Estas palavras da Bíblia são muito conhecidas: “Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” 1 João 4:16. Mas seriam tão conhecidas que não mais ouvíssemos o que estão dizendo?
Muitas pessoas acreditam que Deus é bondoso, que ser bom é uma de Suas qualidades e que, portanto, os seres humanos deveriam ser bondosos. Quando o são, sentem-se mais perto de Deus.
Não resta dúvida de que essa maneira de pensar tem sido proveitosa às pessoas no transcurso dos séculos. Mas, quando nos detemos a examiná-la com maior cuidado, podemos ver que ela provavelmente não transmite a visão radical dos primórdios do cristianismo. Não inclui nada de novo nem é diferente o suficiente para haver realizado a cura de doentes e promovido a ressurreição de mortos — obras de cura tão naturais a Jesus e a seus seguidores.
Um dos comentários bíblicos sobre a conhecida frase “Deus é amor”, ressalta: “Amor não é mero atributo de Deus, é Seu próprio Ser.” J. R. Dummelow, The One-Volume Bible Commentary (Nova Iorque: The Macmillan Co., 1936), p. 1057. Isto coloca-nos muito mais perto do âmago da questão. É-nos possível começar a compreender como a revelação referente a tal Deus produziu o poder espantoso encontrado no cristianismo original.
Estava evidente a Mary Baker Eddy, quem descobriu e fundou a Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), que a declaração de João incluía muito mais do que se costumava entender. A Sra. Eddy explica em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Uma palavra mal colocada altera o sentido e expõe inexatamente a Ciência das Escrituras, como, por exemplo, citar o Amor como simples atributo de Deus; mas podemos, pelo uso especial e apropriado de maiúsculas, falar do amor do Amor, exprimindo com isso o que o discípulo amado exprimiu numa de suas epístolas quando disse: ‘Deus é amor’.” Ciência e Saúde, pp. 319–320.
O Amor divino que ela viera a conhecer e cujos resultados vira em portentosas obras de cura similares àquelas dos primórdios do cristianismo, está para o amor humano assim como a luz solar está para uma chama de lampião. Por certo estão relacionados, mas as diferenças são fantásticas. Este Amor infinito, percebeu ela, é supremo, não está contido em nada mais nem sofre ação de alguma outra coisa. Constitui o próprio Princípio do universo. Escreve ela: “Jesus ajudou a reconciliar o homem com Deus, dando ao homem um conceito mais verdadeiro do Amor, o Princípio divino dos ensinamentos de Jesus, e esse conceito mais verdadeiro do Amor redime o homem da lei da matéria, do pecado e da morte, pela lei do Espírito — a lei do Amor divino.” Ibid., p. 19.
Com sua descoberta deste Amor, a Sra. Eddy fez com que Deus ficasse definido de forma nova para a humanidade, e não intencionou reenquadrar a descoberta nos pontos de vista tradicionais acerca de Deus. O resultado foi que, pela primeira vez em quase dois mil anos, a religião cristã passou novamente a curar de modo contínuo. Curas de toda gama de males humanos, desde casos de invalidez aos de doenças supostamente fatais, passaram a resultar dessa nova consciência do Amor. No capítulo “A Oração”, em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy indica por que isto passou a acontecer. “Se rogamos a Deus como se Ele fosse uma pessoa corpórea, vemo-nos impedidos de abandonar as dúvidas e os receios humanos que acompanham tal crença, e assim não podemos apreender as maravilhas operadas pelo Amor infinito, incorpóreo, ao qual tudo é possível.” Ibid., p. 13.
Mas, ao nos vermos face a face com o Amor divino — uma experiência que ultrapassa tudo o que possamos ter percebido anteriormente — somos sustentados por uma nova compreensão, de modo que podemos abandonar mais prontamente dúvidas e temores. Conhecer ainda que um pouco do Amor divino, que é a fonte de todo o amor altruístico que já sentimos na vida humana, é ficar deslumbrado — e sentir-se amado por Deus. Faz-nos cessar de querer informar Deus a respeito de nossos problemas, e, antes pelo contrário, induznos a ficar calados, a ouvir, a ver, a aprender! Entendemos pouco a pouco que o Deus a quem estivemos orando é o próprio Amor que já está em ação, que já existe e não há lugar em que este Amor infinito não se encontre presente.
Assim como aconteceu com João, Pedro, os outros discípulos, e Paulo, o reconhecer que o Amor é Deus modifica inevitavelmente as impressões que temos, de que a doença e o mal sejam algo desesperadamente perigoso e irresistível.
Da mesma forma que eles, nós também podemos adquirir a convicção de que não é possível que esse Amor coexista com a doença ou o mal. E de fato não coexiste! Quando estamos conscientes da totalidade do Amor divino, orando de maneira a afirmar a presença total de Deus, o Amor, e a rejeitar a presença de qualquer coisa dessemelhante do Amor, constatamos que o que não é consonante com o Amor começa a desaparecer de nossa experiência. Há cura de doenças e livramento do mal mediante este tipo de oração! E também somos levados a ver mais daquilo que o homem realmente é, homem esse que vive no Amor e com esse Amor infinito que é Deus.
Talvez aquilo que se faz necessário acima de tudo é um novo abrir do pensamento e do coração, aquelas qualidades de criança, a pureza e a humildade a que Cristo Jesus animava com insistência. Só isto nos capacita a estarmos face a face com a realidade do Amor e a acolhermos algo da realidade espiritual desse Amor.
Todos tendemos a introduzir na palavra “Deus” o nosso próprio conceito humano. E, provavelmente, cada um de nós precisa que haja uma abertura em seus conceitos e que estes sejam ampliados. Afinal, se nosso conceito acerca de Deus não é muito amplo, nossa oração não começa com muita expectativa. Mas, se nossa oração, todo o nosso desejo sustentado por nossas ações e nossa vida, significa reconhecer e evidenciar mais da presença do Amor infinito, temos o ponto de partida do qual precisamos. Como a Sra. Eddy escreve: “A profundidade, a largura, a altura, o poder, a majestade e a glória do Amor infinito enchem todo o espaço. Isso é o bastante!” Ibid., p. 520.
É este o ponto de partida do cristianismo de Cristo Jesus e da Ciência Cristã. E ele faz diferença enorme. Resulta em cura.
