Já notou o leitor que a Bíblia é um livro de promessas?
As pessoas cujos escritos compõem o Antigo Testamento tinham a convicção de que as promessas da ajuda e proteção de Deus seriam mantidas, se o indivíduo obedecesse a Deus. Há uma promessa bíblica clássica, por exemplo, num versículo de Jeremias: “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel. ... Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.” Jeremias 7:21, 23.
A base subjacente a esse conceito de que Deus promete o bem torna-se ainda mais clara no Novo Testamento. Em 2 Pedro lemos: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor, visto como pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas.” 2 Pedro 1:2–4 (conforme a versão King James).
Esse conhecimento, de que Deus tem amor invariável pelo homem, Seu filho, era tão central em Cristo Jesus que resultava na cura de enfermidades. Jesus tomava o amor do Pai como realidade tão inquestionável que, em retrospecto, podemos ver que Jesus confiava nele como o próprio Princípio do ser. E isso introduziu mudanças substanciais na vida de muitos. Resultou na cura de todo tipo de pecado e doença: de longa duração, terríveis, incuráveis, óbvios, alarmantes.
Jesus disse que a verdade realizou essas curas e não ele mesmo, por algum poder pessoal seu próprio. Foi a verdade de que Deus é o Pai perfeito do homem e o mantém como Seu filho muito amado, o que curou a febre, endireitou os membros aleijados e trouxe sanidade.
Assim, isso também se constituiu numa promessa de Deus e Jesus expressou-a exatamente nestas palavras: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8:32.
Mary Baker Eddy, que descobriu e fundou a Ciência Cristã, faz no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, uma asserção que torna mais compreensíveis as palavras de Jesus: “A Verdade eterna destrói o que os mortais parecem ter aprendido do erro, e a existência real do homem, como filho de Deus, vem à luz. A Verdade demonstrada é vida eterna. O homem mortal nunca poderá elevar-se acima dos escombros temporais do erro, da crença no pecado, na doença e na morte, até aprender que Deus é a única Vida.” Ciência e Saúde, pp. 288–289.
A razão fundamental de se poder esperar a cura mediante a oração, tal como esta é compreendida na Ciência Cristã, não é, portanto, que conseguimos fazer algo significante como mortais ou que finalmente chegamos a acertar nalguma fórmula metafísica ou que, de algum modo, tornamo-nos pessoal e suficientemente bons para merecer que Deus tranforme algo para nós. Podemos esperar a cura em virtude da grande realidade que sustenta o ser, realidade que é infinitamente boa e, portanto, inclui a nós também. Cristo Jesus falou nessa realidade como o reino de Deus. Referiu-se a ele como estando próximo e disse que o encontramos em nossa consciência.
Assim, a cura advém de elevarmos o pensamento acima dos “escombros do erro”, o erro de percepção que vê o homem colocado numa situação dolorosa, danosa, mortal. Inteiramente em contrário ao cepticismo comum à mente humana, descobrimos ser realmente possível que o Cristo, a Verdade, nos toque o pensamento agora, e que a compreensão nos ajude a perceber que a nossa Vida é Deus, o Espírito, e não as condições materiais, como supuséramos. E então começamos a sentir-nos profundamente amados e somos curados.
O Princípio-Deus, como o sabia Cristo Jesus, sustenta o homem em inteireza e perfeição. A nós, e a toda a Sua criação espiritual, Deus nos mantém agora em amor e justiça e ordem e harmonia. Mediante oração e progresso espiritual chegamos ao ponto em que podemos dizer a nós mesmos: “Oh, é isso o que se dá!”
A verdade desfaz a errônea impressão mental de um corpo sujeito a ficar doente e discordante, uma vida na matéria, sem qualquer Deus, vida que pode falhar, desgastar-se, romper-se ou deixar de funcionar bem. Deveras, não temos tal vida na matéria. De modo inevitável, conquanto por vezes lento, discernimos que vivemos literalmente em Deus, o Espírito. Deus é a nossa Vida. Eis a grande realidade.
Ver, ainda que fugazmente, algo desse vasto panorama do bem divino, é colher a “promessa” de que este será inevitável e plenamente conhecido. Não podemos deixar de admitir-nos incluídos e abrangidos nessa abundância do bem. E sabemos que a cura é o resultado natural de ver esta bondade divina.
Ciência e Saúde observa: “Se somos cristãos em todas as questões morais, porém estamos em trevas quanto à isenção física que o cristianismo inclui, então precisamos, nesse sentido, ter mais fé em Deus e estar cônscios de Suas promessas.” Ibid., p. 373. Aceitar de maneira mais consciente a presença das promessas de Deus e sua aplicação prática em nossa vida, pode, portanto, dar resposta à pergunta de como obter mais curas, de realizar mais curas para nós e para outros.
Claro está, não é como se Deus prometesse fazer algo de bom para nós no futuro, mas, sim, que Deus já expressa todo o bem que pode existir. Conseqüentemente, temos base sólida para esperar ver maiores evidências dessa bondade. A promessa é esta: que conhecer Deus e obedecer-Lhe é ver a total inteligência, inteireza, paz, que Deus já deu ao homem e a glória que já outorgou.
S. Paulo enalteceu o exemplo de Abraão, quando dele escreveu: “Não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.” Romanos 4:20, 21.
Estar cônscios das promessas de Deus, cheias de amor, vai expandir a nossa confiança de que Suas promessas são firmes.
 
    
