Os detalhes de relatos sobre crianças que sofrem por formas de abuso chocam as pessoas escrupulosas pelo mundo a fora. A cada dia que passa, há maior divulgação, nos noticiários, deste tipo de crime.
Quem não deplorará o abuso e o mau trato de crianças? Em certos casos, a indignação avulta. A solidariedade para com a vítima pode tornar-se tão intensa que tende a aumentar o desejo de vingança.
Determinar a culpa e a punição é trabalho dos tribunais. Restabelecerá tal sentença, porém, o que sofreu abuso? Por si só, curará a comiseração os corações quebrantados e os corpos feridos? A sociedade faz bem em preocupar-se, pois os especialistas que examinam os agressores informam que estes, muitas vezes, sofreram abuso quando jovens. Será que a lastimável vítima de hoje destina-se a ser o agressor de amanhã?
A Regra Áurea oferece a saída para inverter-se essa tendência. Ser vítima da agressão alheia não precisa resultar em agressão a outrem. Deus revela a Si mesmo como Amor, e a justiça do Amor tem efeito restaurador para todos. Diz o Salmista: “O Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e de geração em geração a sua fidelidade.” Salmos 100:5.
Talvez parecerá difícil, em vista dos lamentáveis resultados do abuso, perceber que a verdade de Deus e Sua criação perfeita é demonstrável agora. Contudo, reconciliar-se o humano com o divino, em oração e crescimento espiritual, inevitavelmente trará a cura. Permanece sempre o fato de que a criação divina (inclusive o homem espiritual que, de acordo com as Escrituras, é criado à semelhança de Deus) é tão incapaz de acordo mal como de sofrer dano. Deus, o bem, não apóia nem a ocorrência, nem a repetição nem a lembrança do abuso. Por maior que pareça a distância entre o caso e a realidade espiritual, todos os envolvidos podem, assim mesmo, compreender e demonstrar a inteireza inviolável do homem. Esta é, na verdade, a nossa própria inteireza. Ao invés de haver uma geração de mortais a praticar abuso contra outra, pode vir a acontecer o que o Salmista proclama, ao referir-se a Deus: “Uma geração louvará a outra geração as tuas obras, e anunciará os teus poderosos feitos.” Salmos 145:4.
Cristo Jesus, o Filho de Deus, amou com ternura tanto os pequeninos como os adultos. Curou tanto os agressores da sociedade, como suas vítimas. Suas palavras: “Perdoados são os teus pecados” Lucas 7:48. comprovaram-se na cura da pecadora. Sua ordem: “Levanta-te ... e anda” João 5:8. pode ter parecido impossível ao homem preso ao leito atender. No entanto, o homem levantou-se e andou, curado. Da mesma forma, não duvidemos do que Jesus prometeu a seus seguidores: “Nada absolutamente vos causará dano.” Lucas 10:19. Podemos estar certos de que o eterno Cristo, a Verdade que Jesus exemplificou, está na plena posse de seu poder para fazer com que a promessa se cumpra hoje. O Cristo é a mensagem de Deus para a humanidade.
Assim que, com nosso estudo e prática, aceitamos em nossa vida a mensagem de Deus, esta começa a apagar, no âmbito de nossa experiência, as feridas e cicatrizes físicas, morais e espirituais que tendem a marcar e a perseguir as vítimas do abuso. O Cristo defende com coragem os inocentes, da fúria e da animalidade. E, com a compreensão e a demonstração espiritual do Cristo, a Verdade, as pessoas são curadas; sua perfeição e pureza — imperturbadas e intatas na verdadeira identidade do homem — são restauradas.
A lei de Deus pune o culpado até que haja arrependimento completo, pois o Cristo revela que o homem ideal de Deus nem abusa nem sofre abuso. A Sra. Eddy, Descobridora da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss), escreve: “Esta é a lei da Verdade com relação ao erro: ‘Certamente morrerás.’ Esta lei é energia divina. Os mortais não podem impedir o cumprimento de tal lei; ela se aplica a todo pecado e seus efeitos.“ Miscellaneous Writings, p. 208.
Mais ainda, aquele que abusa de crianças deve corrigir-se de seu crime e é o que finalmente fará. Jesus ensinou que o mal “é mentiroso e pai da mentira” João 8:44.. À luz da Ciência do Cristo vemos que há, basicamente, um só malfeitor que todos precisamos enfrentar. Esse malfeitor é a crença, errônea, de que o mal tenha realidade e poder. É responsabilidade de cada um de nós vencer o mal: o ódio, o ressentimento, a vingança, bem como o medo e a mágoa. Cada um de nós deve tomar posição firme a favor da verdade, da realidade de que há um único poder, Deus, o Todo-Poderoso. O mal sugere existirem motivações ou força de vontade em separado da Mente única, o Amor irreversível; sugere haver inocência separada, de certa forma, da segurança que a Alma divina proporciona. A Ciência, porém, pergunta: Pode algum delito desviar-se, ou escapar, do castigo pertinente ao mal, se considerarmos que Deus, o bem, é, na verdade, Tudo-em-tudo?
A Ciência Cristã ensina que a vontade de Deus é saúde, harmonia e alegria para todos. A Ciência ensina como exercer a autoridade da vontade divina, como silenciar motivos malévolos antes que se transformem em atos maléficos; como demonstrar a justiça divina de forma tangível. E a prática da Ciência Cristã cumpre a promessa bíblica: “Eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das cousas passadas, jamais haverá memória delas.” Isaías 65:17.
Os “novos céus e nova terra” emergem com o renascimento espiritual individual do “novo homem”, a quem o Apóstolo Paulo se refere, e do qual todos participamos. Este novo homem, ou o homem real, a nossa verdadeira natureza, não é nem adulto nem criança, mortal maduro nem imaturo. O homem é eternamente completo e perfeito. O homem reflete, com imparcialidade, o Amor inefável, e nele está envolto em segurança.
Como a manifestação do Cristo para esta época, a Ciência Cristã proporciona-nos a oportunidade de despertarmos espiritualmente aqui e agora — e compreendermos, passo a passo, que a individualidade espiritual do homem está isenta de mal. Muitos Cientistas Cristãos estão ativos em despertar a si mesmos e a outros — primeiro para abrir os olhos às pretensões do mal, e, depois, para superá-las. Um exemplo de como certa Cientista Cristã auxiliou seu país pode ser encontrado no artigo à página 561 deste Arauto.
Ciência e Saúde estabelece o ponto primordial a ser enfrentado pela sociedade afim de resolver a exploração de seus jovens: “A humanidade precisa aprender que o mal não é poder. Seu pretenso despotismo é apenas uma fase do nada. A Ciência Cristã desmantela o reino do mal, e promove no mais alto grau, a afeição e a virtude nas famílias, e portanto, na comunidade.” Ciência e Saúde, pp. 102–103.
Todos são amados de Deus. A proteção de Seu Cristo está disponível a todos. Mesmo que os meios humanos de proteção venham a falhar e mesmo que alguém seja considerado por demais empedernido ou jovem demais para estar consciente da mensagem do Cristo na Ciência, ainda assim, a missão do Cristo está sempre ativa e inclui a todos.
Nenhum ser humano pode ser tão brutal que não possa ser redimido pelo Cristo, o Redentor divino. E nenhum ser humano pode ter sido a tal ponto brutalizado que não possa ser restabelecido pelo Cristo, o Restaurador celestial. Nem pode algum ser humano ficar a tal ponto irado que não consiga discernir que é também dele a responsabilidade de trazer à luz o céu na terra, reivindicando, em espírito de oração, o socorro do Cristo e o restabelecimento, por meio do Cristo, de todo aquele que esteve envolvido em casos de abuso.
 
    
