Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

A Ciência Cristã se baseia nas Escrituras!

Da edição de outubro de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


Alguma vez lhe ocorreu pensar que para você, na qualidade de Cientista Cristão, a Bíblia é de importância secundária? Que você tem muito mais interesse na “ciência” do que no “cristianismo” da Ciência Cristã?

Quando eu era jovem pensava exatamente dessa maneira. Tanto é que, embora a leitura de trechos da Bíblia em conjunto com outros de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy seja o cerne dos cultos nas igrejas da Ciência Cristã, eu considerava a Bíblia só como uma espécie de pano de fundo, ou terreno preparativo, para a mensagem “realmente importante” de Ciência e Saúde. Afinal, fora a lógica da Ciência do Cristianismo que havia feito de mim um membro sincero da Igreja de Cristo, Cientista, e parecia-me que a Bíblia não falava a linguagem clara da lógica. Falava uma língua literária de símbolos e parábolas que eu não conseguia relacionar com a verdade científica.

Em todos os sentidos, eu estava completamente equivocado, e o aprendi pelo caminho mais penoso!

No meu segundo ano de faculdade, numa universidade muito tradicional, eu estava alojado no dormitório de uma faculdade de estudos bíblicos, pertencente a uma igreja fundamentalista. Consternado, logo me adverti da oposição pouco sutil que prevalecia naquela escola, contra a minha religião. E ademais, os estudantes não tinham nenhum interesse em minhas explicações lógicas da Ciência Cristã. Só queriam resposta a uma única pergunta: Está baseada nas Escrituras?

Parecia que obviamente haviam chegado à conclusão, precipitada, negativa. Mas o que perguntavam sobre Ciência Cristã me levou a aprofundar eu próprio os meus conhecimentos das Escrituras. Passei a compreender que as Escrituras são absolutamente essenciais à Ciência Cristã. Desde então, o significado mais profundo da Bíblia vem-se revelando para mim. Comecei a aprender muito mais acerca do espírito de minha religião, do que o concentrar-me unilateralmente na sua lógica me havia ensinado.

As discussões com meus amigos fundamentalistas nem sempre eram fáceis. Muitas vezes, aquilo que eu depreendia da Bíblia como que de carater simbólico, eles o entendiam de maneira literal. E, por incrível que pareça, trechos da Bíblia que eu interpretava literalmente, eles só os aceitavam em sentido figurativo, ou viam neles algo que não era mais válido, muito embora não houvesse nada nas Escrituras indicando que tal trecho não devia mais ser levado em consideração. Principalmente no tocante às ordens dadas por Jesus para o trabalho de cura que seus discípulos, inclusive aqueles que o seguem hoje em dia, deveriam realizar e realizassem. Ver Marcos 16:17, 18; João 14:12.

Assim, cheguei a perceber que a chamada leitura literal da Bíblia era, na realidade, uma interpretação, um meio de determinar a relevância de cada um dos trechos das Escrituras e de conectá-los uns aos outros numa forma precisa. Ao compreendê-lo, pude ver que é falho o argumento que declara erroneamente que a interpretação literal não é interpretação, ao passo que declara, também erradamente, que a Ciência Cristã é, na melhor das hipóteses, apenas uma interpretação e, portanto, não é válida.

Muito embora dando valor à sinceridade dos meus amigos fundamentalistas, ficou-me evidente que, de muitas maneiras, encarávamos a Bíblia desde pontos de vista opostos. Os fundamentalistas interpretavam muitos trechos desde um ângulo mais ou menos material, corpóreo. O conceito de Deus como Espírito parecia não caber nesse sistema de pensamento.

Eu estava, se bem que aos poucos, tentando compreender a totalidade e a diversidade da Bíblia desde o ponto de vista da infinidade, da onipotência e da onipresença do Espírito, e da imutabilidade de Deus, um ponto de vista explícita ou implicitamente corroborado por numerosos trechos bíblicos. Ver Salmos 62:11; 139: 7–12; 147:5; Malaq. 3:6; Tiago 1:17. Desde esse ângulo em especial, percebi que Deus não podia ter emitido decretos a serem alterados posteriormente; ao contrário, a humanidade havia percebido, por inspiração divina, vislumbres cada vez mais claros da vontade original de Deus. Portanto, a Bíblia não era somente um histórico da palavra de Deus à humanidade, mas também o registro de como a humanidade vinha a entender a verdade que lhe havia sido revelada.

Às vezes esse processo levava os profetas a defender a posição de abandonarem-se certas práticas outrora consideradas ordenadas por Deus (e assim assentadas na Bíblia), não só por não serem mais necessárias ou desejáveis, mas porque não coincidiram jamais com a vontade de Deus. É o que Jeremias diz das práticas ritualistas instituídas ostensivamente por ordem divina na época do êxodo dos hebreus do Egito: “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei carne. Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei cousa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.” Jeremias 7:21–23.

Da mesma maneira, Jesus e Paulo algumas vezes questionaram certas formas tradicionais de adoração e certas práticas religiosas. Ver Mateus 15:1–20; João 4:19–24; Romanos 2:25–29. Essas revisões são típicas toda vez que um conceito mais espiritual de Deus conduz o pensamento desde a aparência exterior até a essência espiritual. Semelhantemente, a Ciência Cristã remove do pensamento os símbolos meramente exteriores e leva-o à essência espiritual de conceitos cristãos importantes, tais como o batismo, a eucaristia, a oração, a expiação. Ao definir Deus e Cristo em termos puramente espirituais (embora ambos se manifestem ao pensamento humano de maneira compreensível), a Ciência Cristã ressalta a identidade espiritual de Jesus, o espírito-Cristo que governava o Jesus humano. Esse ponto de vista liberta o pensamento, sobrecarregado das hipóteses da teologia tradicional e do antropomorfismo, hipóteses que pretenderiam impedir-nos de discernir o significado espiritual da Bíblia. Deus, como escreve Paulo, “nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica” 2 Cor. 3:6..

Interpretar a Bíblia espiritualmente dá vigor ao nosso discipulado cristão, pois remove-nos do pensamento o hábito de repetir cerimônias estabelecidas, e o conduz a seguir ativamente o grande exemplo de nosso Mestre, Cristo Jesus, na vida cotidiana. Mostra-nos que os dons da graça, tão evidentes na vida dos santos da Bíblia, foram o resultado de homens e mulheres haverem compreendido a lei divina e terem vivido de acordo com ela, podendo assim aplicar essa lei. Numa palavra, a prática do cristianismo mostra ser este uma Ciência, e não a concessão caprichosa de um super-ser antropomórfico.

No entanto, exatamente porque o significado espiritual das Escrituras exige-nos deixar de lado, a favor de um cristianismo mais profundo, certos hábitos e crenças estabelecidos, amiúde depara-se, por isso mesmo, com oposição intensa. Ciência e Saúde declara: “Haverá maior oposição mental ao significado espiritual e científico das Escrituras do que jamais houve desde que a era cristã começou.” Ciência e Saúde, p. 534.

Talvez essa oposição se manifeste tanto na relutância de alguns Cientistas Cristãos a considerar profundamente a essência bíblica e cristã de sua religião, quanto se manifesta na resistência externa, mais explícita.

O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, fornece a base sobre a qual a Bíblia pode ser compreendida de forma espiritual, inteligente e prática. Por meio das verdades apresentadas no livro-texto, podem ser demonstradas a infinidade do Espírito, Deus, e a total impotência e irrealidade do mal e da matéria diante dessa infinidade. Esse livro não é um substituto para a Bíblia, nem é uma segunda Bíblia. Como levanta a estrutura metafísica com que se compreendem espiritualmente as Escrituras, o livro ocupa um lugar único na Ciência Cristã. E, como contém centenas de citações diretas, e muitas alusões a passagens das Escrituras, deixa evidentes suas raízes de natureza bíblica.

Naturalmente, temos de aprender a compreender essa “chave”. Temos de estudá-la de maneira profunda. Mas temos, também, de começar a utilizar essa chave e com ela desvendar os tesouros contidos na Bíblia. Do contrário a chave não tem proveito em nossa vida, e será triste que, em nossa experiência, não tenhamos admirado as provas de sua autoridade divina.

Os Cientistas Cristãos deveriam acautelar-se de permitir, inconscientemente, que alguns modos estereotipados de considerar nossa religião, freqüentes em alguns segmentos da opinião pública, lhes moldem a própria maneira de pensar ou de agir. Entre muitos cristãos sinceros, a noção errônea de que a Ciência Cristã não somente não é cristã, mas que é a representação do anticristo, não nos deveria sutilmente induzir a negligenciar a Bíblia. Tal tendência pretenderia secularizar nossa Igreja, privando-a de sua vitalidade e de seu poder de curar.

É de grande importância, para dar vigor à nossa atividade de cura, a compreensão de que a obra sanadora realizada pelos Cientistas Cristãos, graças ao nome e à natureza de Cristo Jesus, é a forma mais elevada de obediência aos ensinamentos do Mestre e é a resposta final de seu discipulado cristão. Essa compreensão destrói, entre nossos próprios correligionários, toda hesitação em depor absoluta confiança na Ciência Cristã para obter curas. Essa compreensão serve também para dissipar a desconfiança, entre pessoas de outras religiões. Pode anular o conceito errado de que a Ciência Cristã é mero pensamento positivo ou um processo de manipular a mente humana em benefício de si mesmo.

As obras de cura de Jesus faziam parte integrante de sua missão de “destruir as obras do diabo” 1 João 3:8., e o Cientista Cristão tem de ter plena consciência de que seu próprio trabalho sanador dá continuidade à missão de Cristo Jesus, qual seja, a de prover salvação a toda a humanidade. “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” é promessa de Jesus que vem acompanhada desta advertência: “porque sem mim nada podeis fazer.” João 15:5.

Jamais devemos obedecer à noção enganosa de que as Escrituras não são essenciais para a Ciência Cristã, ou acreditar que não o deveriam ser. Se apreciamos a grande dádiva do “significado espiritual e científico das Escrituras”, utilizando-a na prática, refletiremos o espírito do verdadeiro cristianismo e auxiliaremos muito mais na salvação do mundo.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / outubro de 1986

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.