual e seu amor a Deus, a Sra. Eddy pesquisou incansavelmente a Bíblia, procurando compreender o Ser Supremo.

Há, na Bíblia, muitos nomes ou termos, empregados em separado, para designar Deus, mas Sua totalidade, Seu poder absoluto e Sua presença constante foram esclarecidos pela Ciência Cristã. A pesquisa da Sra. Eddy levou-a a descobrir que toda realidade está incluída em Deus. Em Ciência e Saúde, nossa Líder pergunta: “O que é Deus?” e responde: “Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos.” Ibid., p. 465. Afirma também que esses termos são sinônimos e que se referem ao único e absoluto Deus.

Não podemos raciocinar corretamente em termos de Ciência Cristã, sem usar todos esses nomes de Deus. Estudá-los traz desenvolvimento sem fim do que significa a Vida, pois Deus é Vida. Tal estudo estimula o pensamento humano a pensar na realidade espiritual de todas as coisas e a compreender, assim, a irrealidade dos conceitos mortais ou carnais sobre a vida.

É básico à Ciência Cristã o ensinamento de que o Espírito constitui toda a substância; que, em conseqüência, coisas materiais ou carnais são insubstanciais. Ao ensinar isso, a Ciência Cristã, como religião cristã, está bem fundamentada. Jesus disse: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita.” João 6:63. Portanto, é de fato ensinamento cristão fundamental que só uma compreensão das coisas do Espírito pode esclarecer-nos o que é real e substancial. A Ciência Cristã proclama que os ensinamentos de Jesus são a verdade que o mundo sempre quis conhecer, a verdade da qual Jesus disse que ela iria nos libertar — libertar dos conceitos mortais e carnais acerca da vida.

Na oração o Cientista Cristão encontra o método de conhecer a verdade, ou seja, de compreender os fatos da totalidade do Espírito e da irrealidade da vida na carne. Desde a primeira leitura do livro Ciência e Saúde, aprendemos como orar de modo que a verdade se estabeleça em nossa consciência. Dito de forma simples, essa maneira de orar está em reconhecer, ou afirmar, os fatos de que Deus, o Espírito, é Tudo, e de que a relação do homem com Deus é a de Sua imagem e semelhança; e, então, negar a toda materialidade que faça parte da vida real. Essa oração é sistemática, lógica, cheia de significado e de propósito. Educa espiritualmente, estimula o desejo de crescer em graça, anima o desenvolvimento espiritual e apressa a demonstração. Acima de tudo, é devota. Não é mera recitação, fórmula ou exercício de autosugestionar-se para uma atitude mental melhor. Longe disso. O que a motiva é o desejo fervoroso de conhecer a Deus, de compreender o homem como semelhança de Deus e de conformar-se a esta semelhança — de ser digno daquilo pelo que se ora.

Esse modo de orar tem influência reformadora. Traz o renascimento, a purificação do eu carnal. Jesus disse a Nicodemos: “Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo.” João 3:7. Jesus pregava a reforma ou redenção da crença de vida na carne.

Nascer de novo é tornar-se espiritualmente iluminado. Alcançar iluminação espiritual requer esforço persistente, porquanto a mentalidade humana apega-se de forma tenaz a tudo o que é mortal e carnal. Oração sistemática é necessária para escancarar o pensamento humano e deixar entrar os fatos da realidade espiritual. Por meio de afirmação, negação e desejo puro, a luz da compreensão espiritual rompe através da crença mortal e modifica a consciência. Aí, os fatos espirituais da vida tornam-se sólidas convicções!

Orar com compreensão requer que raciocinemos e escutemos, enquanto oramos. “A razão é a mais ativa das faculdades humanas” Ciência e Saúde, p. 327., afirma o livro-texto. Num sentido muito real, a oração na Ciência Cristã inclui, em geral, o raciocínio — raciocínio a partir de uma base espiritual.

Por exemplo, ao afirmarmos em oração o que Deus é, tal como nos está revelado em Seus nomes sinônimos, percebemos que, como Deus é Princípio divino, Deus é Amor divino. Compreendendo isso, obtemos maravilhosos vislumbres de Sua natureza imparcial que a tudo inclui. A Bíblia diz, referindo-se a Deus: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.” Habac. 1:13.

Ciência e Saúde declara: “A razão, bem dirigida, serve para corrigir os erros do sentido corpóreo. ...” Ciência e Saúde, p. 494. Assim, raciocinamos, espiritual e cientificamente, que, porque Deus é a única causa e o único criador e é infinitamente bom e onipresente, não pode haver outro criador nem uma criação má. A Ciência Cristã também ensina que, porque Deus é a Mente divina, Deus tem de ser a fonte da verdadeira inteligência. Sendo Espírito, Deus tem de ser o Tudo-em-tudo da substância, sem nenhum elemento material. Percebemos, por esses simples exemplos, que há nesse tipo de oração possibilidades infinitas de obtermos compreensão mais ampla acerca de Deus.

Há, na Bíblia, muitos lembretes de “engrandecer o Senhor”, “salmodiar a Deus”, “bendizer o seu santo nome”. Isso constitui oração. Sem dúvida, não a faríamos sem pensar a respeito. É isso o que os Cientistas Cristãos fazem ao afirmarem em suas orações a totalidade de Deus. Pensam e ponderam a partir de uma base espiritual, ampliando sua compreensão de Deus.

Quer a pessoa tenha inclinações religiosas, quer não, há sempre um momento em seu desenvolvimento mental em que pergunta: “Qual é minha substância?” A Bíblia nos diz que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Que outro meio há de se aprender qual é a substância do homem se não o de compreender o que significa ser a imagem e semelhança de cada faceta da natureza de Deus? Esta compreensão, alcançamo-la se a desejamos com fervor e se oramos sistematicamente.

Por exemplo, como imagem e semelhança de Deus, o homem tem de ser a imagem e semelhança da Mente divina, inteligência infinita. Então, a substância do homem é Espírito, porque a Mente é o Espírito, nunca a matéria. Assim, o homem não é um mortal carnal: é completamente espiritual, sem elemento algum de matéria. Além disso, sendo a semelhança da Verdade, o homem é a imagem e expressão do Amor divino, pois o Amor é a Verdade. Quando afirmamos e ponderamos espiritualmente que o homem é a imagem e o reflexo da natureza completa de Deus — de cada um de seus aspectos — como no-lo revelam os Seus nomes sinônimos, a consciência humana eleva-se acima do conceito mortal acerca do homem como sendo doente, pecaminoso e mortal, e a natureza completamente espiritual do homem torna-se evidente.

Por serem pontos fundamentais no ensino da Ciência Cristã que o Espírito é toda substância e que a matéria é insubstancial por natureza, o livro Ciência e Saúde continuamente instrui o leitor a negar a realidade da matéria: tudo o que esta pareça ser e incluir. Essas negações fazem parte essencial da oração do Cientista Cristão. Negar o que a matéria parece ser fortalece a oração. Então compreendemos que não há inteligência na matéria porque a Mente divina é a única fonte da inteligência; não há substância material destrutível no Espírito indestrutível, a única substância; não há consciência baseada na matéria oposta à consciência espiritual, ou Alma; não há causa ou lei material oposta ao Princípio divino; não há mortalidade oposta à Vida eterna, Deus; não há verdade finita oposta à Verdade onisciente, Deus; nem amor real oposto ao Amor divino, Deus.

Por meio de tal oração, afirmando os fatos espirituais da Vida e negando a realidade da existência mortal, o pensamento humano ajustase à realidade espiritual. Tal oração elimina a estática da materialidade que procuraria interferir com a recepção clara da graça sanadora de Deus.

É útil ter método para orar porque parece que a mente humana só abandona pouco a pouco seus conceitos ignorantes e materiais a respeito da vida. Lemos em Isaías: “Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra: um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10. A Oração do Senhor dá-nos preceito sobre preceito. Quanto mais oramos a Oração do Senhor, mais sentimos seu poder curativo. Obtemos o máximo dessa oração quando, ao orar, raciocinamos de modo espiritual e sistemático.

Por mais que esse método de orar seja vital e importante para acelerar o desenvolvimento espiritual, a culminância da oração não está na argumentação, mas na pura concretização. O livro-texto da Ciência Cristã diz: “Lembra-te de que a letra e o argumento mental são apenas auxiliares humanos para ajudar a pôr o pensamento em concordância com o espírito da Verdade e do Amor, que cura o doente e o pecador.” Ciência e Saúde, pp. 454–455.

A oração por afirmação e negação, porém, é necessária até que possamos provar, por meio de demonstração segura, que não mais precisamos do método de argumentação.

Numa mensagem de 1896 enviada para A Igreja Mãe, a Sra. Eddy escreveu: “Uma coisa desejei muitíssimo e de novo peço ardentemente, a saber, que os Cientistas Cristãos, aqui e em toda parte, orem diariamente para o seu próprio bem, não verbalmente, nem de joelhos, mas mental, humilde e insistentemente.” Miscellaneous Writings, p. 127. E concluiu essa parte de sua mensagem dizendo a seus seguidores que grande crescimento na Ciência Cristã experimentariam.

Assim, a oração diária para si mesmo visa o crescimento espiritual, não apenas a cura de uma doença ou a solução de um problema humano. Ajuda-nos a obter e manter a elevação espiritual de pensamento que promove cura instantânea. Oração diária sincera dá confiança e firmeza. Dá-nos a certeza de que nossas orações serão adequadas para atender a cada necessidade.

A oração tem de ser feita com pureza crística de pensamento e propósito, com profunda sede da verdade, com o desejo de ser melhor, com a disposição de ceder a vontade humana à divina. Tudo isso nos fala de amor abnegado. Há muitos modos de sermos altruístas e sempre podemos saber se o estamos sendo ou não, examinando nossos motivos. Dispomo-nos a cultivar uma aptidão para ter as orações atendidas? Há o desejo de ser tão bom assim? Há vontade de ser digno daquilo que buscamos na oração? Essas são perguntas penetrantes. Todos os cristãos têm de trabalhar para serem verdadeiros seguidores do Mestre do cristianismo e para compreenderem o espírito-Cristo. Cristo Jesus mostrou, por seu exemplo e ensinamento, como sermos dignos do que pedimos em oração. Jesus orava! Pelo que sabemos, nunca ficou doente, mas orava. Orou durante a experiência da crucificação até chegar à completa percepção da totalidade do Espírito e da total irrealidade da vida na carne. Essa foi sua ascensão.

Cientistas Cristãos dedicados não oram apenas quando estão doentes. Oram todos os dias, a fim de progredirem espiritualmente. A Ciência Cristã é de fato uma religião de oração. Ensina-nos que a oração é nossa companheira constante. Cientistas Cristãos consideram seu dever e privilégio orar diariamente para si mesmos. Essa é a exigência de sua Líder. Aqueles que obedecem, ficam preparados para enfrentar, com confiança inspirada por Deus, os transtornos e as rupturas de tempos em mutação.

Para igrejas de todas as denominações religiosas as coisas parecem difíceis uma vez que o materialismo crasso, o egoísmo e a cobiça parecem intensificar-se e as pessoas parecem menos interessadas em valores espirituais. Mas o fermento da Verdade está em ação em todo o mundo. Segundo um hino do Hinário da Ciência Cristã, “Por entre as trevas, surge a luz;/Em meio ao mal, se vê o bem,/Que, pouco a pouco, nos conduz/No rumo certo para Deus.” Hinário da Ciência Cristã, n° 238. O Cientista Cristão dedicado mira-se no exemplo do Guia, Cristo Jesus; e, tal como sua Líder, ora sem cessar para acelerar o progresso da humanidade no sentido do Espírito. Toda oração que proclama a bondade de Deus e Seu poder onipotente é fermento para a consciência do mundo.

O que interferiria com oração diária proveitosa para si mesmo, para a igreja e para o mundo? Interesses divididos. Para vencer a constante atração da materialidade, precisamos de amor a Deus e auto-imolação; de autodisciplina forte e alerta para evitar que sejamos desviados da oração.

Fazer oração diária sincera é ter comunhão sagrada com Deus. É alimento espiritual. É abrigo contra o tumulto, santuário onde aprendemos a ouvir a voz de Deus, que nos guia rumo ao Espírito. É onde desponta a compreensão, despertando-nos para nosso verdadeiro ser.

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