Manter-se “frio”, quando sob pressão, pode parecer disciplina rígida para quem não conhece a naturalidade sublime da calma. A Bíblia oferece esse conhecimento. Ensina que Deus cria o homem na Sua semelhança; portanto, a verdadeira identidade de cada pessoa reflete a quietude divina.
Na verdade, nada existe que possa perturbar ou inquietar a criação totalmente harmoniosa de Deus. Deus não causa o mal, a turbulência ou o mal-estar, nem coexiste com estes. Deus, o único criador, é puramente bom e Sua criação está perfeitamente em paz. Natural a Deus, a Mente divina, o Espírito, a Verdade, o Amor, a calma não é algo precário; é intrínseca ao homem espiritual, a semelhança de Deus — a sua e a minha verdadeira identidade.
Podemos despertar para essa calma celestial, defendendo nossos pensamentos contra as sugestões intrusas de haver outro criador que não seja Deus ou de haver uma criação separada de Deus. À proporção que entendemos que só o bem é verdadeiro, damo-nos conta da presença sagrada de uma calma imperturbável. E, à medida que continuamente escolhemos permanecer imperturbados, sentimos os efeitos sanadores contínuos notados por Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Ela escreve: “A mentalidade humana, expressa em doença, pecado e morte, em tempestade e inundações, é acalmada e limitada pela Mente divina com uma única palavra.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 106.
Cristo Jesus, que mais do que qualquer outro homem sobre a terra reivindicou a Mente divina como a Mente única, exemplificou a calma dessa Mente e demonstrou seus efeitos apaziguantes. Quando um temporal agitava o barco em que ele e os discípulos navegavam, ameaçando fazê-lo soçobrar, Jesus dormia calmamente. Os outros, temerosos por suas vidas, despertaram-no. “E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança.” Marcos 4:39. Então seguiram sem tropeços para o seu destino.
Mais tarde Jesus disse aos seus seguidores: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14:27. E, tal como Jesus o prometeu, o Cristo, o ideal eterno, incorpóreo, que ele exemplificou, está sempre presente para revelar e restaurar a calma ao cenário humano. A calma espiritual que o Cristo traz não é apenas uma calmaria momentânea com que o mundo consente de vez em quando. É uma serenidade interior, permanente, sustentada por Deus, e que nos dá a capacidade de estabelecer e manter um curso firme de discipulado cristão. É a resposta do Cristo ao apelo humano para livrar-se da movimentação que é mera comoção, e passar a expressar realizações significativas.
A calma cristã é inerente à verdadeira identidade de cada um de nós, e podemos reivindicar essa calma e vivenciá-la. O turbilhão é um sentido falso, geralmente sofredor, uma crença errada de haver inteligência, vida e substância separadas de Deus. Ao despertarmos espiritualmente e compreendermos a realidade, Deus e Suas idéias, esse falso sentido desaparece. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz: “Os sentidos do Espírito são isentos de dor e estão para sempre em paz. Nada pode ocultar deles a harmonia de todas as coisas ou o poder e a permanência da Verdade.” Ciência e Saúde, pp. 214–215.
A Sra. Eddy compreendia de tal modo a Ciência do Cristo por ela descoberta, a lei divina subjacente às demonstrações de Jesus, que pôde demonstrar para si e para outros a qualidade divina da calma. Um jornal de Boston, certa vez, publicou um relato de uma dessas demonstrações de calma.
O jornal informou que a Sra. Eddy foi chamada à casa de um homem que sofria de enterite e de constipação intestinal. Dois médicos acabavam de sair da casa, certos de que o paciente estava morrendo. De acordo com o jornal, o homem se contorcia, “usava linguagem violenta e quase blasfemava contra Deus”. Ainda assim, a Sra. Eddy não deve tê-lo considerado incapaz de ser receptivo à cura espiritual. Ela “lhe pediu que parasse com aquilo, e disse: ‘Se o senhor se acalmar, posso curá-lo.’ ”
O paciente fez tal como ela evidentemente sabia que ele podia fazer e faria. Acalmou-se e foi completamente curado num único tratamento em oração. O jornal ainda comunicou: “Por mais notável que fosse a cura física daquele homem, ainda mais digna de nota foi a transformação de seu pensamento e de sua vida.” Começou a manifestar afeto pela família, algo que nunca antes havia feito. Mais tarde, a mulher dele disse à Sra. Eddy: “ ‘Oh, quanto lhe agradeço por restabelecer a saúde de meu marido, porém sou grata principalmente pelo que lhe fez moral e espiritualmente.’ ” Irving C. Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1966), pp. 48–49.
Claro, o homem que foi curado não tinha o monopólio da calma que lhe sobreveio. Também nós podemos sentir e usufruir essa quietude tão sagrada, que pode ser encontrada mediante o estudo e a prática da Ciência Cristã, a revelação da Verdade pelo Cristo a esta época. A Sra. Eddy escreve. “Ó gloriosa esperança! resta um repouso para os justos, um repouso em Cristo, uma paz no Amor. Pensar nisso acalma os queixumes; o levantamento da rebentação no tempestuoso mar da vida desfaz-se em espuma, e por baixo há uma paz profundamente assentada.” Message to The Mother Church for 1902, p. 19.
A Ciência Cristã expressa a onipotência de seu poder de curar onde quer que seja recebida com humildade. Porque a Ciência é o que as Escrituras chamam de “o cicio tranqüilo e suave” da Verdade, é mais claramente ouvida e atendida em calma sagrada. Portanto, a grandeza da calma assenta na sua união com a Verdade, sua receptividade ao progresso espiritual. Na proporção em que compreendermos a necessidade divina de haver progresso infinito, poderemos demonstrar a eterna realidade da calma.
