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“Orei de todo o coração, como jamais o fizera”

Da edição de novembro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Tudo aconteceu tão depressa, que nem soube o que dizer. Eu estava saindo de casa para andar a cavalo, quando uma pessoa de minha família me disse, irritada, que eu deveria parar de ler “aquele livro” (meu exemplar de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy). Voltei-me e escutei, até ela terminar as acusações. Quase não conseguia ver através das lágrimas que me inundavam os olhos, mas consegui dizer: “Vou andar a cavalo. Volto daqui a algumas horas.”

Durante as duas horas seguintes cavalguei a toda a brida. Ao mesmo tempo eu orava para livrar-me do desapontamento, da mágoa e da auto-justificação que haviam aparecido não sei de onde para estragar um típico dia de verão. Enquanto cavalgava em círculos num grande trecho plano, pensei no que havia acontecido e em como Deus poderia me ajudar.

Não era a primeira vez que minha família mostrava-se descontente com o fato de eu estudar a Ciência Cristã. Nossas divergências haviam iniciado dois anos antes, quando começara a freqüentar uma igreja da Ciência Cristã. Discutíamos por outros assuntos também: política conservadora ou liberal, roupa de moda entre jovens e qual dos meus amigos era boa companhia para mim. Mas em nenhuma discussão os argumentos utilizados se igualavam às chispas que saíam durante as batalhas verbais sobre minha escolha quanto à religião.

Havia algo muito errado no fato de surgirem brigas entre pessoas que deviam amar-se. Eu pensava: “Será que Deus nos fez assim?” Eu tinha certeza de que Deus é responsável pela existência do homem. Parecia bastante óbvio que não era Deus que fazia o homem sentir ódio e rancor, porque Deus é Amor. Seria contrário à natureza do homem que Deus criou, ser ele dominado num momento pela afeição e no momento seguinte pela raiva. O homem reflete seu criador, o Amor divino, ininterruptamente, em abnegação, imparcialidade, amor, que são qualidades espirituais. Por isso, a explosão de maus sentimentos era algo que não fazia parte nem de mim nem de meu parente e tomei a decisão consciente de não guardar ressentimento contra esse indivíduo.

Então, orei de todo o coração, como jamais o fizera. Declarei para mim mesma, de centenas de maneiras, que Deus, o Amor, é o criador do homem, de mim, de meus pais, de meu irmão e de minha irmã, e que Ele havia feito o homem para ser a Sua semelhança.

Continuei a afirmar a realidade da criação divina e procurei eliminar de meu pensamento a impressão de que existia uma família com opiniões conflitantes sobre religião, onde havia falta de compreensão. Deus certamente estava me ajudando, pois logo me senti cônscia da totalidade e do poder do Amor divino. Na antiga pista de corrida em que estava cavalgando, vi tudo com outros olhos. As nuvens, os eucaliptos, eu mesma, meu cavalo, tudo era amado por Deus. Ao passar trotando pela plantação de mostarda que crescia junto à cerca, senti que era o Amor que fazia até mesmo essa planta viver. Nada que não viesse de Deus, podia ser real, nem sentimentos de mágoa, nem brigas, nem pessoas voluntariosas.

A sensação de mágoa passou. Quando cheguei em casa, a pessoa que falara tão asperamente comigo veio ao meu encontro e disse: “Nunca mais vou falar com você nesse tom!” Foi o fim desse tipo de ressentimento.

Durante certa época eu achava que as brigas entre pais e filhos, irmãos e irmãs, faziam parte do período de crescimento, mas quando me tornei adulta as discussões com outras pessoas não cessaram automaticamente. Afinal, percebi que qualquer seja o conflito, precisa ser sanado, independente do motivo ou da idade das pessoas envolvidas.

Percebi que, quando fico zangada com alguém, as palavras de Cristo Jesus vão direto ao centro do problema a ser sanado. Jesus disse aos seus discípulos: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.” João 15:19.

Na verdade, não é uma pessoa que odeia ou famílias que se odeiam. É aquilo que Cristo jesus chamou de “mundo”, o que tenta evitar que haja harmonia no relacionamento entre as pessoas. Essa mundanalidade é a falsa convicção de que o mal é real e poderoso. Os artifícios da mundanalidade, tais como contrariedade, obstinação, ressentimento, não são criações de Deus, o Espírito. A identidade espiritual do homem como imagem de Deus não pertence ao mundo, mas sim a Deus. A espiritualidade que inclui paciência, maturidade, amor e compreensão, é o que constitui nosso verdadeiro ser. Não há meio de o homem de Deus ser uma mistura de mundanalidade e santidade, já que o criador do homem, Deus, é somente o bem.

Às vezes o egoísmo ou o temperamento parecem fazer parte do nosso caráter. A verdade, porém, é que nenhum pecado jamais faz parte daquilo que realmente somos como semelhança de Deus. A susceptibilidade e o egocentrismo deixam de parecer parte de nós, quando não mais avaliamos nossa natureza com base em erros passados e sim, reivindicamos a santidade que é nossa como expressão do Espírito. Ciência e Saúde explica, nas seguintes palavras, por que razão devemos ater-nos ao que Deus sabe sobre nós: “Os cinco sentidos materiais testificam estarem a verdade e o erro reunidos numa mente que a um só tempo é boa e má. Seu testemunho falso cederá finalmente à Verdade — ao reconhecimento do Espírito e da criação espiritual.” Ciência e Saúde, p. 287.

No calor de uma discussão, as palavras inflamadas vêm à tona tão de repente que temos de esforçar-nos para não ser levados pelo impulso de responder da mesma maneira. A oração nos indica o modo de manter o controle e perdoar, mesmo que nos sintamos impelidos a magoar aquele que pensamos ter-nos magoado. A oração que recorre a Deus como o único poder verdadeiro, deposita a confiança nEle. Deus é a Mente única e cria o homem com o objetivo de que este reflita somente a Deus. É improvável que nos envolvamos em conflitos repentinos, quando reconhecemos que tanto nós como os outros somos governados exclusivamente por Deus.

Nos anos seguintes àquele incidente explosivo houve outras situações em minha família, que me fizeram orar profundamente, mas estamos nos entendendo cada vez melhor. Todos nós, individualmente, expressamos mais gentileza e mais tolerância. Em vez de brigar, temos genuíno interesse na felicidade de cada um. Agora conseguimos conversar sobre quase todos os assuntos, até mesmo religião, sem discutir. Como nos amamos uns aos outros, não nos expressamos com palavras explosivas, elas nem sequer nos passam pelo pensamento.

Por meio da oração e do crescimento espiritual, o conceito que eu tinha a meu respeito e a respeito de outras pessoas começou a mudar. A experiência me ensinou que a oração em que nos recusamos a ver a nós mesmos ou aos outros como inflexíveis, insensíveis ou egoístas, tem o efeito curativo de redimir o caráter daquele que ora. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “A Verdade faz uma nova criatura, na qual as coisas antigas passam; ‘eis que se fizeram novas’. Paixões, egoísmo, falsos apetites, ódio, medo, toda sensualidade, cedem à espiritualidade, e a superabundância do ser está do lado de Deus, o bem.” Ibid., p. 201.

As brigas não precisam fazer parte da vida familiar. Podemos reconhecer-nos uns aos outros da maneira que Deus nos criou. Quando assim fazemos, não resta motivo algum para desentendimento.

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