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Devo ir a Nínive?

Da edição de janeiro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Gosto da história de Jonas contida na Bíblia. Sua clara mensagem da necessidade de estar atento e seguir a orientação de Deus, me fala ao coração. Não se referiria ela muito bem ao cenário atual, onde várias culturas estão se desenvolvendo lado a lado? Argumentos de incompatibilidade, de justificação própria, de injustiça pressionam-nos. O mundo poderia dizer que por causa dos diferentes tipos de educação e estilos de vida, as pessoas e as comunidades estão em pé de guerra umas contra as outras, cada lado julgando-se demasiado bom ou demasiado mau para viver de forma amigável com o outro lado.

Mas o Cristo redentor — revelando a verdade de que o homem é inocente e puro, à semelhança de Deus — desperta, em cada coração receptivo, um amor por toda a humanidade. O Cristo diz a cada um que Deus cuida de todos e que Sua terna presença salva-nos da justificação própria e da injustiça.

Na narrativa do Antigo Testamento, Deus disse a Jonas, um judeu que acreditava em um só Deus, que fosse a Nínive, uma cidade pagã de má reputação, a fim de admoestar o povo a se arrepender de seus costumes idólatras.

Essa ordem não era fácil de cumprir! Jonas não quis atendê-la. Talvez estivesse com medo. Ou, talvez, achasse que esse povo não merecia ser salvo, que estava tão longe da verdade que seria impossível transmitir-lhe algo. Talvez tenha pensado que se Deus salvasse até mesmo uma cidade pagã, o relacionamento exclusivo que os israelitas tinham com Ele ficaria prejudicado. Quaisquer fossem os argumentos, Jonas decidiu não ir a Nínive. Pensou que podia escapar das ordens de Deus.

A história continua, dizendo que ele decidiu tomar um navio que ia em direção oposta — para Társis. Mas sua desobediência a Deus sujeitou-o à violência do mar e a tempestades. Depois de ter sido lançado ao mar e acabado no ventre de um grande peixe, descrito tradicionalmente como uma baleia, Jonas voltou-se a Deus. Implorou a Deus que o salvasse e prometeu dar cumprimento aos votos feitos a Deus. O peixe lançou-o na praia, vivo.

Uma segunda vez veio-lhe a mensagem: “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive, e proclama contra ela a mensagem que te digo.” Jonas 3:2. Dessa vez ele foi. E o povo de Nínive ouviu a voz de Deus através de sua pregação. Eles estavam dispostos a se arrepender. Abandonaram seus maus costumes e foram salvos.

Ficou Jonas feliz com isso? Nem um pouco. Irritou-se por Deus ter sido misericordioso e sentou-se à sombra de uma planta enramada que crescera para cobrir sua tenda na colina fora da cidade. Jonas queria ver o que aconteceria à capital da Assíria. Mas, mesmo a planta que o protegera, lhe falhou por sua impiedade, e ele ouviu a censura divina a declarar a misericórdia de Deus para com todo o povo de Nínive — aquela multidão que, por sua ignorância, enveredara pelo mau caminho, mas que agora havia se arrependido.

Os estudiosos da Bíblia vêem na narrativa desse livro um protesto contra a exclusividade religiosa e a aversão às outras nacionalidades que predominavam entre os israelitas depois do exílio. E essa mensagem é eterna. Até hoje se lê esse livro por inteiro, na sinagoga, durante a festa religiosa judia denominada Yom Kippur. O relato revela que Deus cuida de todos. Um dicionário bíblico descreve assim essa mensagem: “Muitos gentios estavam dispostos a se arrepender, pelo menos os que pudessem aprender. Jonas preparou o caminho para a radiante aurora do Evangelho ... É uma história do Deus redentor em ação — o mais nobre período evangelístico e missionário da Bíblia.” Madeleine S. Miller e J. Lane Miller, Harper’s Bible Dictionary, 7a edição (Nova Iorque: Harper and Brothers, Publishers, 1961), p. 346.

Para o mundo, o supremo exemplo de coragem de enfrentar aquilo que tinha de ser feito, foi o de nosso Guia, Cristo Jesus. No jardim de Getsêmani, um pouco antes de sua crucificação, ele orou: “Meu Pai: Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres.” Ele podia, como disse depois, ter recebido, mediante a oração, “mais de doze legiões de anjos” Mateus 26:39, 53. para salvá-lo dessa provação. Mas optou, como havia optado tudo até aí, por enfrentar a crucificação. Esse ato de extremo sacrifício próprio por amor a Deus e à sua missão é hoje o que redime a humanidade do medo, do ódio, da divisão, e continuará a redimi-la no futuro. Foi um ato de infinito impacto sobre a humanidade, um exemplo para sempre.

A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Se desejamos seguir Cristo, a Verdade, precisamos fazê-lo da maneira indicada por Deus.” Ciência e Saúde, p. 326. E, noutra obra, ela explica: “... os favores celestiais são formidáveis: são chamados a deveres mais elevados, não desobrigam da solicitude. E aquele que constrói sobre uma base inferior à base imortal, construiu sobre a areia.” Christian Healing, p. 1.

Alguma vez já lhe pediram fazer algo em sua igreja que o deixou amedrontado?

Talvez tenham-lhe pedido para servir como bibliotecário na Sala de Leitura. Mas você tem medo de não saber o suficiente para responder às perguntas e atender aos desafios que surgirem. Ou você foi convidado a lecionar na Escola Dominical e diz: “Mas eu não sei transmitir idéias.” Pode ser que você tenha tido uma idéia que acha daria um bom artigo para um de nossos periódicos, mas você diz: “Não sei me expressar suficientemente bem.” Tudo isso pode ser chamado de “experiência de Jonas”.

Quando nos desviamos do propósito que Deus tem para nós, somos tentados a ir a Társis, em vez de a Nínive. Contudo, grande é a recompensa que nos espera à medida que enfrentamos o desafio e dizemos: “Sim, irei a Nínive”! A fortaleza espiritual que se expressa em não se esquivar dos “favores celestiais”, traz consigo uma sensação confiante da justiça das exigências de Deus. Então, não pode haver nenhum anseio de olhar para trás, mas somente a alegre expectativa de ver a bondade de Deus revelada em nossa experiência.

A história de Jonas mostra-nos claramente que, em algum momento, agora ou no futuro, teremos de encarar de frente os desafios, e derrotar os argumentos de que a humanidade é incapaz de salvarse. O inimigo que Jonas teve de enfrentar era a crença de que um grupo de pessoas fosse uma causa perdida, de que não havia nenhuma maneira de se modificarem ou de verem a luz — que, de fato, eles não mereciam ser salvos.

O inimigo que temos de enfrentar é a crença de separação nos bairros, nas comunidades, nas nações, nas famílias, nas igrejas. Também a falsa crença de que somos incapazes de agir para solucionar essas situações, que não sabemos o bastante e não temos suficiente preparo espiritual para mudar as coisas. Mas só podemos sentir-nos assim se pensamos que o estamos fazendo unicamente pela vontade e energia humana, que nós estamos efetuando a mudança. Realmente, não somos a fonte do bem — Deus é a fonte do bem. E nosso único dever é seguir o que Deus nos está dizendo para fazer hoje. Quando enfrentamos, sem temor, o que deve ser feito para divulgar o evangelho da terna solicitude de Deus por todos, diremos, com alegria: “Sim, irei a Nínive. Não há outro rumo a seguir.”

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