A família como conceito ideal, representa muitas coisas: segurança física e emocional; amor constante e incondicional; calmo refúgio contra os desafios do dia-a-dia. Com freqüência, porém, a luta, o abuso ou a solidão caracterizam a família humana. O estudo e a prática da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss) mostram que discórdias familiares podem ser curadas pela oração.
Quando eu era criança, e em anos subseqüentes, muitas vezes almejei ter uma família na qual a alegria fosse partilhada por todos, onde se vivesse numa atmosfera de harmonia e amor. Eu sabia que os membros de minha família tinham amor uns pelos outros. Mas, como acontece em tantos casos, havia muitos conflitos quando estávamos juntos. Mesmo nas horas de relativa harmonia, eu ficava inquieta, temerosa de que a desarmonia irrompesse a qualquer momento. As reuniões de família não eram momentos felizes, para mim. Mais tarde, já adulta, solteira e morando sozinha, eu desejava chegar a ter minha própria família, mais harmoniosa do que a que eu tinha então.
Certa vez, quando se aproximava o Natal, comecei a ponderar sobre minha ida para casa. Eu estava apavorada! Amava meus pais e sentia gratidão por tudo quanto haviam feito por mim; portanto, por um sentimento de dever, fiz os planos para a viagem, mas na verdade não tinha vontade de ir.
Naquele ano em especial, ocorreu-me que eu poderia levar uma luz sanadora à situação. Eu começara a estudar Ciência Cristã e aceitara a verdade sobre a bondade de Deus e a conseqüente perfeição e harmonia de Sua criação. Eu tivera curas, em resultado da oração — a oração que reconhece e afirma a perfeição do homem feito à imagem de Deus. Esse reconhecimento da verdade vinha naturalmente eliminando os temores e falsas crenças de meu pensamento e, conseqüentemente, de minha experiência humana.
O que se me fazia necessário era um claro e correto conceito de família. Então comecei a trabalhar pela cura, fazendo uma pesquisa na Bíblia e nas obras de Mary Baker Eddy, especialmente em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Com a ajuda de concordâncias, procurei trechos que abordavam idéias como: família, pai, mãe, irmão, irmã, unidade e outros termos correlacionados. Muitas coisas ficaram mais claras, em resultado desse estudo.
Encontrei na Bíblia estas palavras de Jesus: “A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está no céu.” Mateus 23:9. Em Ciência e Saúde, encontrei a idéia de que Deus é o Pai-Mãe de todos. A Bíblia está repleta de alusões à maternidade e paternidade de Deus, evidenciadas de maneira prática: Deus alimenta, guia e protege Seus filhos. Compreendi que era eu um desses filhos e que minha herança, provisão e governo dependiam de Deus. Passei a ponderar essas verdades com freqüência e, em especial, gostava de lembrar-me de que Deus “Se agrada” de dar a mim — e a toda a humanidade — todo o bem. Como o afirmou Cristo Jesus: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.” Lucas 12:32.
A família representa a união das idéias de Deus. “Homem”, diz Ciência e Saúde, “é o nome de família para todas as idéias — os filhos e as filhas de Deus.” Ciência e Saúde, p. 515. O homem é a manifestação espiritual individualizada de Deus, e a família toda do homem dá testemunho de Deus. Deus é o chefe da família. Todos os membros da família, as idéias espirituais de Deus, estão sob Seu terno controle, são-Lhe obedientes e, portanto, estão em concordância uns com os outros, expressando Sua harmonia, unidade e ordem. Regozijei-me ao perceber que a união da família é, realmente, um fato espiritual e pode ser demonstrado na cura.
Após haver estudado por certo tempo, e depois de haver ponderado essas verdades em oração, lembrei-me de uma frase, em Ciência e Saúde, que fala na oração imbuída da compreensão e que abarca o desejo honesto de agir corretamente: “Tal oração é atendida na proporção em que pomos em prática nossos desejos.” Ibid., p. 15. Bem, então erame necessário que eu vivesse conforme o meu mais elevado conceito de família. Para tanto, pus numa lista as coisas que as pessoas fazem, no seio da família, para expressar harmonia, ordem, amor. A lista incluía atitudes tais como: mutuamente fortalecer o progresso de cada um; mostrar solicitude para com as necessidades uns dos outros; ter apreço recíproco pela individualidade espiritual de cada um e consideração mútua para com os direitos uns dos outros. A partir de então, esforcei-me par pôr em prática essas qualidades no meu viver. Dois exemplos foram marcantes.
Em um caso, eu tinha ouvido um mexerico sobre uma colega de trabalho e estava ansiosa para repeti-lo a outras pessoas. Lembrei-me, porém, de que o procedimento em família procuraria a cura e não a divulgação das falhas de outrem. Não aceitei a informação, pois não era, no sentido espiritual, verdadeira sobre a colega. Esta era, na verdade, a filha perfeita de seu Pai. Então, não passei adiante o mexerico.
O outro caso foi um desafio maior. Eu trabalhava diretamente com um homem que me irritava com freqüência. Isso acontecia desde que começáramos a trabalhar juntos. Agora, porém, decidi amar, respeitar sua competência, reconhecer sua individualidade, seu direito de encarar as coisas de maneira diferente da minha. Como idéias de Deus, éramos, ele e eu, membros da família de Deus, na qual cada um tem seu lugar, seu propósito e sua recompensa assegurados. Nenhum de nós podia interferir na forma em que o outro expressava Deus. Tive de orar amiúde para deixar de lado a vontade própria e o sentido pessoal, e para ver-nos, a mim e a ele, conforme a nossa perfeição e unidade divinas no reino de Deus. Passado certo tempo, eu não mais estava consciente de que precisava amar; amor e solicitude tornaram-se expressões naturais. Desenvolveu-se entre nós uma profunda camaradagem, a qual se expressa tanto em calor humano como em respeito profissional.
Naquele ano em particular, quando fui para casa no Natal, nossa reunião de família foi a melhor de todas as já ocorridas. Na hora de ir embora, pela primeira vez não me sentia aliviada por estar me despedindo da família. Expressamos ternura, união e calma alegria na presença uns dos outros. Nossa família nunca retornou aos velhos hábitos; passo a passo, nossa harmonia familiar continuou a progredir.
A cura de discórdia numa determinada família é certamente motivo de enorme gratidão. Seu significado, porém, vai além desta cura específica. Deus é Pai-Mãe do homem, de cada membro de Sua família espiritual. Deus mantém a harmonia e a ordem em Sua criação, em toda parte. Essas são verdades espirituais e podem ser demonstradas na experiência humana, porque são a realidade e não o que os sentidos materiais dizem que são. Ao estudarmos e praticarmos a Ciência Cristã, damos testemunho disso. Na proporção em que reconhecermos a aplicação universal da Verdade, e o poder de Deus, para colocar em prática a Verdade como lei, é certo que poderemos esperar a demonstração da cura em escala muito mais ampla. Então os conflitos raciais, religiosos e políticos poderão ser sanados, e serão sanados, tão certamente como as discórdias na família.