Será mesmo possível mudar a evidência? E será que deveríamos fazê-lo? Soa como escamoteação, não é? Pode até parecer desonesto, assim como falsificar depoimentos num tribunal.
Na prática da cura pela Ciência Cristã, trocar os testemunhos falsos pelos verdadeiros não só é possível, é imperativo. A Sra. Eddy explica no livro Rudimentos da Ciência Divina: “Segundo a evidência dos assim chamados sentidos físicos, o homem é material, decaído, doente, depravado, mortal. A Ciência e o sentido espiritual contradizem isto, e proporcionam a única e verdadeira evidência da entidade de Deus e do homem, visto que a evidência material é inteiramente falsa.” Rud., p. 7.
Como, então, mudar os testemunhos falsos de discórdia, perda, ou doença? A Ciência Cristã nos leva à oração, assim como Cristo Jesus fazia. Ensina-nos a confiar totalmente em Deus, que tudo sabe e que é todo amor. Aprendemos a dar importância à comunhão silenciosa com Deus e a abafar o alarido dos sentidos, para que possamos ouvir a orientação divina e reconhecer que Deus está sempre perto de nós.
É inevitável que tal oração mude nosso modo de pensar, fazendonos deixar de acreditar que sejamos mortais temerosos e doentios, e levando-nos a perceber a nossa filiação divina, como filhos amados de Deus que somos.
Aprendemos que o testemunho dos sentidos físicos é, na verdade, ilusório, e resulta de crenças e teorias falsas, e de medo. Tais evidências, não tendo sido criadas nem sancionadas por Deus, não têm apoio em lei alguma, nenhum poder as sustenta, não têm objeto ou vítima a que atingir ou de que receber identidade.
O que fazer, então, com provas falsas? Não lhes permitir entrada em nosso pensamento e em nossa vida. Ainda que tenhamos convivido com dor, desânimo, medo ou ódio por algum tempo, podemos, a qualquer instante, rejeitar essas imposições sobre nossa identidade espiritual genuína e reivindicar nossa herança, a liberdade do pecado, da culpa e de todo mal. Reivindiquemos nossa pureza e saúde inatas como filhos de Deus. Temos a coragem moral para isso. A balança de nosso pensamento começa a pender, à medida que nos esforçamos para viver em consonância com nossas orações, da crença no que é material para a aceitação do espiritual como o verdadeiro e real. Assim, muda-se a evidência, e saúde, harmonia, justiça e alegria nos são restauradas, de modo natural.
Parte importante de nosso trabalho em ver mudada a evidência é negar o testemunho dos sentidos materiais. E isso nem sempre é fácil. Na Ciência Cristã, isso não é feito por manipulação, nem da mente, nem do corpo. A oração é radicalmente diferente de todos os métodos que se baseiam na mente humana. A oração científica envolve raciocínio espiritual ativo. Pode começar assim: Deus nunca fez, nem sancionou, o mal ou as alegações do mal. Nunca amaldiçoou o homem, nem fê-lo sujeito a doença e pecado. Deus ama o homem; Deus criou o homem à Sua semelhança e o mantém para sempre sob Seus cuidados, inseparável de Sua bondade.
Assim orando, despertamos, em certa medida, do sonho, ou crença, de vivermos na matéria. Sentimos o toque do Cristo, a Verdade, e a harmonia se mostra naturalmente. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy nos instrui: “Se mudares a evidência, desaparecerá aquilo que antes parecia real a essa crença errônea, e a consciência humana se elevará mais alto. Assim se consegue a realidade do ser, e se verifica que o homem é imortal.” Ciência e Saúde, p. 297.
Outro aspecto importante de ver mudada a evidência é o anseio sincero por transformação e redenção. Sem dúvida, está certo desejarmos ficar livres do sofrimento, mas a cura cristã genuína faz muito mais do que restaurar nosso bem-estar físico normal. A cura cristã nos regenera, de modo profundo. Arrependimento, humildade e amor, acalentados no pensamento, revelam maior porção de nossa espiritualidade e abrem a porta à cura. A consciência espiritualizada percebe que, como Paulo o escreveu, “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” Atos 17:28.. A noção dos mortais, de que o homem esteja separado de Deus, tem de ceder à realidade de que há uma única Mente divina, Deus, jamais separada de Sua expressão perfeita e espiritual, o homem.
A Bíblia é nosso guia vital rumo ao Espírito, assim como o foi para a Sra. Eddy. O Salmista cantou: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos.” Salmos 119:105. As palavras sanadoras de Cristo Jesus e suas obras de cura nos dão o exemplo mais claro possível de como viver piamente.
A Sra. Eddy escreve, referindo-se a Jesus: “Ele exigiu uma mudança de consciência e de evidência, e efetuou essa mudança por meio das leis superiores de Deus.” E, logo, diz: “Jesus não precisou nem de ciclos de tempo nem de ciclos de pensamento para amadurecer a aptidão de chegar à perfeição e suas possibilidades.” Unity of Good, p. 11. É possível, então, termos provas dessa perfeição aqui e agora.
Há vários anos, quando lecionava inglês no segundo grau, tive uma experiência que me mostrou o poder da oração para mudar a evidência. Uma classe grande e rebelde, que havia sido classificada como lerda, com problemas sociais e de comportamento, e desvalida, não reagia a nada do que eu dizia ou fazia em aula. Não progredíamos de maneira alguma, e eu estava muito frustrada.
Certa noite, ao preparar em casa a aula para o dia seguinte, orei com sinceridade pela situação. Afastando-me completamente das crenças discordantes que pesavam sobre a classe, orei: “Pai, ajuda-me a vê-los como Teus filhos.” Eu sabia que Deus, o Amor divino, conhece todos os Seus filhos como amados e amorosos, inteligentes e compreensivos. Decidi não aceitar mais o peso da crença de que esses alunos não tivessem jeito, não levar mais tal bagagem mental para a classe. Em vez disso, resolvi amar meus alunos de modo ativo e esforçar-me por ver neles a natureza real que tinham, à semelhança de Deus. Comecei a sentir-me melhor e nem sequer tive medo de que abusariam de meu novo zelo impelido pelo Amor.
O resultado da minha mudança de pensamento mostrou-se de imediato. Respondendo à minha maneira calma, menos tensa, ficaram mais quietos e até prestaram atenção. Nas semanas seguintes, continuaram a melhorar. Alguns alunos foram transferidos para outras classes e novos alunos entraram. Os que ficaram, começaram a mostrar mais respeito por mim e uns pelos outros, e gradualmente estabeleceu-se um clima de calma aprendizagem. A naturalidade substituiu as tensas fricções pessoais de antes. Reconheci que Deus controlava toda a classe, inclusive a mim. O nível acadêmico dos alunos também melhorou.
Mudar a evidência ante os sentidos em favor do que é espiritualmente verdadeiro, traz cura e harmonia à experiência humana. E a oração é o meio pelo qual tal elevação se dá.