Alguma vez você teve a impressão de que o único contato amistoso com muitos dos membros de sua igreja, não passa de uma breve saudação após o culto dominical? Um meneio da cabeça num alô, um momentâneo aperto de mão, um sorriso ou um aceno às pessoas lá da frente a caminho do estacionamento.
Tudo isso é importante, sem dúvida. Contudo, quando consideramos as necessidades profundas de um mundo que é tantas vezes polarizado pelas diferenças entre os povos, percebemos que algo mais substancial do que uma camaradagem superficial, se faz necessária em nossa vida de igreja. A ignorância, o preconceito, a apatia evidenciada pelo desinteresse e o egoísmo que divide a humanidade, realmente só podem ser combatidos com êxito de um ponto de vista de unidade espiritual. E o denominador comum de juntos rendermos culto ao Cristo, torna-se uma força poderosa em prol da cura, para ajudar a fechar as brechas que talvez existam bem dentro de nossa própria comunidade e de nossa própria vida.
Os escritores do Novo Testamento usam a palavra grega koinonia. Aparece em muitas das epístolas e é amiúde usada para descrever esse elo especial que existia entre os leais seguidores dos ensinamentos de Cristo Jesus durante aqueles primeiros anos da nova Igreja. Koinonia refere-se ao estreito relacionamento, ou amizade, que era tão vital aos primeiros cristãos. Com tamanhas incompreensões e perseguições como as que tiveram de enfrentar, os cristãos primitivos necessitavam de uma solidariedade profundamente enraizada em Deus. O sucesso da missão deles dependia dessa solidariedade.
Numa das epístolas do Novo Testamento aos crentes cristãos, João fala do contato direto que os apóstolos tinham com o Salvador, e de seus ensinamentos. “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão [koinonia] conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” A epístola descreve também a mensagem trazida por Jesus: “que Deus é luz”, e diz: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros.” 1 João 1:3, 5, 7.
A epístola de João parece indicar a união essencial com Deus que precisa ser demonstrada se quisermos ter união real e duradoura uns com os outros. Somente quando o relacionamento de cada um com Deus fica claramente estabelecido numa base cristãmente científica, pode o indivíduo partilhar da profunda amizade cristã com outros, essa amizade que se faz tão necessária no mundo.
A Ciência Cristã ensina que Deus é o Amor supremo, o criador e a fonte de tudo o que é bom e verdadeiro. Deus não criou um universo físico e temporal de forças opostas, de bem e mal, de substância material e espiritual, de vida e morte. A criação de Deus é somente boa. E o homem criado por Deus expressa apenas a Verdade divina. O homem é inteiramente um reflexo espiritual. A criação de Deus manifesta continuamente a Vida infinita, sem qualquer término. O homem espiritual, nossa própria e verdadeira identidade, é a imagem e semelhança perfeita e completa de Deus. O homem coexiste com seu criador e não pode sofrer nenhum lapso de unidade com a fonte de seu ser. O relacionamento do homem e Deus é a essência da identidade individual. Porque Deus é a Vida imortal, o homem vive, por reflexo, para sempre. Não pode haver rompimento nesse relacionamento essencial entre Deus e Sua criação, entre o Pai-Mãe e o filho, entre a Mente divina e a idéia, o Amor infinito e expressão.
Quando oramos para compreender esse relacionamento e para levar uma vida aqui e agora de acordo com essas exigências, nossa existência manifesta mais do espírito do Cristo e do amor de que a humanidade necessita tão grandemente. Passamos a perceber que o que é a verdade derradeira de nosso próprio relacionamento individual com Deus, é também verdadeiro no que concerne a todo homem, mulher e criança em seu ser espiritual real. Então o elo especial, a koinonia que descobrimos com os companheiros de igreja numa base dessa visão crística da realidade, amplia-se naturalmente para incluir os vizinhos e as comunidades servidas por nossas igrejas, e toda a humanidade.
Numa carta que a Sra. Eddy escreveu certa feita aos membros das igrejas de Chicago, ela falou do progresso que as igrejas da Ciência Cristã estavam obtendo nessa cidade, e disse: “Uma grande sanidade, um algo portentoso enterrado nas profundezas do invisível, elaborou uma ressurreição entre vós, e se transformou em amor vivente. O que é esse algo, esse fogo de fênix, esse pilar de dia, iluminando, guiando e guardando o vosso caminho? É a unidade, o elo da perfectibilidade, a expansão mil vezes maior que envolverá o mundo — unidade que desdobra o nosso pensamento mais íntimo até chegar este ao que é maior e melhor, a soma de toda realidade e todo bem.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 164.
Quando a comunhão cristã se baseia numa compreensão espiritual de unidade, continuamos por certo a sorrir e a dizer alô depois do culto dominical. No entanto, também estaremos sentindo um amor tão profundo, uma solicitude tão genuína e um compromisso comum de servir a Deus que dá nova força ao nosso discipulado e um objetivo mais grandioso à nossa vida. “Uma grande sanidade” evidencia-se realmente em unidade espiritual. Continuará a elaborar “uma ressurreição” entre nós. Nossas igrejas haverão de servir melhor nossas comunidades e de atender mais eficazmente à necessidade que as pessoas têm de serem curadas. E ao cumprir nossa própria missão individual de cura por meio do Cristo, nós também serviremos melhor os nossos vizinhos e nos sustentaremos reciprocamente na verdadeira comunhão cristã.
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor,
que andeis de modo digno da vocação
a que fostes chamados,
com toda humildade e mansidão,
com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor.
Efésios 4:1, 2
 
    
