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Quando está certo dizer “nunca”

Da edição de setembro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Muitos de nós já tivemos de nos desdizer de um “nunca”. Afirmações como: “meus filhos nunca fariam isso” ou “nunca a perdoarei”, podem ter de ser retiradas logo. Muitos de nossos “nunca” têm um quê de orgulho. Outros, um toque de raiva ou de desânimo, como por exemplo: “nunca mais tentarei ajudá-lo” ou “nunca conseguirei vencer esse problema”. Nossos “nunca” em geral têm vida tão curta que é comum dizer-se: “nunca diga nunca!”

Na Ciência Cristã, porém, aprendemos a ver em conotação diferente a palavra nunca. Nas suas conversas diárias, o metafísico cristão talvez evite utilizar-se do termo nunca; mas, em suas orações, ele aprecia essa palavra, porque inúmeras verdades sanadoras vitais giram em torno dum conceito espiritual de nunca.

Veja-se, por exemplo, a realidade espiritual de que o homem nunca está separado de Deus. Esta gloriosa verdade espiritual destrói pensamentos de medo e desânimo. E, quando consideramos que nunca significa “em tempo algum e em ocasião nenhuma”, vemos que o cuidado bondoso de Deus por nós é perpétuo e ininterrupto.

A Sra. Eddy escreve: “Tudo quanto é governado por Deus, nunca está privado, nem por um instante, da luz e do poder da inteligência e da Vida.” Ciência e Saúde, p. 215. Cito-o do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, no qual está empregada quase trezentas vezes a palavra nunca.

Outra aplicação curativa do termo nunca vem unida à realidade de que o homem, o filho amado de Deus, nunca é governado pelo mal. O homem nunca é controlado pela carência ou pela incapacidade. E Deus nunca põe dor ou doença em controle de qualquer parte de Sua criação. O livro-texto explica: “Deus nunca poderia transmitir um elemento do mal, e o homem nada possui que não lhe provenha de Deus.” Ibid., p. 539.

É evidente que o significado da palavra nunca é muito mais profundo quando esta é usada para definir a realidade espiritual. É claro que a palavra nunca, como palavra, não possui maior autoridade espiritual do qualquer outra. Mas, quando a utilizamos para transmitir ao pensamento humano um vislumbre da soberania contínua de Deus e da total falta de poder do mal, a palavra nunca tem grande valor. A aplicação espiritualmente correta de nunca nos ajuda em nos familiarizarmos com o amor infinito de Deus, que renova, cura e orienta.

Por outro lado, ao usarmos o termo nunca de modo ignorante em declarações como: “nunca entenderei isso” ou “nunca serei bom nisso”, inadvertidamente nos condenamos a confusão e limitação. Essas expressões têm, porém, só a autoridade que nossas crenças equivocadas lhes atribuem. Com o estudo da Ciência Cristã, ficamos aptos a lançar fora tais crenças equivocadas e ímpias de nossa consciência e de nossa vida. Devemos diariamente detectar pensamentos de carência e desespero, e resistir a eles. Com a oração e a prática, descobrimos que o Amor divino imensurável, Deus, não nos cerceia com limitações. Reconhecemos que o homem nunca é nem mais nem menos do que o filho vigoroso, competente e harmonioso de Deus.

Será que essa aplicação espiritual do termo nunca elimina a possibilidade de se usá-la apropriadamente em conversas diárias? Será que resoluções de ordem moral, tais como “nunca mais reagirei com raiva” ou “nunca mais cometerei excessos”, perdem sua importância? Não. Na verdade, exatamente o oposto é o que ocorre.

Quando, em oração, vislumbramos o significado espiritual da palavra nunca, nossa convicção moral recebe ímpeto divino. Compreender a verdade espiritual de que o mal nunca governa a criação de Deus (e esforçarmo-nos diligentemente para viver segundo essa verdade), nos habilita a pôr em prática a decisão de resistir à raiva e à intemperança.

A compreensão científica da expressão nunca desperta-nos para maior pureza, liberdade e alegria. Podemos alcançar o progresso que almejamos, se baseamos nosso “nunca” numa afirmação espiritual. Por exemplo, se decidimos nunca mais defraudar o imposto de renda, podemos demonstrar esse passo de progresso, compreendendo que Deus criou o homem para expressar integridade constante e, portanto, percebendo que nunca o homem é abençoado por mentir.

Quanto mais compreendemos os “nunca” espirituais, mais substanciais e poderosos ficam os nossos “nunca” morais. Descobrimos que há uma relação recíproca e indestrutível entre a obediência moral e o despertar para nosso status de filhos de Deus, eternos e completamente supridos.

Temos de ter certeza, porém, de que nossos “nunca” morais têm raiz divina. Afirmações como “nunca mais serei assim tão feliz” ou “nunca conseguiremos vender esta casa” refletem meras opiniões humanas. Não têm autoridade porque não estão ligadas à verdade espiritual de que Deus nunca oculta progresso e bondade de Seus filhos.

Nosso grande Mestre, Cristo Jesus, baseava sua utilização de “nunca” na realidade espiritual de que Deus e o homem são inseparáveis. Por exemplo, quando a mulher surpreendida em adultério foi levada à presença de Jesus, este lhe disse para não mais pecar (ver João 8:3–11). Ora, não havia aí um “nunca” metafísico subjacente a essa admoestação moral?

A ordem de Jesus, “não peques mais”, baseava-se na verdade de que o homem de Deus nunca é o servo do pecado, nunca está separado de Deus. Vive com pureza e integridade. E, como a criação de Deus nunca é governada pelo mal, ninguém tem de conviver com a pobreza, a luxúria ou o medo. Deus nunca reparte o Seu controle sobre os Seus filhos, nem a ele renuncia.

Assim, não somente era necessário à mulher que obedecesse a Jesus, era requisito de sua natureza outorgada por Deus. Por causa dessa sua natureza, a mulher já possuía a capacidade e a sabedoria inatas de viver com retidão. Jesus a despertou para esse fato, pois Jesus sabia que, como o amor de Deus é onipresente, o homem nunca está na presença de nada que não seja bom e puro.

Jesus ensina a todos os seus seguidores que Deus, o Pai divino, nunca está desvinculado de Seus filhos. Numa parábola, retratando esse terno relacionamento, Jesus conta que certo pai disse ao filho: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.” Lucas 15:31. Metafisicamente, esse “nunca” — o de que Deus, nosso Pai, nunca abandona Seus filhos nem deixa de supri-los — era igual àquele em que se fundamentava a ordem de Jesus à mulher adúltera. E esse “nunca” espiritual é o fundamento de toda reforma e progresso genuínos, os quais alcançamos, não por meio de força de vontade pessoal ou por qualquer um dos métodos da mente mortal, mas por meio do reconhecimento diário, prático, do cuidado e da provisão sempre ativas de Deus.

A realidade de que Deus e o homem nunca estão separados e de que o mal nunca governa o homem, está sempre presente para nos sustentar e curar. Sendo a família amada de Deus, nunca somos privados de nada, nunca ficamos desanimados e nunca ficamos doentes. Por quê? Porque Deus, o nosso Pai, nunca permite que o mal entre no Seu reino. E Deus está sempre conosco.

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