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Época de transição

Da edição de agosto de 1985 dO Arauto da Ciência Cristã


É de transição a época atual. Verificam-se rompimentos com a autoridade e com disciplinas impostas. Em resultado do rompimento dessa velha ordem estabelecida manifesta-se muitíssimas vezes um vazio, e, como a disciplina imposta não foi substituída pela autodisciplina, tem-se geralmente a impressão de que a disciplina deixou de existir. A liberdade, que é realmente a autonomia de fazer o que se deve em vez de o que se quer, vê-se utilizada mais como licenciosidade. Ainda que boa parte das práticas religiosas formais tivesse desaparecido, isso não veio a ser necessariamente sucedido por uma consciência mais elevada daquilo que Cristo Jesus tinha em mente, quando disse: “O reino de Deus está dentro em vós.” Lucas 17:21. Indica-o a tendência de cada um dar suprema consideração a si mesmo, com todo o desequilíbrio, daí proveniente, entre deveres e privilégio, direito e responsabilidade, dar e receber.

Por outro lado, com muita freqüência o vazio está sendo ocupado por elementos perturbadores. Continua desenfreada a anarquia política e a industrial, aumenta o poder de coação de pequenos grupos sobre outros, parecem predominar o ódio, a inveja, a suspeita e a ganância, e quase se confundem o idealismo e o oportunismo.

Logicamente, alguém poderia dizer, isso é generalizar. Fios de compaixão, solicitude e idealismo entrelaçam-se na contextura da sociedade tanto agora como outrora. Mas, não existirá, por trás das crises políticas, sociais e econômicas que nos confrontam, alguma decadência moral mais profunda?

A Sra. Eddy descreve de modo sucinto o que acontece quando antigas normas são removidas e ainda não se identificam as novas diretrizes: “Os mortais precisam emergir dessa noção de que a vida material seja tudo-em-tudo. Precisam romper suas cascas de ovo mediante a Ciência Cristã e olhar para fora e para cima. Mas o pensamento, libertado de uma base material sem ainda ter sido instruído pela Ciência, talvez fique desatinado com essa libertado e se torne contraditório para consigo mesmo.” Ciência e Saúde, p. 552. Portanto, há duas perguntas a fazer. A primeira: Como se libertará o pensamento cada vez mais dessa noção material, sem incorrer num rompimento da lei moral e da ordem? A segunda: Numa época de crise evidente, qual será a força que refreará o crime?

A resposta à primeira pergunta reside em ver-se a natureza real das modificações que já estão acontecendo. Nosso ponto de partida é reconhecer que a única coisa que ocorre na realidade é a Mente a se revelar. A iniciativa e o impulso para mudanças produtivas só pode vir da única fonte, a Mente; e a Mente é refletida pelo homem e pelo universo. Não existem dois universos, o espiritual, e o material. O que parece ao sentido humano um universo material é simplesmente a afirmação errônea acerca da realidade espiritual. Se interpretamos que as sublevações sociais são a mera ação de mortais a desfazerem-se de cadeias impostas a eles por outros mortais, e se pensamos que esse processo foi iniciado pelo simples esforço humano, então a experiência que disso resulta talvez venha a conter os defeitos da atividade puramente humana, ou seja, o dualismo, a limitação, a resistência e a reversão. Não é possível endireitar os problemas da mente humana com os materiais que esta fornece.

Se, por outro lado, compreendemos que o que está vindo à tona, ainda que só tenuemente percebido, é o fato espiritual fundamental que faz desaparecerem os conceitos errados a seu respeito, então emergirão em nossa experiência as qualidades do Espírito: pureza, integridade e a força irresistível do bem. No primeiro caso, pode-se ter a impressão de que a derrocada mortal de circunstâncias mortais deixa um vazio. No segundo, revela-se apenas, com maior clareza, o que já está presente, pois, quando desaparece o conceito errado a respeito de um fato duradouro, não pode resultar disso um vazio. O primeiro tende a destruir, a fim de substituir; o segundo elucida o que existe.

Quando há no quadro humano cismas, facções, anarquia e desintegração, não nos é preciso tentar resolver esses problemas em seu próprio nível. Testemunhar o pluralismo desenfreado e, logo, procurar reconciliar seus elementos díspares permanece tarefa infrutífera. Fazer de muitos um só não é possível. Se a premissa é “muitos”, então ela é falsa e sua conclusão tem de estar errada. Somente quando captamos a idéia da unidade do ser é possível desfazer a crença em pluralidade, e nessa unidade os aparentes “muitos” se entendem, ao invés de se desentenderem. O fato espiritual sempre reduz a crença numa alternativa material e por fim o que é humanamente anormal dá lugar ao desejável e normal. A verdade é que o Único infinito não se interpreta erradamente, nem inveja, resiste nem suspeita de si próprio. Portanto, esses elementos não se encontram na Mente nem na sua manifestação, o homem.

A resposta à pergunta: “Qual será a força capaz de acabar com o crime e o abuso?” está implícita numa profecia bíblica relacionada com Judá: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos.” Gênesis 49:10. A Sra. Eddy escreve: “A coragem moral é ‘o Leão da tribo de Judá’, o rei do reino mental.” Ciência e Saúde, p. 514. As qualidades morais precisam reinar até que o mortal fique completamente envolto pelo espiritual.

Do início ao fim da Bíblia, a coragem moral é enfatizada e o que dela resulta se faz sentir repetidamente nos assuntos dos homens. A percentagem de valia representada por um “homem pobre, porém sábio” Ecles. 9:15. foi suficiente para salvar uma cidade; a força moral, em contraposição à força física, capacitou Davi a derrotar Golias. De tempos modernos, bem como de tempos antigos, temos testemunhos de pessoas e nações que, armadas de sabedoria e valor moral, permaneceram firmes diante de portentosas disparidades físicas.

Mas nestes últimos tempos precisamos fazer mais do que permanecer com o rei do reino mental. A coragem moral é, por certo, um passo além da força física; como, porém, essa qualidade ainda atua no reino mental do humano, está ela na arena em que sempre haverá lutas, antagonismos e disparidades. O advento de Siló, o Cristo, eleva a experiência ao reino espiritual, no qual existe um só fato, uma só lei, um só estado. O espiritual, por sua vez, inclui o moral, tal como o maior contém o menor. Quando o fato espiritual ocupa de todo a consciência, já não se tem de estar a favor da verdade e contra o erro, mas se permanece consciente da totalidade da Verdade. O sentido moral mais elevado prepondera e, simultaneamente, o fato espiritual transforma a cena. Essa transformação é inevitável, pois o que realmente está se dando durante todo o tempo é o espiritual, em ação não obstante a crença de que algo está acontecendo num nível mental material.

Não há nenhum vácuo e nenhuma base se afrouxa quando a vida se alça acima do reino de antagonistas e alcança o reino onde o bem indivisível é o verdadeiro direito do homem. O espiritual mantém o requisito moral até que nada reste na consciência a não ser o espiritual. A Sra. Eddy por certo prediz algo mais elevado que o brandir do cetro do leão, quando escreve: “Satanás está solto por pouco tempo, como o anteviu o autor do Apocalipse, e o amor e a boa vontade para com os homens, mais preciosos que um cetro, estão entronizados agora e para sempre.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 201. Conquanto “o pensamento, libertado de uma base material sem ainda ter sido instruído pela Ciência,” se encontre desatinado, o pensamento meticulosamente instruído na Ciência nunca pode ver-se arrancado de suas fundações espirituais. Sem ter-se a compreensão de que a única base, o único poder, é espiritual, o afrouxamento do alicerce material pode não deixar qualquer apoio. A compreensão de que tudo procede da Mente, apesar de quaisquer crenças em contrário, permite que o maior englobe o menor em nossa consciência, enquanto nunca nos afastamos da única base que realmente existe. Persistir nesse conhecimento é a tarefa do estudante de Ciência Cristã. Então, a queda de tudo o que não pertence ao reino de Deus é acompanhada de paz em vez de luta.


Não temais: aquietai-vos
e vede o livramento do Senhor
que hoje vos fará.

Êxodo 14:13

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