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Paz em tempos difíceis

Da edição de março de 1984 dO Arauto da Ciência Cristã


Há um ditado que diz: “Se podes manter a calma quando todos ao teu redor estão apavorados, é porque não compreendes a situação!”

Cientistas Cristãos testemunham que, se compreendem a situação em profundidade suficiente — à luz da verdade do ser — isto não somente os ajuda a manter a sua própria calma mas também os capacita a ajudar aos que estão ao seu redor, trazendo, desta forma, a cura a situações discordantes.

Acontecimentos noticiados pela televisão, pelo rádio e pelos jornais indicam amplamente que estamos atravessando tempos difíceis e tempestuosos. O que podemos fazer a respeito? Como encontrar paz e harmonia? Como ajudar a situação mundial?

Em primeiro lugar, precisamos obter um ponto de vista diferente — um ponto de vista espiritual. Precisamos orar para ver as coisas como Deus as vê, em vez de partir do ponto de vista da “tormenta”. Ao compreendermos a totalidade e a perfeição de Deus, veremos a tormenta desarmoniosa como ilusão, como impostura. Mas enquanto tratarmos do problema com medo, encarando-o como real, estaremos sujeitos a sofrer por causa dele, e o mesmo sucede com o nosso mundo.

Por isso, oramos. Escutamos a voz de Deus, que acalma os nossos temores. Está claro que a necessidade é de nos refugiarmos na consciência da totalidade e perfeição de Deus e de nossa unidade com Deus como Sua idéia. Em comunhão com Deus, descobrimos que a beleza, a harmonia e a paz da Alma são a nossa harmonia, que o calor do Amor divino é o nosso amor. E descobrimos que a força do Princípio é a nossa força, quando mantemos esse ponto de vista.

Cientistas Cristãos atestam que esse conhecimento cristão da verdade anula as diversas pretensões do mal. E, mais ainda, à medida que a paz chega às nossas próprias situações atormentadas, e ficamos curados, ajudamos, na verdade, nossa família, comunidade e nosso mundo pelo testemunho individual que damos do Cristo, a Verdade.

Há alguns anos, durante a Segunda Guerra Mundial, passei por uma experiência que me demonstrou claramente como alguém pode encontrar paz quando todos em volta estão apavorados. E sei que a paz que expressei, assim como as minhas orações, contribuíram para o bem-estar e a segurança de todos os envolvidos na situação.

Eu era um jovem radioperador servindo na Marinha dos Estados Unidos da América num pequeno porta-aviões no Atlântico. Agíamos sob a escolta de navios torpedeiros, procurando submarinos inimigos. Nessa missão em particular, estávamos no Atlântico Norte em novembro de 1944. Em meio às operações normais fomos envolvidos por ventos fortíssimos que vieram a transformar-se num grande furacão.

Os ventos uivavam furiosamente, as horas passavam e nosso navio era jogado como se fosse um destroço. As juntas laterais ameaçavam partir-se. Havia no ar um constante bramido e as frágeis laterais ressoavam sob o impacto das ondas, como se fossem uma lata de azeite sendo amassada. Aviões de bombardeio e outras aeronaves estavam fortemente amarrados e foram providenciadas cordas para nos agarrarmos a fim de tornar possível a locomoção de um lado para o outro nas partes abertas do convés do hangar. Todo o navio estremecia e estalava tremendamente, ao mover-se por entre o que foi estimado serem ondas de vinte metros. Finalmente conseguimos dar uma guinada violenta e apavorante para tentar abrir caminho e sair da tormenta. Mas então a viagem tornou-se ainda mais difícil.

Fiquei apavorado com a cena, pois aquela era a minha primeira tarefa no mar depois de sair da escola naval. Por fim o medo terrível que envolvia a todos no navio tomou conta de mim. O boato que corria pelo nosso navio era o de que ficaríamos presos no furacão por quarenta e oito horas e que nosso navio não duraria mais do que as primeiras vinte e quatro. Além disto, dizia-se que ninguém conseguiria sobreviver mais do que alguns minutos nas águas geladas do Atlântico Norte. Quando terminei a vigília na cabina de rádio, desci para o meu beliche. Observei que o medo de que estávamos “liqüidados” havia afetado todos os que eu via. Ouvi dizer que os homens estavam fazendo fila no escritório do capelão. Outros se encontravam em seus beliches, alguns com as cobertas puxadas por cima da cabeça.

Tentei ler, na Bíblia, e no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, mas eu estava tão apavorado que não conseguia me concentrar no que estava lendo. Procurei sob o colchão e tirei um pequeno livro que me havia sido enviado. Continha histórias verídicas de pessoas cuja vida havia sido salva durante a guerra e que acreditavam na oração a Deus. Abri o livro no relato de um marinheiro inglês cujo navio havia sido torpedeado no Atlântico Norte. Tanto quanto me recordo, o marinheiro ficara numa pequena balsa salva-vidas nas águas geladas no mínimo por uma semana. Ele orou a Deus e sobreviveu, chegando com segurança à praia. Acalmei-me. Então lembrei-me destas palavras de um dos poemas da Sra. Eddy, musicado em hino:

Avisto sobre o bravo mar
O Cristo andar,
E com ternura a mim chegar,
E me falar.Hinário da Ciência Cristã, n° 253.

Em oração, procurei ouvir o Cristo “falar” e “vir a mim”, exatamente ali, no meio daqueles mares revoltos. Lembrei-me de ter aprendido na Escola Dominical da Ciência Cristã que Jesus, enquanto dormia numa pequena embarcação, durante uma tempestade, fora despertado pelos discípulos, os quais temiam que todos fossem afundar. Como a Bíblia diz: “E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança.” Marcos 4:39.

Então percebi uma idéia que tinha de ser uma intuição do amor e cuidado de Deus. Nunca a esquecerei: “O que você quer dizer com não poder sobreviver nestas águas? Se esta é uma experiência pela qual você tem de passar, você pode sobreviver, assim como o marinheiro inglês pôde, por meio da oração.” E com isto minha paz voltou e adormeci por mais ou menos uma hora. Para mim, a tormenta já passara! Acordei, fui para cima e, agarrando-me nas cordas pelo convés do hangar, desci até o desordenado e confuso refeitório. Fiz uma refeição e então, animadamente, apresentei-me para a vigília seguinte. Eu estava em paz, sabendo com alegria que seríamos salvos. Percebi que o pior já passara e que estávamos seguros. Naquela noite, um oficial em serviço, da minha divisão, que, ao contrário de sua natureza, estava bastante nervoso, passou a vigília na cabina de rádio comigo em vez de ficar no seu escritório. Percebi que ele fora tocado por minha paz e domínio. Cedo, pelas primeiras horas da manhã, estávamos fora da tormenta. Um amigo disse-me que vira um arco-íris de proa a popa sobre o navio, o que para ele simbolizara que estávamos salvos. Apesar de que a parte frontal do convés de decolagem tivesse ficado retorcida pela força das ondas, e me parecesse que o navio adernava, conseguimos retornar ao nosso ponto de partida. De lá, fui ao encontro da minha família durante uma licença muito alegre, por ocasião do dia de Ação de Graças.

Essa experiência ensinou-me grandes lições. Podemos encontrar segurança e paz em comunhão com Deus. Não importa o que enfrentamos, se com convicção nos volvemos a Deus, encontramos nossa necessidade suprida. O Amor divino nos conduz com êxito através das tormentas da vida, quer elas pareçam ser problemas familiares, profissionais, de saúde ou pessoais.

Talvez o que seja ainda mais significativo é que podemos fazer algo a respeito de nosso mundo, quando cedemos à Mente divina. Nessa maneira crística de pensar e apreender, é-nos possível conscientizarmonos tanto dos fatos divinos que estes se tornam aparentes num modo que todos os envolvidos podem compreender.

Estamos prontos para ajudar a curar nossas famílias, comunidades, nossa nação e o mundo? Temos a fé que Cristo Jesus exigia? Estamos crescendo na compreensão dos fatos divinos?

É-nos possível “ver o Cristo andar” em meio aos mares atormentados de nossos tempos, encontrar paz em Deus e dessa forma contribuir para a paz de todos. Podemos testemunhar da gloriosa e reanimadora presença de Deus, o reino dos céus, exatamente onde estamos. Esta elevação espiritual do Cristo dá mostra da realidade. É segura. É sanadora. É pacífica. E está aqui, conosco, agora mesmo. A Sra. Eddy, ao escrever a respeito de Cristo Jesus numa mensagem de Natal, disse: “A Verdade que ele ensinou e falou, vive e move-se em nosso meio qual inspiração divina. É assim que o Cristo ideal — ou infância, a masculinidade e a feminilidade impessoais da Verdade e do Amor — ainda está conosco.” Miscellaneous Writings, p. 166.

Substituindo pelo divino aquilo que era o nosso ponto de vista, podemos manter a calma quando todos ao redor a parecem estar perdendo e, desse modo, ajudamo-los a encontrar a cura, a paz e a harmonia.

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