Você já se encontrou, alguma vez, à espera de que as coisas mudem, para depois tratar dos negócios do Pai? Aguardar meios “adequados” de servir ao bem num futuro indefinido — esse dia de São Nunca, do que será, de esperanças por vir, planos por se concretizar, mas não agora?
Se assim for, não revela isso a profunda necessidade de reconhecer e corresponder à exigência de ser agora somente o que o Cristo nos mostra que somos — a expressão bem orientada, cheia de propósito, ativa, realizada e sempre completa do ser de Deus? Aguardar alguma coisa e ruminar em nosso pensamento sobre como gostaríamos de servir melhor a Deus, impede-nos de ver todo o bem que poderíamos fazer agora mesmo. Mas o reconhecer a natureza do ser espiritual nos auxilia a ver diariamente os meios pelos quais podemos servir ao bem, e realmente o fazemos. Eleva nossas expectativas do presente, revigora-nos, anima-nos e faz com que nos consagremos agora a procurar piedosamente a sabedoria e a orientação de Deus para cada um de nossos passos. Podemos, então, seguir essa orientação divinamente inspirada de satisfazer à exigência imposta neste momento à nossa espiritualidade.
No começo do meu estudo da Ciência Cristã, meu profundo anseio de expressar meu amor por Deus através de um serviço consagrado e mais ativo parecia confuso. Percebi então, como agora, a grande necessidade de cura que o mundo tem. Entretanto, eu achava que o tempo, o pensamento e o esforço necessários para desenvolver minha carreira, diminuiriam meu tempo de devoção ao estudo e à oração e assim postergariam a realização do meu desejo. Ponderei a ordem de Cristo Jesus ao jovem, ao dizer-lhe: “Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e segue-me.” Marcos 10:21. Perguntei a mim mesma se simplesmente me faltava coragem ou se não amava o bastante. E que dizer da dedicação que precisava dar à minha vida profissional? Acaso seria um reflexo ardoroso do bem infinito se eu simplesmente levasse meu trabalho adiante, de modo superficial, quando, com um pouco mais de esforço, eu poderia ter muitas avenidas pelas quais contribuir para o meu campo de ação profissional? A crença não cristã de que o bem pode ser postergado, levou-me à indecisão e à inércia, e fez-me sentir sem realização, em todos os sentidos. Com o coração dividido, e concentrada em mim mesma, cheia de confusão e dúvida, eu não estava no caminho correto. Aí, mediante oração, os pensamentos crísticos, que na verdade sempre estão presentes, me envolveram. Estes trouxeram energia, impulso, motivação e cura.
Primeiro, veio o reconhecimento de que eu verdadeiramente era, naquele exato momento, o homem criado por Deus e, por isso, incluía tudo o que eu deveria ser. Em realidade, eu, tal como todos os filhos de Deus, era completa, cheia de propósito, orientada por Deus, Sua própria expressão. Percebi que reconhecendo isso e vivendo a partir dessa base, eu, e qualquer pessoa, estaria inevitavelmente a serviço da humanidade. Percebi que os Cientistas Cristãos que seguem esse caminho, estão perpetuando o movimento da Ciência Cristã com sua capacidade integral, aqui e agora. Mas como? Através de, por exemplo, atividade dedicada, amável e humilde na igreja. A inspiração e a orientação para servir à igreja vêm por meio do Manual de A Igreja Mãe, de autoria da Sra. Eddy, que diz, por exemplo: “Os Leitores de A Igreja Mãe e de todas as igrejas filiais precisam dedicar parte adequada do seu tempo à preparação da leitura da lição dominical — lição da qual grandemente depende a prosperidade da Ciência Cristã.” Man., § 1° do artigo 3°. Todos nós, como leitores da lição-sermãoLivrete trimestral da Ciência Cristã. durante a semana, temos a solene responsabilidade de cumprir o espírito deste Estatuto, quer estejamos servindo como Leitores de nossas igrejas, quer não. Os Leitores devem também “guardar-se imaculados do mundo — incontaminados do mal — para que a atmosfera mental que exalam promova a saúde e a santidade, isto é, esse animus espiritual tão universalmente necessário” Man., § 1° do artigo 3°.. Que ordem firme e forte! O que, mais do que isso, poderia ser um esforço em tempo integral? Quanto privilégio é para nós servir deste modo.
Outra faceta do servir em tempo integral pode ser achada por meio de um sentido mais expansivo de família, envolvendo em amor cada pessoa com quem temos contato e sobre quem falamos e lemos. Nenhuma separação, divisão ou compartimentação de pensamento é possível na família de Deus. E a Mente dá-nos clareza, precisão, disciplina, ordem, para atender aos nossos afazeres diários numa atmosfera isenta de sobrecarga, enfado ou inquietação.
O pensar voluntarioso ou enfocado no mero desejo de fazer mais, mas excluindo o que pode ser feito agora mesmo, nega as oportunidades diárias dadas por Deus de compartilhar as boas novas que nos deram vida nova. O classificar nossas horas em categorias — “boas” para estudo, oração, trabalho, e “não tão boas” para qualquer outra atividade — nos impede de reconhecer a eterna presença do bem. Toda vez que partilhamos uma palavra amiga ou um pensamento que afaste o medo ou a ansiedade, toda vez que vemos a natureza ilimitada do homem como expressão da Mente no lugar onde a limitação parece estar, toda vez que mostramos amor e compaixão onde a infelicidade e o tumulto se apresentam, estamos servindo a Deus. Quando nos empenhamos em amar assim, estamos prestando serviço dedicado e integral, de modo coerente e constante. E isso não é difícil, quando verdadeiramente vemos que esse é nosso único modo de ser.
O volver nosso pensamento inteiramente a Deus dá a força, a paciência e a dedicação para amar e nutrir nossas qualidades legítimas de inteligência, desembaraço e ilimitada capacidade. Veremos, então, que desejar mais do que aquilo que Deus nos provê neste exato momento, seria negar nossa presente plenitude totalmente cercada pelo terno cuidado de Deus. Progrediremos em nosso servir a Deus à medida que aceitarmos cada tarefa e abandonarmos o medo, o orgulho, o egoísmo e qualquer outro pensamento negativo que tenda a afastar-nos de Seu serviço.
Os motivos voltados a Deus e por Ele dirigidos são puros e abnegados. O Seu caminho perfeito — não uma noção preconcebida e egoísta do que pensamos deve ser ou do que desejamos ser — prepara o coração para uma produtividade de base divina. Seguir Cristo Jesus, vendendo tudo o que possuímos, é entregar a crença de um ego separado e suas implicações — crenças de sermos uma pessoa material, com a vida, o tempo e os recursos limitados. Se mantemos diante dos olhos como nosso objetivo “a atmosfera mental” que promove “a saúde e a santidade”, então aqueles dentre nós que amam e sinceramente buscam viver de acordo com a Verdade, não podem evitar de servir em tempo integral ao movimento da Ciência Cristã. Seremos impelidos, atraídos, elevados para o serviço. De que forma esse serviço se apresentará a nós agora, e à medida que se desenvolve nossa experiência de vida, é uma questão entre cada um de nós e Deus.
O coração do homem pode fazer planos,
mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor...
Confia ao Senhor as tuas obras,
e os teus desígnios serão estabelecidos.
Provérbios 16:1, 3
 
    
