Tendo sido aluna de uma Escola Dominical da Ciência Cristã, onde as verdades sobre Deus e o homem são transmitidas de maneira tão simples e bela, eu realmente nunca tinha entendido direito o significado de “credo”, termo que eu ouvia mencionado, com tanta freqüência, por pessoas que assistiam aos cultos em igrejas de outras denominações religiosas. Entretanto, eu sempre o relacionara com palavras, e não com obras.
Como eu continuasse a pensar na palavra credo, que aparece num dos poemas da Sra. Eddy, no Hinário da Ciência Cristã — “Cristo és — o credo, não. / Tu, Verdade em plena ação” Hinário, n° 298. — decidi procurar o significado da palavra no dicionário. Encontrei duas definições: “uma súmula formal de crença religiosa” e “uma declaração doutrinária abalizada”. Isso confirmou meu conceito de credo. Volvi-me então ao livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, onde a Sra. Eddy pergunta: “Têm os Cientistas Cristãos algum credo religioso?” Sua resposta é: “Não, se com esse termo se quer dizer crenças doutrinárias.” Ciência e Saúde, p. 496. A seguir, ela apresenta seis Artigos de Fé, que requerem um alto padrão de cristianismo daqueles que estão se empenhando por serem fiéis aos ensinamentos da Ciência Cristã.
Os cinco primeiros artigos indicam aquilo que aceitamos e reconhecemos — “a Palavra inspirada da Bíblia”, “um Deus único, supremo e infinito”, “o homem à imagem e semelhança de Deus”, a expiação de Jesus e o Cristo salvador — apenas para recapitularmos alguns dos muitos pontos vitais que estão incluídos nos Artigos de Fé. Lemos, no sexto: “E prometemos solenemente vigiar, e orar para haver em nós aquela Mente que havia também em Cristo Jesus; fazer aos outros o que desejamos nos façam; e ser misericordiosos, justos e puros.” Ibid., p. 497. Entre outras coisas, esse artigo exige de nós uma promessa, não apenas de vigiarmos para que nossos pensamentos estejam sempre em conformidade com a Mente divina, Deus, mas também de obedecermos à Regra Áurea e sermos justos e misericordiosos para com o nosso próximo.
A obediência a esse artigo exige que examinemos constantemente o nosso pensamento para nos assegurarmos de que ele não abriga elementos dessemelhantes de Deus, tais como crítica maldosa ou injusta, egoísmo ou dominação. As sugestões errôneas freqüentemente batem à porta da consciência, o que exige de nós vigilância constante para lhes barrarmos a entrada. Mas é certa a recompensa de paz e alegria para aqueles que são fiéis em atender às exigências desse artigo de fé.
Ter a Mente “que havia também em Cristo Jesus” exige pureza absoluta de motivos, integridade inquestionável em todos os nossos assuntos e total imparcialidade. Que padrão, hein?! Atingível, contudo, pela graça divina e pelo trabalho árduo. Quando nos esforçamos verdadeira e constantemente para expressar essa Mente divina, não é só a nossa própria experiência diária que é abençoada. São também beneficiadas outras pessoas com quem entramos em contato. Inevitavelmente cumprimos a última parte do artigo, onde prometemos “fazer aos outros o que desejamos nos façam; e ser misericordiosos, justos e puros”. Por aí vemos que a Ciência Cristã não nos estimula a encostar-nos numa mera declaração do que é a doutrina. A Ciência vai mais longe — exige que ponhamos nossas vidas em conformidade com o exemplo do Cristo.
Entretanto, a maioria de nós poderia concordar que é mais fácil falar do que praticar a verdade. É mais fácil declarar a perfeição do homem do que demonstrá-la em nossa vida. Mas o que é realmente necessário é que a verdade seja praticada, não apenas verbalizada. Se Jesus tivesse sido apenas um pregador do evangelho, sua missão teria causado pouco impacto em seus ouvintes. Foi sua demonstração real da bondade divina e da filiação do homem que atraiu as multidões para ele e que o tornou o Modelo para todos os tempos.
Tiago compreendia a importância das obras, pois afirmou, na sua epístola: “A fé, se não tiver obras, por si só está morta.” Tiago 2:17. O seguinte texto da Sra. Eddy tem conteúdo similar ao de Tiago: “Em certa época acreditei que a prática e os ensinamentos de Jesus com respeito à cura dos doentes eram abstrações espirituais, impraticáveis e impossíveis para nós; porém as obras, não o credo, e a prática, mais do que a teoria, me propiciaram um conceito mais elevado de cristianismo.” Miscellaneous Writings, p. 195.
Às vezes, é possível que a leitura das lições bíblicas delineadas no Livrete trimestral da Ciência Cristã se tornem mero ritual, a menos que nos esforcemos por praticar as verdades espirituais que apreendemos. Precisamos cuidar para que nossa leitura não seja apenas um “comprimido” metafísico. Ao menos algumas das verdades apresentadas na Bíblia e em Ciência e Saúde precisam ser postas em prática, a fim de que o Cristo vivo gradualmente permeie nossa vida diária e espiritualize nossa apreensão meramente intelectual da teologia, e para que tudo o que necessite de cura corresponda à influência desse Cristo, a Verdade.
Lembro-me de uma ocasião em que pude provar a aplicabilidade da verdade que eu vinha estudando havia pouco tempo e que me esforçava por assimilar. Eu tinha combinado fazer um passeio de lancha com um colega de trabalho. Os horários dos passeios de barco eram estabelecidos de acordo com a maré, o que fazia com que houvesse apenas um número limitado de viagens em horários fixos. Havíamos combinado fazer o passeio num determinado sábado, e ambos estávamos muito ansiosos por ele. Entretanto, no dia anterior ao nosso passeio, eu não me senti suficientemente bem para desempenhar minhas atividades no escritório. Telefonei para meu amigo, informando-o de que eu tinha certeza de que tudo estaria bem no dia seguinte. Porém, a despeito do longo tempo que dediquei ao estudo e à oração, não me senti nada bem ao acordar na manhã seguinte. Eu hesitava em prosseguir com a idéia do passeio, sabendo quanto utilizaríamos transporte coletivo e quanto tempo eu ficaria fora de casa.
Depois de conversar com uma amiga Cientista Cristã que morava na mesma casa que eu, senti-me animada a prosseguir, se bem que eu estivesse bastante alerta quanto ao erro de utilizar vontade humana. A Cientista Cristã concordou amavelmente em apoiar-me por meio da oração. Ao sair do quarto dela, as seguintes palavras que fazem parte da letra de um hino vieram com força ao meu pensamento: “Pregando, vós avançareis; / Com vossas obras provareis ....” Hinário, n° 12. Com essa mensagem clara, continuei a preparar o lanche para o piquenique e, em seguida, fui me encontrar com meu amigo. Ainda que me sentisse um tanto quanto titubeante a princípio, cheguei em casa no final do dia radiante de gratidão e num estado de saúde completamente normal. Com o passar do dia eu percebera que estava correspondendo ao toque do Cristo, a Verdade. Soube, mais tarde, que minha amiga estivera orando por mim durante todo o dia. Na verdade, a mensagem contida na primeira estrofe do hino no qual eu pensara anteriormente, tinha se evidenciado na minha experiência: “... Nem credo ou forma nos apraz, / Só a Verdade satisfaz.” E essa Verdade sanadora está ao dispor de todos, em todas as ocasiões, porque todos nós somos igualmente preciosos para Deus.
Quando estamos nos empenhando em solucionar um problema em particular, não será necessário que cada um de nós realmente perceba o significado das verdades que afirma? É tão fácil dizer: “Deus é Tudo, por isso o mal é irreal.” Contudo, para que essa verdade tenha efeito sanador, temos de estar convencidos de sua veracidade e a ela ater-nos persistentemente até que o erro a ser destruído ceda ao toque do Cristo. Então, verdadeiramente, teremos o credo permeado pelo Cristo.