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A felicidade que “exige que toda a humanidade dela compartilhe”

Da edição de outubro de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


Suponhamos que você estivesse caminhando na rua com passo faceiro, sorriso nos lábios e nos olhos um brilho que vem do interior, e que alguém lhe dissesse: “Ora vivas, você parece tão feliz!” Você provavelmente responderia: “Eu sou feliz.” E se esse alguém, ao invés de perguntar: “Por que é feliz?” lhe indagasse: “O que é felicidade?” Que lhe diria?

Será que você iria pensar: “Que pergunta mais tola, com resposta tão óbvia?! Todo mundo sabe o que é felicidade. Felicidade é contar com uma família amorosa e ter bons amigos. É viver num lugar tão bom que não queremos mudar para outro. É ter êxito no que realizamos. Em suma, felicidade é quando tudo dá certo em nossa vida. Não é?

Bem, reflitamos um pouco a esse respeito. Será que não existe alguém que já tivesse pensado: Se eu apenas pudesse ter isso ou aquilo, seria realmente feliz? E, quando consegue o que quer, o que acontece? Talvez se sinta feliz por algum tempo, mas nunca o suficiente. Sempre falta alguma coisa. O que é? Por que é que, quando conseguimos o que queremos, muitas vezes não ficamos satisfeitos? Poderia ser — simplesmente — porque ainda não aceitamos realmente o fato, demonstrável, de que a felicidade é espiritual, de que nada de material realmente satisfaz.

Na verdade, são nossos fracassos em encontrar e manter a felicidade verdadeira o que nos desperta para procurá-la no Espírito, Deus. Foi o que me despertou. Quando uma amiga, a quem amava e de quem dependia (talvez demais), me fez saber que a fonte de amparo havia secado, fiquei desolada. A experiência lembrou-me de uma passagem onde a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), Mary Baker Eddy, pergunta: “Ser-te-ia a existência, sem amigos pessoais, um vazio?” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 266. Também lembrei-me de ter dito um dia: “Isso nunca vai acontecer comigo!” Mas aconteceu. “E agora?” pensei. Veio-me, então, a resposta inesperada, de um poema da Sra. Eddy: “... perda é ganho. Deus é o sumo bem.” Hinário da Ciência Cristã, n° 207.

Duvidei. De que forma a perda de uma grande amizade poderia ser um ganho? Mas, continuei escutando, e então me ocorreram as seguintes palavras, de um hino do Hinário da Ciência Cristã:

E quando tudo mais falhar,
Só Tu me restarás;
Que satisfeito possa eu
Teu nome celebrar.

De quem era — ou é — esse “Teu” que satisfaz? O próprio hino diz: “Fiel Amigo és”.Ibid., n° 224. O Próprio Deus. E Seu “nome”? Sua natureza — Amor, Vida, Alma, Verdade, nosso Pai-Mãe celestial.

Aí comecei a compreender melhor a perda que é ganho. A plenitude de Deus está sempre a nosso alcance, não importando que perda — não importando que infelicidade — possa vir a acontecer em nossa experiência. De fato, o que parece ser uma perda torna-se um ganho, quando nos leva a Deus. Nunca podemos perder a alegria de uma amizade duradoura, de ter alguém com quem contar ou em quem confiar, quando reconhecemos em Deus o nosso Amigo sempre presente.

Isso me deu a resposta! Resolvi: “Vou ... Não! Não vou ser feliz. Sou feliz. Agora mesmo. Tenho de ser! Porque foi assim que Deus me criou.” Como em Ciência e Saúde está explicado: “A felicidade é espiritual, nascida da Verdade e do Amor.” Ciência e Saúde, p. 57. Verdade e Amor são nomes de Deus. E isso significa que a felicidade, sendo nascida de Deus, pertence a Deus e, conseqüentemente, é inerente ao ser do homem. É um dos modos pelos quais Deus Se expressa através do homem que Deus criou à Sua própria imagem. A felicidade é uma qualidade do Amor e da Verdade dentro da consciência espiritual de cada um de nós — não fora de nós, não dependente de alguém ou de alguma coisa para manifestar-se em nosso coração e em nossa vida.

A felicidade, porque é espiritual, pertence ao homem criado por Deus, assim como lhe pertencem a saúde, a inteligência, o amor, a obediência, a confiança. Por ser de Deus, a felicidade nunca pode estar perdida para nós, nem pode qualquer pessoa ou coisa impedir-nos de ter provas disso. Sendo espiritual, a felicidade não é pessoa nem lugar nem coisa. É a manifestação de Emanuel, “Deus conosco”.

Cristo Jesus nunca deixou de abençoar e consolar — de mostrar seu amor e de levar felicidade a outros. E ele nem sempre esperava que os necessitados o procurassem; muitas vezes, ia até eles. A Sra. Eddy escreve, a respeito da felicidade: “Não é egoísta; por isso, não pode existir sozinha, mas exige que toda a humanidade dela compartilhe.” Ibid.

O desejo de ajudar outros deve ser uma expressão tão natural do bem, que não deixa ninguém sobrecarregado por ela. Uma percepção mais elevada dessa atividade natural veio-me, certa vez, ao assistir televisão. O informativo mostrava uma cidadezinha assolada por enchentes. Uma mulher achava-se parada na frente da casa dela. Em lágrimas, mãos postas sobre a boca, mal podia falar.

Segundo me lembro, o repórter perguntava: “A senhora perdeu tudo? Terá de abandonar a casa?” Presumia que ela chorasse pelas perdas. A mulher sacudiu a cabeça. “Não, não! É esse pessoal. Não os conheço — não são vizinhos. Nunca os vi, antes.” As pessoas a quem ela se referia estavam ali com pás, vassouras e baldes, trabalhando para tornar a casa dela mais habitável. As lágrimas da mulher não eram de desespero ou desamparo, mas de alegria — de uma felicidade que a emocionava. Acrescentou: “E nem são daqui!”

Aquela cena fez-me desejar ser uma a mais, dentre “esse pessoal”, porque era tão óbvio que estavam satisfazendo a uma necessidade bem maior que a de restaurar uma casa inundada. Estavam satisfazendo a uma necessidade que nos toca a todos — a necessidade de dar atenção aos outros. Você hesita em dá-la? Por quê? É porque você acha que será repelido? Eu costumava pensar assim. Compartilhar a felicidade com a família e os amigos — tudo bem. Mas, com estranhos? Isso exigiu-me um pouco de aprendizado. No entanto, chegou o momento de compreender que, quando amamos com o calor do cuidado de Deus — “porque ele tem cuidado [de vós]” 1 Pedro 5:7. — “já não sois estrangeiros ... mas ... sois da família de Deus” Efésios 2:19.. Se confiarmos em Deus, Ele nos mostrará o quando e o como de uma ajuda significativa.

Neste ponto, você poderá perguntar: Mas como posso mostrar minha união com outros? Como posso ajudar alguém a ser feliz? Da maneira mais simples. Não precisa ser com algo que vai aparecer na televisão! Começa com um coração repleto de calor humano, atenção amável e um dar de si. O amor real espera que Deus abra o caminho. E essa abertura poderá vir ao seu encontro na rua, na loja, no ônibus, no caixa de supermercado. Que lance de felicidade é ver faces — sisudas e tristes — iluminarem-se e, até mesmo, sorrirem, porque você lhes falou com afeição cristã. Como toca o coração quando, na despedida, ouvimos alguém dizer: “Muito obrigado por falar comigo.”

Às vezes, podemos dar um pouco mais do que amabilidade a uma pessoa. Certa vez li algo que me pareceu uma ótima observação a respeito da felicidade, embora não mencionasse a palavra. Eis o que dizia: “Depois do verbo ‘amar’, ‘ajudar’ é o verbo mais lindo do mundo!” Bertha von Suttner: “Epigram”, citado em Familiar Quotations, de John Bartlett, 1 1 a ed. rev. (Boston: Little, Brown and Company, 1946), p. 1083. Verbos indicam ação. Quando pomos em ação nossa felicidade dada por Deus, compartilhando-a com toda a humanidade, nada há que nos faça sentir mais realizados. Mesmo que estejamos atravessando uma fase infeliz de nossa vida, podemos persistir em saber: Tenho de ser feliz! Foi assim que Deus me criou.

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