A mais importante característica da Ciência Cristã talvez seja o restabelecimento da prática da cura cristã. Essa cura é mais do que um mero subproduto dos ensinamentos da Ciência Cristã. É a evidência, ou prova, através de tratamento específico e científico, de que a Ciência Cristã é a verdadeira explicação dos ensinamentos de Cristo Jesus.
E o tratamento, não é ele simplesmente aquilo a que os Cientistas Cristãos chamam oração?
Não exatamente. Conquanto o tratamento seja uma forma particular de oração, deve-se notar que nem toda oração é tratamento. Oração, em seu sentido mais amplo, é nossa comunhão consciente com Deus, é o reconhecimento de Sua bondade, presença e poder; e é um esforço ativo para viver de acordo com essa bondade. Isso, deveríamos fazê-lo sem cessar.
Tratamento, por outro lado, é a aplicação de verdades metafísicas e idéias espirituais específicas a uma necessidade humana imediata. Essa oração especial durará somente enquanto a necessidade se manifestar. As duas formas de oração são encontradas no exemplo de nosso Mestre: sua rápida e poderosa réplica às necessidades daqueles à sua volta e a resoluta percepção de sua unidade com Deus (sendo o poder da primeira forma o resultado direto da segunda).
Compreender e utilizar essa forma específica de oração pode realçar efetivamente o aspecto prático de nosso cristianismo. Portanto, vejamos os três principais ingredientes do tratamento pela Ciência Cristã: (1) o motivo — ou por que o fazemos; (2) os meios — que é que o faz funcionar; (3) o método — como fazê-lo.
Motivo
Uma questão importante a considerar no “por quê” do tratamento pela Ciência Cristã, é: “Meu principal propósito é curativo ou religioso?” ou, para dizê-lo de outra forma: “É o propósito deste tratamento somente o de aliviar alguma discórdia física ou mental, ou é o de adorar a Deus e reconhecer a presença de Sua terna bondade, a qual destrói as pretensões do mal?”
A prática da Ciência Cristã tem porte religioso e não médico. Tem a ver com Deus. É o propósito de nossa prática compreender a verdadeira natureza de Deus, o Espírito, e de Sua criação espiritual e não nos curvarmos às falsidades do materialismo. O efeito desta Ciência é curativo, pois uma compreensão da Verdade sempre expõe e corrige o erro mental, o pecado, e seus efeitos.
Um profundo amor a Deus nos haveria de compelir naturalmente a desafiar todo e qualquer aspecto que O apresentasse como um criador de monstruosidades ou como um desatento ou negligente provedor e protetor de Seus filhos. Sustentar e defender a verdade do ser na consciência é a motivação religiosa apropriada e genuína para o tratamento pela Ciência Cristã.
“Que me diz de outros motivos? Que me diz de propósitos humanitários ou simplesmente propósitos práticos? Não podem esses ser úteis?” A compaixão crística pelo próximo e o desejo de corrigir as desarmonias com que nos defrontamos deveriam encher-nos o coração. Mas, se permitirmos que o humanitarismo substitua em nós o amor a Deus e Suas leis, bons motivos humanos se tornam sujeitos a mau direcionamento, a erros por negligência ou, até mesmo, a abuso intencionalmente danoso.
Por exemplo: se o estado do paciente — sua gravidade, injustiça, duração e assim por diante — se tornam o foco primário do pensamento, talvez nos encontremos apelando a Deus para que ajude o paciente — numa atitude que põe em dúvida a vontade de Deus, de manter a harmonia do homem, ou de Sua capacidade de mantê-la. Essa atitude não nos leva à cura, pois como a Sra. Eddy diz: “Na Ciência, a cura do enfermo demonstra esta grandiosa verdade da Ciência Cristã, que não podeis extirpar a doença se admitirdes que ela é mandada ou vista por Deus.” Não e Sim, pp. 30–31.
Também, talvez fiquemos tentados a recomendar ou a sancionar alguns meios físicos de alívio temporário (dieta, drogas, loções, exercício, etc.) — motivados pela convicção de que o conforto físico do paciente é o fator vital no caso. A prática da Ciência Cristã está fortemente empenhada na cessação do sofrimento, mas o praticista sabe que as necessidades dos pacientes ficam permanentemente atendidas somente com a compreensão de que o sofrimento não foi criado por Deus e é, portanto, uma imposição ilegítima — uma imposição a ser destruída pelo Amor divino.
Ao dar tratamento, precisamos reconhecer e compreender que Deus é a única Mente a guiar e governar o caso, do contrário talvez sejamos tentados a impor ao paciente (com conselhos humanos, sugestões, influência pessoal ou outras formas de manipulação), o nosso próprio sentido pessoal do que é certo. Dominar intencionalmente o pensamento de outrem pode deteriorar-se em formas malignas de má prática mental e eventualmente abate a habilidade de alguém, de dar tratamento de cura pela Ciência Cristã. “Todo aquele que pratica a Ciência que a autora ensina e por meio da qual a Mente derrama luz e cura sobre esta geração, não pode, com intuitos sinistros ou maliciosos, tratar de pessoa alguma sem destruir seu próprio poder de curar e sua própria saúde”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde, e acrescenta: “Um motivo mau implica fracasso.” Ciência e Saúde, p. 446.
Preservar o propósito religioso da Ciência Cristã assegura que o tratamento permanece baseado em Deus, protegido da confusão e do abuso, e ajuda a tornar seus efeitos curativos mais cristã e cientificamente coerentes.
Meios
O que faz o tratamento dar resultado? A Ciência Cristã ensina que Deus é a única Mente, infinita, auto-existente e que a tudo abrange. Também ensina que o homem existe tão-somente como idéia, ou concepção, desta Mente. Tal verdade, compreendida e vivida, é a base do tratamento.
Que esta Mente divina onipresente tenha equivalente diretamente oposto a ela em natureza, ação e composição, é a falsidade que o tratamento científico se destina a erradicar. Essa mentalidade fictícia é o que a Ciência Cristã rotula “mente mortal”. O que é chamado consciência humana é a suposta mistura de bem e mal, mente mortal e Mente imortal. Quando atendemos à mente mortal, ficam ocultos à vista a totalidade de Deus e a espiritualidade do homem. O sentido mortal das coisas parece substituir o tudo do Espírito por outro quadro chamado a matéria e seus cinco sentidos.
É para essa mentalidade mortal iludida que o tratamento pela Ciência Cristã se endereça. O tratamento não se dirige a Deus, a Mente que tudo sabe, nem trata do homem que é o Seu reflexo. O tratamento é a contestação específica, pela Verdade, de qualquer imposição da mente mortal sobre a consciência humana, imposição que se manifesta em discórdia.
Embora a mentalidade humana não iluminada creia que os sentidos físicos nos digam tudo o que há para saber, o fato é que esses cinco sentidos aceitam apenas aquilo em que a mente mortal já acredita. Portanto, é a mente mortal e não a matéria o problema em qualquer caso, e a Mente divina é o remédio em todo tratamento.
“O Cientista Cristão, compreendendo de modo científico que tudo é Mente, começa com a causalidade mental — a verdade acerca do ser — a destruir o erro”, declara Ciência e Saúde. E, em seguida, lemos: “O metafísico, que faz da Mente sua base de operações sem levar em conta a matéria, e que considera a verdade e a harmonia do ser como superiores ao erro e à discórdia, tornou-se forte, em vez de fraco, para enfrentar o caso. ...” Ibid., p. 423.
A habilidade que o metafísico tem, de ler o pensamento do paciente e discernir os erros mentais pecaminosos, não é o resultado de nenhum processo acadêmico ou competência psicológica. É a capacidade natural do pensamento puro, espiritualizado; a consciência tão livre de poluentes mortais (sensualismo, orgulho, desonestidade, ódio, inveja, voluntariosidade), que seu domínio e potencial dados por Deus se tornam cada vez mais manifestos. Quando a consciência e a vida do sanador dão resposta cada vez mais profunda ao Cristo sempre presente, seus pensamentos também se tornam mais agudamente conscientes da perfeição da Mente e da inteligência refletida pelo homem. Dessa maneira, percebe nitidamente qualquer desvio dos padrões da perfeição estabelecida por Deus para o homem.
Podemos entender, por essa explicação, o processo sustentado no pensamento do sanador, mas como é o paciente “alcançado”, por assim dizer, por esse tratamento mental? Nossa Líder, a Sra. Eddy diz: “Cristo é a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana.” Ibid., p. 332. A Mente do Cristo inclui tudo, e o praticista cujo pensamento reflete a Mente que a tudo abrange, pode estar certo de que seu paciente está envolvido pela mesma Mente e ouve a mensagem divina. As verdades que curam o pensamento e a experiência são sempre comunicadas pelo Cristo; não por sanadores pessoais humanos.
O tratamento pela Ciência Cristã não é tanto o que o sanador diz ao paciente, mas, principalmente, o que ele está testemunhando de Deus. “O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas” Ibid., p. 13., declara Ciência e Saúde, e, pois, esse tratamento é a revelação simultânea do Cristo ao paciente e ao sanador. Esse é um acontecimento divinamente impulsionado, e o sanador reconhece que nada há, capaz de obstruir seu bom resultado; nenhuma evidência em contrário nem crença ou educação. Embora cada indivíduo possa perceber de modo diferente a mensagem do Cristo, tanto o sanador como o paciente sentem o toque do Consolador e o resultado é a cura.
Método
Não há nenhuma fórmula para o tratamento pela Ciência Cristã. A revelação infinita da Verdade divinal não pode ser confinada ao prognóstico e à expectativa dos mortais.
A Mente divina está sempre revelando à sua idéia, o homem, a natureza ilimitada da Divindade. Por causa desse fato espiritual, o tratamento nunca é repetitivo. Isso não quer dizer que seja vago ou sem rumo. O tratamento pela Ciência Cristã adota o método de fazer a consciência humana se voltar para as verdades curativas que Deus está comunicando sempre. E, como a revelação da Mente é ordeira, o tratamento científico não pode ser embaralhado ou confuso.
A preparação do pensamento é vital ao tratamento. Obtemos a liberdade mental de uma consciência espiritualizada, mediante a oração incessante e a cristianização de nossa vida. “Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. ... A glória do Senhor se manifestará e toda a carne a verá” Isaías 40:3, 5., é a exigência e a promessa do profeta. O tratamento pela Ciência Cristã expõe e nega tudo o que pretende impedir alguém de responder ao Cristo sanador. Algumas dessas barreiras podem ser sentimentos de incompetência ou de pouco merecimento da parte do sanador, de insuficientes compreensão e receptividade da parte do paciente, ou impressionante evidência material. Lembrando que essas são apenas sugestões e não barreiras reais, o sanador está confiante de que a verdade ensinada na Ciência Cristã é a única lei e o único poder no caso, e atém-se à verdade do ser, até que a crença ceda.
A sugestão de uma barreira, na maioria dos casos, é medo. Esse medo pode ser latente ou óbvio, evidente ou desconhecido ao paciente. É o medo da mente mortal, imposto ao pensamento do paciente, o que parece criar a discórdia, e o primeiro passo em qualquer tratamento é remover esse medo. Para que esse trabalho de cura seja bem sucedido, deve ser meticuloso. O medo da mente mortal tem por base a ignorância de que Deus, ou o bem, é tudo e conseqüentemente acredita no poder, na presença e na ação do mal. Nenhum vestígio de medo pode restar, quando o Amor revela ao nosso pensamento esperançoso a natureza de Deus.
Uma vez removido o medo, o caminho está livre para que as aclamações conscienciosas da Verdade erradiquem os sintomas gerais e específicos envolvidos no caso. Tendo sido completamente exposto o nada do mal, o fato de Deus incluir o indivíduo em Sua própria perfeição espiritual transforma-se para o sanador em convicção irreversível, e o paciente é curado.
O tratamento é uma parte incomparável e indispensável da revelação da Ciência Cristã. Os argumentos potentes da Verdade habilitam-nos a demonstrar o domínio do Espírito sobre a matéria e a elevar-nos àquela consciência genuína da Mente que cura.
 
    
