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A cidade da paz

Da edição de outubro de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


Jerusalém foi, diversas vezes, chamada a cidade da paz. No entanto, essa cidade mundialmente célebre poderia ser colocada entre os maiores palcos de contendas no mundo. Foi sitiada muitas vezes, capturada outras tantas e, mais de uma vez, completamente arrasada. É considerada sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos. Contudo, relativamente poucas pessoas acreditam racionalmente que a paz ou mesmo a santidade estejam implantadas em seu solo, em seu alicerce rochoso e em seus muros. Se Deus, o Espírito, como não pode deixar de ser, é infinito, Seu amor se faz sentir tanto num lugar quanto noutro; todo espaço é terra santa.

Se as consultássemos, muitas pessoas concordariam prontamente com que o fato de manter alguém obstinados pontos de vista divergentes, não é motivo para derramamento de sangue. A maior parte da humanidade está extremamente cansada de guerras, de disputas sectárias e do terrorismo nefasto.

Os esforços de estabelecer alguma espécie de acordo internacional, para dirimir o perigo de um holocausto nuclear, fracassam freqüentemente em razão da má vontade das partes envolvidas. Até mesmo um pacto de paz entre as superpotências, ainda que reduzindo a ameaça de guerra, não produzirá paz verdadeira na terra. A verdadeira paz é uma qualidade de Deus. Se bem que o homem divinal, espiritual — nossa verdadeira identidade — por mandado de Deus expresse eternamente a paz, as pessoas percebem essa paz só quando despertam e reivindicam sua verdadeira identidade. Assim sendo, a paz na terra só pode aparecer quando aumentar a soma do amor que os milhões de habitantes do mundo estejam dispostos a expressar uns para com os outros.

Precisamos é, por assim dizer, de uma explosão de muitos bilhões de ogivas de paz, potentes de supermegatons. Deveríamos esperar que a força que impele a paz seja tão intensa — ou mais intensa — do que a força que impele a guerra, ainda que a paz aflore muito suavemente. A questão é: Como aumentar essa força em prol da paz e como ativá-la? Temos a tecnologia que nos permite extrair e processar urânio para dotar mísseis de múltiplas ogivas bélicas, mas onde encontraremos o ímpeto propulsor da paz?

A humanidade, talvez cansada de contemplar armas de fogo por trás das quais dedos trêmulos seguram os gatilhos, está mais do que nunca preparada para volver-se a Deus em busca da paz de que ela tão desesperadamente necessita. Somente Deus promove e impulsiona em nosso coração a expansão do amor que se faz tão necessária.

O que é que o impediu por tanto tempo? Por que é que Deus não nos manda a paz, quando tantas pessoas continuamente Lha vêm suplicando? A própria pergunta conduz à resposta. Algo “mandado” tem de vir de algum outro lugar. Durante séculos, a humanidade tem, consciente ou inconscientemente, considerado ser Deus uma espécie de personalidade distante, que se sensibiliza ante muitas petições. Não será esse um conceito muito limitado com relação a quem e o que o Todo-poderoso realmente é?

A seguinte definição de Deus, se bem que alicerçada firmemente nas Escrituras, foi extraída de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy: “O grande Eu Sou; Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espíríto; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência.” Ciência e Saúde, p. 587. Ninguém pode pretender ter o monopólio do único Deus. Muitas pessoas estariam de acordo com grande parte dessa definição do Altíssimo. Princípio, como sinônimo de Deus, poderá não ser tão conhecido; mas, seria possível alguém ter um Deus sem princípios, ou seja, sem lei? E, substância? Se o Espírito não é a substância de tudo o que realmente existe, ficamos à mercê da matéria, o que simplesmente nos faz voltar ao pó.

Para obter urânio temos de ir ao lugar em que este se encontra. Para nos apoiarmos em Deus não precisamos nos mover fisicamente nem um só palmo. Mas, assim como é necessário conhecer a maneira de extrair e processar urânio, assim também é preciso abrir o pensamento a novas perspectivas acerca de Deus e dar prova delas pela demonstração. Ninguém pode apoiar-se em um mistério nem chegar a um acordo com algo que não entende. Assim sendo, a necessidade fundamental é a de conhecer Deus; apenas dessa forma é possível entender o relacionamento espiritual entre o homem e Deus. Para os cristãos, existe apenas um lugar em que obter maior compreensão sobre Deus: a própria Bíblia. Ciência e Saúde é uma chave indispensável, que milhares de pessoas utilizam para descerrarem o significado e a inspiração da Bíblia, auferindo disso compreensão espiritual, poder espiritual, amor e paz. Essas riquezas incorruptíveis auxiliam cada um de nós a que veja a si próprio como filho de Deus, a serviço do Pai, e a que dê provas cada vez maiores dessa percepção. Não é por pedir a paz, mas por esforçarmo-nos para ser exemplos luminosos e agentes dessa paz a que nada pode destruir, a eterna paz de Deus, que corroboramos a nossa verdadeira herança do homem. A paz de Deus é o próprio céu — o reino que Cristo Jesus descreveu como estando não apenas próximo de nós, mas também dentro em nós.

A Ciência Cristã explica a lei divina, a lei da Mente infinita e inteligente que é Deus, lei essa que é constante, inalterável e sempre presente. Quando a lei de Deus é compreendida e obedecida, encontramos nela o apoio para obter a cura de todos os padecimentos humanos — ainda mesmo do mais trágico dentre eles, a guerra. Se assim não fosse, o poder da onipotência divina seria inócuo ainda que diante de um simples micróbio, quanto mais de ameaças de guerra.

O Todo-poderoso não nos favorece movido por longas petições. Tal como acontece com as leis humanas justas, os ditames de Deus devem ser observados, se quisermos ser protegidos por eles. É nisso que reside o esforço; em ser tão honestos, sinceros e obedientes à lei de Deus que venhamos a usufruir das bênçãos sempre ao nosso alcance, inclusive a bênção da paz.

A Sra. Eddy fala de maneira incisiva na direção que devemos dar ao nosso pensamento: “Desvia o olhar do corpo para a Verdade e o Amor, o Princípio de toda felicidade, harmonia e imortalidade. Mantém o pensamento firme nas coisas duradouras, boas e verdadeiras e farás com que elas se concretizem na tua vida, na proporção em que ocuparem teus pensamentos.” Ibid., p. 261.

Quão fácil é pensar: O que é que eu, em meio a bilhões de pessoas, posso fazer? Será que minha pequena contribuição significa alguma coisa? Os discípulos, após a crucificação de Jesus, estavam com medo. Trancaram-se em casa, receando um ataque. Mas, graças aos acontecimentos que se seguiram, o medo foi cedendo à compreensão espiritual até que, no Dia de Pentecoste, algo neles despertou. Perceberam que o seu Salvador lhes tinha mostrado realmente o caminho da salvação. Ao demonstrar com sua ressurreição e ascensão a indestrutível natureza espiritual do homem, Jesus lhes havia mostrado como era o próprio ser deles, imortal e espiritual. Lemos nas Escrituras, na carta de Paulo a Timóteo, que Cristo Jesus “destruiu a morte [e]. .. trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” 2 Tim. 1:10..

Os apóstolos, percebendo essa revelação com vívida clareza e alegria, começaram a proclamá-la ao mundo. Desarmados, tinham tamanha segurança de que não perderiam sua vida real em Deus, como Jesus já havia demonstrado ter. Sem atacar ninguém, lançaram uma mensagem de liberdade espiritual, paz e boa vontade que, através dos anos, chegou até nós. E, não existem hoje em dia milhões de pessoas que poderiam renovar a visão de sua própria filiação com Deus, com efeitos impressionantes sobre o mundo? “Mas”, alguém talvez perguntasse, “a oração tem alguma coisa a ver com isso?” Sim, sem dúvida. A disposição de volver-se a Deus para compreendê-Lo é oração. Ouvir a Sua voz é oração. Agradecer-Lhe, louvar e glorificar Seu santo nome, é oração. Negar, em Seu todo-poderoso nome, qualquer poder ao medo, ao mal, à matéria — negar até mesmo poder a qualquer coisa que não foi criada por Deus e que, por isso mesmo, não faz parte de Sua criação de todo perfeita — é oração. Ao reivindicarmos nossa verdadeira identidade como Seus filhos, temos a autoridade de declarar e demonstrar a paz de Deus sempre presente, e isso é oração.

A paz existe agora, não só no porvir, porque Deus existe agora. Pela oração, chegamos a altura maior que a de, como pessoas, meramente desejar a paz, elevados àquela dimensão em que vivemos de maneira muito real como os filhos e as filhas de Deus, empenhados nos negócios do Paí, o que é a paz.

Raça, cor e credo quiçá dividam a humanidade em várias facções combatentes, mas o homem da criação de Deus não está sujeito a essas divisões. Ao entendermos essa mensagem, o pensamento eleva-se bem acima de corpos materiais limitados; toca a orla da harmonia eterna, o reino dos céus; e desvenda a paz que já pertence à criação de Deus.

A cidade da paz, a cidade de Deus, é universal, infinita; todos nós já vivemos nela, embora milhões de pessoas pareçam não percebê-lo ainda. Essa cidade torna-se cada vez mais real para cada pessoa que afasta da carne mortal e finita o olhar interior e o leva a entender o infinito ser imortal. Essa compreensão espiritual da realidade é a superpotência de que tanto necessitamos, o único refúgio das tormentas de guerra com que, de outra forma, açoitamos a nós mesmos.

Nos primórdios da Igreja, o cristianismo expandia-se como fogo rasteiro entre o mundo conhecido da época. O cristianismo renovado pode repeti-lo nos dias de hoje.

Os dois grandes Mandamentos já eram conhecidos antes de que Cristo Jesus os recomendasse. Como não pertencem a nenhum credo e não são da propriedade de nenhuma seita, não podem ser monopolizados: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:37, 39. Desde o mais íntimo de seu coração, a Sra. Eddy escreve: “O Primeiro Mandamento é meu texto favorito.” E continua, no mesmo parágrafo: “Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. ...” Ciência e Saúde, p. 340.

Há, naturalmente, muito mais a aprender para que fique evidenciada a indispensável demonstração, beneficente e por Deus impelida, do poder espiritual vivo no pensamento da humanidade. Com que alegria inteiraríamos Zacarias de que hoje se reconhece o quanto é valioso o que disse: “Falai verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas segundo a verdade, em favor da paz.” Zacarias 8:16.

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