Que tipo de talentos Deus nos dá? Bons!
Quando os expressamos, temos de protegê-los? Sim!
Como os protegemos? Orando!
Se pudéssemos responder a questões tão amplas com uma única palavra, este artigo estaria terminado. Mas, não podemos; por isso, não está!
Em 1 Coríntios, capítulo 12, Paulo diz que “os dons são diversos” (versículo 4) e passa a especificar alguns, como sabedoria, conhecimento, fé, dons de curar, operações de milagres, e assim por diante. A Epístola aos Efésios, capítulo 4, continua a falar em dons, dizendo que todos os indivíduos receberam graça como dom de Cristo e também que os deveres de cada um variam. Alguns cristãos são apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, alguns são pastores e mestres (ver versículo 11).
A Epístola de Tiago vai ainda mais longe, ao declarar: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança.” Tiago 1:17. Os dons de Deus têm de ser atributos espirituais, pois Deus é Espírito. O homem como semelhança de Deus reflete amplamente os atributos de Deus, sem impedimento ou penalidade. Deus, sendo supremo, infinito e todo-sábio, está no controle absoluto de Sua criação: o universo, inclusive o homem.
Reivindiquemos como nossa a verdadeira individualidade do homem espiritual, expressando-a mais. Atividades como esportes, música, negócios, invenções, marinhagem, erudição, ofícios, artes, por exemplo, podem dar vislumbres da expressão totalmente perfeita e espiritual da Mente divina e suas qualidades. Porém, logo aprendemos que temos de proteger de acidente, abuso, inveja, etc., nossa participação mesmo em atividades válidas. Por quê?
A resposta está em Gênesis 2:6, onde encontramos o início do pensar materialista e mundano representado nas palavras: “uma neblina subia da terra.” As crenças na realidade do mal ou erro originam-se na subseqüente noção falsa acerca da criação e opõem-se à verdadeira criação, ao universo do bem, universo criado e governado por Deus. Enquanto mentiras circularem, sob qualquer forma, convém-nos proteger-nos de seus efeitos pela compreensão da Verdade divina e da obediência a ela. Dessa maneira, protegemos nossos talentos outorgados por Deus, ao mesmo tempo em que melhoramos nossa habilidade de expressá-los.
Obter e manter a necessária proteção, nossa e das habilidades que estamos desenvolvendo, envolve o Consolador — “o Espírito da verdade” que Cristo Jesus disse Deus enviaria e que nos ensinaria “todas as cousas” (João 14:17, 26). Estudantes de Ciência Cristã compreendem, e já provaram, pelo menos em certo grau, que o Consolador está aqui sob a forma da Ciência do cristianismo e que, certamente, nos ensina “todas as cousas”. A afirmação de que esta Ciência é o Consolador prometido é apoiada por milhares de testemunhos, comprovados, de cura em nome de Cristo, publicados nos periódicos da Ciência Cristã.
A Ciência Cristã oferece a instrução e as ferramentas para emularmos as obras do Mestre dos cristãos, o qual disse que os que seguissem seus ensinamentos fariam obras maiores que as dele (ver João 14:12). Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “As artes profiláticas e as terapêuticas (isto é, a de prevenir e a de curar) pertencem decisivamente à Ciência Cristã, como se veria com facilidade, se a psicologia, ou Ciência do Espírito, Deus, fosse compreendida.” Ciência e Saúde, p. 369. É claro que prevenir doenças ou discórdias de qualquer tipo é melhor do que ter de curá-las. Quando, porém, deixamos nossa armadura protetora enferrujar ou tornar-se ineficaz por falta de uso ou cuidado adequados, ainda temos as leis terapêuticas da Ciência à disposição.
A experiência que contarei a seguir, abriu meus olhos não só para a constante necessidade de proteger talentos, mas também para a contínua disponibilidade do Cristo, a Verdade, para nos despertar ao nosso estado real como membros saudáveis e harmoniosos da família de Deus.
Há uns quatro anos, machuquei as costas, jogando tênis. Pensando que não fosse nada sério, continuei a jogar, com certas limitações, durante a maior parte da tarde. Eu participara de muitos campeonatos de tênis e, agora, o orgulho pessoal impelia-me a continuar jogando. Naquela noite, foi-me impossível deitar; tive de dormir numa poltrona. Essa situação um tanto incômoda continuou por três semanas e, durante aquele tempo, minha mulher e eu fizemos um curso de verão na faculdade. Embora me fosse impossível abaixar para calçar meias e sapatos, consegui, ao apegar-me a um sentido do carinhoso cuidado de Deus, assistir a duas aulas por dia e aos cultos na igreja, caminhando devagar.
Aquela foi uma época de grande crescimento espiritual que me preparou para passos mais avançados no estudo e prática dessa grandiosa Ciência do cristianismo. Sou extremamente grato pela ajuda em oração que recebi de um praticista da Ciência Cristã, naquele período. Estudei diligentemente a Bíblia e as obras escritas pela Sra. Eddy, esforçando-me para alcançar a compreensão espiritual que eu sabia me libertaria. Sabia que a causa promotora do problema tinha de ser medo, ignorância ou pecado, como a Sra. Eddy o indica na página 411 de Ciência e Saúde.
O medo de que não conseguiria mais mover-me normalmente foi combatido com o reconhecimento, já demonstrado anteriormente, de que esperar em Deus era a fonte de força renovada com a qual eu poderia subir “com asas como águias”. (Isaías 40:31 já fazia parte do meu tesouro havia muito.)
Muita ignorância venci ao estudar hora após hora, a cada dia, e descobri pérolas de grande valor nas Escrituras, em Ciência e Saúde e nas outras obras em prosa da Sra. Eddy, bem como em seus poemas. Estudei vários temas como humildade, magnetismo animal, corpo, acidente e outros, anotando tudo que encontrava a respeito. Que experiência maravilhosa!
Continuei a estudar e a orar, mas a condição física não melhorava nada. Uma coisa que continuava a preocupar-me era a noção de que talvez fosse aquela uma cruz que eu tivesse de carregar. Sabia das dificuldades que a Sra. Eddy teve de enfrentar ao fundar a Igreja de Cristo, Cientista, ridicularizada que foi pelo púlpito e pela imprensa e, às vezes, até por alguns de seus alunos.
A caminho de casa, ao fim do curso de verão, li com atenção certo artigo na revista The Christian Science Journal. O artigo ajudou-me a ver que o pioneiro de toda descoberta nova e grandiosa é o que limpa a trilha e agüenta o impacto nos obstáculos que se lhe opõem e lhe encobrem o caminho à frente. Ainda que o seguidor precise percorrer obedientemente a trilha e enfrente desafios, não encontra os mesmos obstáculos que o pioneiro já removeu. Com essa percepção, senti-me aliviado do grande peso da falsa responsabilidade e, dentro de uma ou duas noites, voltei a dormir numa cama, pela primeira vez em vinte e um dias.
Ainda se passaram algumas semanas antes que tudo que eu aprendera passasse, da fé e compreensão, à plena fruição. Mas o progresso ficou evidente e logo voltei às quadras de tênis, jogando com aqueles que testemunharam ambos, o desafio e o triunfo.
As curas não têm de demorar, como a que descrevi. As lições aprendidas naquela luta, poderia tê-las aprendido enquanto eu gozava da saúde e harmonia normais, se eu houvesse buscado regeneração espiritual antes de ver-me forçado a procurá-la. Como minha cura o provou, acidentes não fazem parte do progresso espiritual. Participar de esportes não aumenta nossa suscetibilidade a ferimentos, mas ações e pensamentos errôneos, sim. Paulo refere-se a isso como a andarmos “obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus” Efésios 4:18..
Por exemplo, um falso conceito de competição aliena-nos da proteção sempre presente do amor de Deus. O desejo exacerbado de vencer não é fator importante de sucesso, nem transforma ninguém em melhor atleta. A verdadeira competição dá-se com nós mesmos: é o esforço constante de melhorar, de expressar com maior perfeição os talentos que Deus nos deu.
“Precisamos desenvolver os talentos que Ele nos dá” Ciência e Saúde, p. 6., escreve a Sra. Eddy. Ficar gratos por tais talentos é um modo excelente de realçá-los e protegê-los. Contínuo melhoramento virá através de estudo sério, oração humilde e de dedicarmo-nos a viver em consonância com nossas orações.
 
    
