Notei que, ao pressentir perigo, um passarinho que está no chão imediatamente levanta vôo. Se vê um gato aproximar-se, o passarinho não fica aguardando para ver se o gato tem más intenções ou se está só de passagem. Por instinto, sobe a uma posição mais alta e assim obtém melhor perspectiva e controle da situação.
Se o leitor está buscando cura pela Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), o passarinho ensina uma lição útil. Com muita freqüência ficamos mentalmente no chão, dialogando com o pecado ou com a doença que se aproximam. O inimigo pode pegar-nos e temporariamente subjugar-nos, se não nos elevarmos a uma posição mais alta. O elevar-nos requer estudo, oração e prática.
Essa posição ideal está descrita por Mary Baker Eddy, quem descobriu e fundou a Ciência Cristã, em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O ponto de partida da Ciência divina é que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo, e que não há outro poder ou outra Mente — que Deus é Amor, e por isso, Ele é Princípio divino.” Ciência e Saúde, p. 275.
Só nos é preciso aceitar tal ponto de partida. Deus, o Amor, dá-nos a habilidade de ver e sentir Sua totalidade. Desperta-nos para que percebamos nossa capacidade de ficar acima do assalto do mal. Deus dá-nos inteligência e humildade para volvermo-nos a Ele, em oração, e alcançar cura.
Quando começamos a procurar a cura ponderando a evidência física à nossa frente (ou seja, no nível do chão), sem querer pomos Deus em segundo lugar e o problema em primeiro. Embora isso seja melhor do que deixar Deus como último recurso, haverá cura mais rápida se partirmos desta premissa: compreender Deus.
Tal compreensão espiritual precisa sempre renovar-se, não permanecer estática. Por exemplo, hoje o leitor talvez pense em que Deus anima o homem. Deus dá vida, cor, forma e ação ao homem, a cada instante da eternidade. (O amanhã pedirá outro vislumbre da Divindade!)
Quando começamos nossa oração, em prol da cura, com percepções inspiradas e sinceras da natureza do criador, chegamos a conclusões corretas quanto à natureza da criação. Começando com o fato de que Deus é o único a animar o homem, nossa vida tem de expressar atividade correta, beleza e saúde. Isso é lógico, já que Deus, o Amor divino, não conhece, reconhece nem anima doença ou limitação. Se o fizesse, estaria destruindo Sua própria criação!
A totalidade de Deus também é o ponto de partida das Escrituras inspiradas. O primeiro capítulo do Gênesis descreve o homem como feito à “imagem” e “semelhança” de Deus, como “muito bom” e possuindo “domínio”. Quando nos atemos com fidelidade a esse ponto inicial, concluímos que o homem criado por Deus está totalmente imune ao pecado e à doença. Ora, se aceitarmos a premissa oposta, de que Deus anima o bem e o mal para competirem entre si (o segundo capítulo do Gênesis apresenta essa falácia), concluímos tristemente que há no homem um campo de batalha para a doença e a saúde, o pecado e a santidade.
Cristo Jesus demonstrou a força curativa que vem de reconhecermos a premissa errada, descrita de modo tão útil em Gênesis 2. Ao chegar à casa de Jairo, encontrou uma multidão chorando a morte da filha de Jairo. Jesus declarou: “A criança não está morta, mas dorme.” Marcos 5:39. A essa conclusão só se poderia chegar, começando-se com a compreensão de que Deus, o bem, é o único e eterno animador do homem, como Gênesis 1 indica. Os que partiram da evidência física da morte “riam-se dele” Marcos 5:40.. Nenhuma conclusão cientificamente cristã a respeito de cura emerge da premissa de que Deus cria tanto o bem como o mal, a vida como a morte.
Ciência e Saúde indica: “A lógica humana se desnorteia quando tenta tirar da matéria conclusões espirituais corretas, relativas à vida.” Ciência e Saúde, p. 300. Temos, então, de começar a cura com o Espírito, Deus, e não com a matéria. Como o diz Ciência e Saúde: “Temos de inverter o rumo dos nossos fracos adejos — nossos esforços por achar vida e verdade na matéria — e elevar-nos acima do testemunho dos sentidos materiais, acima do mortal, até a idéia imortal de Deus.” Ibid., p. 262. Veremos que “a idéia imortal” faz-se influência sanadora em todas as áreas da experiência humana, à medida que nos esforçamos por atingir pontos de vista mais elevados.
Suponhamos que alguém esteja pensando em comprar uma casa, ou em casar-se, ou, ainda, em mudar de emprego. Mais uma vez, é crucial escolher o ponto de partida correto. Se começarmos com uma análise detalhada dos prós e contras evidentes de uma situação, ficamos como o passarinho no chão, avaliando o gato. Se formos sábios, começaremos com a única e grande causa, a Mente divina, ao invés de partirmos do efeito. Volvemos-nos ao fornecedor, o Espírito infinito, a fim de compreender e demonstrar suprimento adequado. Não dependemos da “criatura, em lugar do Criador” Romanos 1:25.. Harmonia, alegria e progresso nos pertencem quando começamos com Deus e permanecemos com Deus. Tentar resolver as coisas com nossa própria sagacidade seria como o pássaro depender de seu bico e garras para livrar-se do gato.
O mal pretende caçar quem não está alerta. Com sutileza, pretenderia embair-nos, para que acreditássemos que tudo está bem quando há perigo iminente. Que aceitássemos o mal como fazendo parte normal da vida. Ora, o mal vai desaparecendo quando nos elevamos “acima do mortal, até a idéia imortal de Deus”.
Onde e quando quer que o mal surja, podemos contradizê-lo. Foi isso o que Jesus fez, ao afirmar: “A criança não está morta. ...” Este processo de contradizer o quadro físico caótico é característico da cura pela Ciência Cristã. Ciência e Saúde explica: “A Ciência inverte de tal maneira a evidência que está diante dos sentidos humanos corpóreos, que em nossos corações torna-se verdadeira esta declaração das Escrituras: ‘Os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos’, a fim de que Deus e Sua idéia sejam para nós o que a divindade realmente é e necessariamente tem de ser — aquilo que tudo inclui.” Ciência e Saúde, p. 116.
As negações mentais e orais da evidência física têm de vir de uma aceitação sincera de tudo o que consta em Gênesis 1. Então, e só então, nossa negação das evidências corpóreas discordantes torna-se potente afirmação dos fatos divinos. Em dizer “não estou doente” só há impulso curativo quando abraçamos a realidade de que Deus fez, ao homem, não doente, mas “muito bom”. Negar realidade ao mal por causa da totalidade de Deus é sempre útil.
Há ocasiões, porém, em que a evidência física parece tão esmagadora que é quase impossível começar com Deus e, logo, contradizer o quadro do mal. Sob tais circunstâncias, é bom orar em prol da nossa oração, o que poderá incluir a humilde petição por visão e coragem para começar com o Espírito, ao invés de começar com a matéria, com a Verdade, ao invés de com o erro. Podemos orar com algum versículo das Escrituras que servirá para relembrar-nos da supremacia de Deus e da dependência do homem: “Pai ... não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” Lucas 22:42.; ou: “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo homem.” Romanos 3:4.
Começando com Deus, ainda que timidamente, encontramos o caminho certo para a cura. Ao longo dessa vereda, Deus revela-nos nossa identidade como Sua imagem e semelhança. Deus nos abençoa com Sua autoridade para inverter os decretos injustos do mal. Dá-nos a inspiração de que precisamos para curar com o Espírito e não com a matéria.
 
    
