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A coragem moral dos pioneiros espirituais

Da edição de janeiro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Há três ou quatro anos, escrevi uma carta a uma historiadora, cujos livros haviam me ensinado muito. Essa escritora tem especial capacidade de alcançar vislumbres profundos sobre os eventos e o caráter humano. E sua vida está repleta de realizações. Perguntei como chegara a esses vislumbres, citando um exemplo dum dos livros que lera.

A resposta da escritora foi curta, dizendo, em essência, que deixava os fatos falarem, todos os fatos que podiam ser obtidos, e ela ouvia. Conquanto não conseguisse explicar de todo o processo, disse ser quase intuitivo.

Esse tipo de atenção, de estar disposto a ouvir todos os fatos, dá o que pensar. É preciso coragem para ouvir dessa forma, coragem moral disposta a ter suas acalentadas opiniões, crenças e práticas contraditas, caso não estejam em consonância com a verdade.

Já pensei muito nesse tipo de coragem moral. Na Bíblia, encontramos homens e mulheres comuns, mas especiais, que acabam por acalentar em suas vidas coragem e intrepidez. Isso era indispensável à descoberta da identidade real, espiritualmente fundada, tanto de Deus como da do homem.

A lição de Abraão e Sara parece clara nesse sentido. Passaram por períodos difíceis na vida, com dúvidas e desânimo. No entanto, Abraão tinha uma visão espiritual, que deve ter partilhado com Sara, dum relacionamento chegado e contínuo com Deus, um relacionamento bendito que deve ter parecido inacreditável em épocas de desafios, provenientes da vida de pioneiros em terras estranhas, entre povos às vezes hostis.

A promessa de Deus a Abraão incluíra, desde o início, a certeza de que haveria uma bênção a todos os seus descendentes. De fato, Deus dissera: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:3. Ora, Sara não tivera filhos e, quando ambos estavam velhos, parecia que não teriam o filho pelo qual tanto ansiavam, para manter viva essa visão. Só algo profundamente espiritual — até mesmo intuitivo — poderia manter acesa neles dois a coragem moral de não abandonar de todo a esperança de ter um filho. Talvez tenha havido momentos em que, entre si, fizessem comentários pessimistas sobre sua situação difícil — comentários que só podiam ser entendidos devido aos muitos anos de experiência e dedicação mútuas e profundas. Não é de admirar, então, que Sara tivesse respondido como fez, ao ouvir a promessa de Deus a Abraão, de que ela teria um filho, quase aos noventa anos! “Riu-se, pois, Sara no seu íntimo, dizendo consigo mesma: Depois de velha, e velho também o meu senhor, terei ainda prazer?” Gênesis 18:12.

Simplesmente parecia demais para ser verdade e, no entanto, Sara possivelmente acabou aprendendo a não rejeitar as mensagens angelicais que contradiziam sua convicção de que ela estava muito velha para tal promessa. Sara teve o filho, criou-o até a idade adulta e esteve com ele até seu trigésimo-sétimo aniversário. Seu filho Isaque foi um elo vital na revelação espiritual do relacionamento inquebrantável do homem com Deus, que levou por fim à vinda de Cristo Jesus.

Você também riria como Sara, se a mensagem angelical lhe viesse hoje, dizendo que sua vida continha a promessa de ser parte da autorevelação do relacionamento inquebrantável de Deus com o homem? Tal mensagem pareceria ser forte demais, boa demais para ser verdade? Talvez todos tenhamos de interromper a rotina de nossas vidas diárias e dar atenção mais séria ao significado de nossas vidas e ao lugar e poder que Deus ocupa em nossas afeições e objetivos.

É inevitável que surjam perguntas, ao fazermos isso. Perguntas como: Tenho de fato reverência pela Vida divina, por Deus — e pelo homem como Sua imagem e semelhança? Estou alerta para a ventura espiritual e promessa de viver como filho de Deus? Sinto a santidade de minha própria vida e a da dos outros e estou ansioso para descobrir o poder, a presença e a orientação de Deus no exato instante em que leio esta revista?

Faz-se necessária muita coragem, coragem moral, para permitir esse tipo de perguntas em nossos corações e mentes, os quais habitualmente estão ocupados com coisas e posses inferiores e materiais.

A mulher que fundou este periódico, rompeu a barreira de crenças materiais da mente humana que procura o significado de tudo em aspirações e esperanças materiais e limitadas, inevitavelmente falhas. A Sra. Eddy descobriu, a brotar em si, a promessa divina e a convicção de que a Vida é Deus e que a Vida é Amor infinito e eterno. Viu que a vida humana tinha de começar a ceder a essa natureza eterna, para que as pessoas encontrassem felicidade, realização, paz e satisfação profundas.

Tal revelação espiritual trouxe renovação e vitalidade, levando-a a caminhos que, mais cedo em sua vida, teriam parecido resultado de pura imaginação. A Sra. Eddy descobriu nas Escrituras uma promessa espiritual a ser cumprida na vida de cada homem e mulher, não apenas na de algumas poucas pessoas excepcionais. Foi a visão do Amor universal e da salvação universal que a levou, de coração e alma, a buscar a lei divina subjacente às curas da Bíblia. Essa promessa espiritual está viva e disponível hoje em dia, a cada um de nós. E se estivermos dispostos a procurar todos os fatos, todos os fatos espirituais revelados na Bíblia e explicados nos ensinamentos da Ciência Cristã, e a abandonar em certo grau as crenças e convicções materiais e o hábito de confiar na matéria e na materialidade, então nossas vidas passarão por grande mudança e transformação.

Se há apenas uma coisa a aprender das Escrituras, não seria a coragem moral de olhar para além de nossas concepções materiais de vida e de verdade? Essa é a chave indispensável para haver descoberta profunda, e modificações que curam. Nunca é tarde demais para nos tornarmos esse tipo de pioneiro espiritual.

Todos temos a capacidade espiritual de perceber intuitivamente a realidade da presença e do poder vivificante de Deus em nossa vidas atuais. E essa capacidade espiritual mostra que o homem é a própria expressão da natureza divina de Deus. Essa “expressão” tem de ser expressa para sempre; tem de ter vida, vida eterna. A Sra. Eddy que enfrentou as trevas da dúvida, da invalidez e do desespero, escreveu: “... Exorto os cristãos a terem mais fé em viver do que em morrer. Exorto-os a aceitar a promessa do Cristo e a unirem a influência de seus próprios pensamentos com o poder de seus ensinamentos, na Ciência do ser. Isso interpretará o poder divino à capacidade humana e nos habilitará a apreender, ou conquistar, ‘aquilo para o que’, como Paulo diz no terceiro capítulo de Filipenses, também fomos ‘conquistado(s) [ou captados] por Cristo Jesus’ — a Vida sempre-presente que não conhece a morte, o Espírito onipresente que não conhece a matéria.” Unity of Good, p. 43.

A disposição de aceitar e viver de acordo com essa esperança e compreensão espiritual começará a dissolver os obstáculos mentais e a desarmonia que parecem impedir sua grande aventura como o filho de Deus.

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