Para os hebreus dos antigos tempos bíblicos, a água era um elemento vital. A terra era árida e a água era tão preciosa e importante que naturalmente tornou-se símbolo expressivo em sua cultura e vida religiosa.
Na época do Novo Testamento, João Batista praticava amplamente o batismo com água como rito de purificação, a indicar simbolicamente o arrependimento da pessoa. No entanto, o próprio João apontou para um conceito de purificação mais elevado e mais espiritual, ao falar na missão do Salvador. Segundo João, o Messias viria, batizando “com o Espírito Santo e com fogo” Mateus 3:11..
Em seu ministério inigualável, Cristo Jesus, com constância, venceu a tentação, destruiu o pecado e curou doenças pelo poder regenerador do Espírito onipotente. O que o Messias trazia às pessoas não era apenas outro rito ou cerimônia religiosos, mas o amor profundo e redentor de Deus. Trouxe a espada da Verdade divina ao erro e limpou corações e vidas de crenças e práticas pecaminosas. Jesus de fato batizava com o Espírito Santo. Graças a seu exemplo, descobrimos a necessidade de purificação contínua em nossa própria experiência, hoje em dia.
A Ciência Cristã não ensina batismo ritualístico com água, mas exige o batismo da purgação espiritual. Chama-nos a nos arrependermos e a aceitarmos o batismo do Espírito Santo que se realiza durante toda a nossa vida, de momento a momento, dia por dia, ano após ano.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras Mary Baker Eddy assim define “batismo”: “Purificação pelo Espírito; submersão no Espírito”, citando, em seguida, a Paulo: “Preferimos ‘deixar o corpo e habitar com o Senhor’. (2 Coríntios 5:8.)” Ciência e Saúde, p. 581.
Esse é o batismo que Cientistas Cristãos adotam e que faz parte crucial de sua prática e adoração religiosas. Encaram-no como o cumprimento dos ensinamentos de Jesus. Mais do que um evento que se dá uma só vez, essa purgação contínua de pecado, erro, crenças falsas, é essencial à demonstração da cura cristã e à elaboração de nossa salvação.
A humanidade está de contínuo sob o cerco da influência corruptora da mente carnal, que supõe ser a essência da vida fundamentalmente material. A consciência humana não redimida crê que se encontre satisfação e bem-estar apenas nas coisas da matéria. Ora, essa visão da vida leva a um beco sem saída. O materialismo não leva a nada. Seu efeito é óbvio: erosão de valores morais, perda de respeito próprio, sentimento de inutilidade pessoal, o que parece às vezes vigorar tanto na sociedade de hoje.
A resposta a uma visão de vida tão flagrantemente sem esperanças é encontrada por toda pessoa no sentido espiritual do batismo e na luta diária de abandonar o padrão de vida da materialidade. A espiritualidade tem de ser procurada, acalentada, nutrida. É pela purificação espiritual que o Cristo, a Verdade, limpa motivos e desejos, e eleva a consciência humana a uma compreensão inspirada quanto ao relacionamento genuíno entre o homem e Deus.
O batismo do Espírito Santo, como a Ciência Cristã o apresenta, revela ao nosso sentido espiritual que, na verdade, somos a pura semelhança de nosso Criador. O homem é, de fato, o reflexo espiritual de Deus. Aprendemos que cada um de nós é indispensável e precioso a Deus, cumprindo nosso propósito no grandioso plano que o Pai tem para Sua criação. Aprendemos do amor imensurável de Deus por todos os Seus filhos e sentimos esse amor. Assim é que encontramos satisfação real, valor genuíno, saúde perene e paz segura.
Num artigo em seu livro Miscellaneous Writings, a Sra. Eddy descreve três estágios do batismo em sua aplicação metafísica. Vemos em cada um desses estágios a influência transformadora e curativa que o Cristo exerce na consciência individual. A Sra. Eddy estabelece:
“Primeiro: O batismo de arrependimento é de fato um estado de comoção da consciência humana, no qual os mortais obtêm vistas severas de si próprios; um estado da mente que rasga o véu que esconde a deformidade mental. Lágrimas inundam os olhos, a agonia luta, o orgulho rebela-se e o mortal parece um monstro, uma nuvem escura e impenetrável de erro; e, caindo de joelhos em oração, humilde ante Deus, grita ‘Salva-me, ou pereço!’ Assim a Verdade, sondando o coração, neutraliza e destrói o erro. ...
“Segundo: O batismo do Espírito Santo é o espírito da Verdade, que limpa de todo pecado; que dá aos mortais novos motivos, novos objetivos, novas afeições, todos apontando para o alto. Este estado mental se assenta na fortaleza, liberdade, na fé profunda em Deus; e numa marcante perda de fé no mal, na sabedoria e nas normas humanas, nos meios, métodos e atos humanos. ...
“Terceiro: O batismo do Espírito, ou a imersão final da consciência humana no oceano infinito do Amor, é a cena final no sentido corpóreo. Esse ato onipotente deixa cair a cortina sobre o homem material e a mortalidade. Depois disso, a identidade ou consciência do homem reflete só o Espírito, o bem, cujo ser visível é invisível aos sentidos físicos. ...” Mis., pp. 203–205.
Que alegria cada dia traz, quando esperamos contínua e progressiva purificação em nossa vida, um sentimento mais elevado de nosso verdadeiro propósito, uma dedicação renovada às coisas do Espírito. Isso é o que o sentido espiritual de batismo oferece. Ninguém tem de olhar para trás com tristeza, tentando recapturar a perdida sensação de um evento singular em sua vida que representava dedicação a Deus. Revigoremo-nos espiritualmente agora e a cada dia, com o sincero desejo de ser batizados, de contínuo, pelo Espírito Santo. Passo a passo, abandonamos desejos e confianças meramente materiais. Encontramos todo o bem em Deus, o Espírito ilimitado. Somos transformados, renovados, redimidos, curados.
