Neste mundo de tanta pressa e agitação, a valiosa qualidade da compaixão está se tornando cada vez mais difícil de encontrar. Talvez tenhamos um amigo muito especial, que expressa muita compaixão e amor por nós, o que faz com que os momentos que passamos ao seu lado se tornem preciosos. Essa compaixão nos aquece o coração, e talvez muitas vezes tenhamos pensado em como seria bom se também nós pudéssemos expressar o mesmo calor humano, carinho e compaixão.
Você não acha que Cristo Jesus deve ter demonstrado esse tipo de amizade aos discípulos? A Bíblia nos conta que, quando Jesus, depois da ressurreição, apareceu a dois de seus discípulos a caminho de Emaús, estes ficaram profundamente comovidos com suas palavras. Os dois discípulos estavam muito tristes com a crucificação de Jesus, e a princípio não o reconheceram. Quando finalmente perceberam quem ele era e ele então partiu, os discípulos comentaram: “Porventura não nos ardia o coração, quando ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” Lucas 24:32. Mesmo antes de reconhecê-lo, esses dois discípulos sentiram o grande amor e compaixão que emanavam de Jesus.
O amor puro é uma qualidade espiritual que o homem expressa como reflexo de Deus. Nossa compaixão origina-se nesse amor, e inclui a força e a autoridade espirituais que manifestam-se de forma tão simples na cura. A compaixão que Cristo Jesus expressava não consistia apenas de palavras e belos sentimentos, mas manifestava-se em ações. Jesus curou os doentes, ressuscitou os mortos, restaurou a vista aos cegos, alimentou os famintos. E também ensinou seus seguidores a curar.
Talvez nos perguntemos: “Então por que esse qualidade sagrada, que é a compaixão, parece tão difícil de encontrar? Será que somente pessoas ‘especiais’ podem possuí-la e expressá-la?” É claro que não. A compaixão é uma qualidade natural que todos nós possuímos, e todos podemos desenvolver a capacidade de expressá-la.
Voltemos ao exemplo de nosso Mestre e de seus discípulos. Dois outros discípulos, Pedro e João, expressaram a verdadeira compaixão, que resultou em cura, como é relatado num incidente que lemos no livro de Atos. Eles estavam entrando no templo, quando foram abordados por um homem coxo que costumava ficar junto à porta, pedindo esmolas. Quando viu Pedro e João, dirigiu-se a eles e pediu-lhes dinheiro, como normalmente fazia com todas as pessoas.
Mas Pedro percebeu a necessidade real daquele homem e condoeu-se dele. Demonstrou comiseração e compaixão verdadeira, a ponto de volver-se a Deus e curar o homem coxo. Pedro disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” E a Bíblia continua: “E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus.” Atos 3:6–8.
Ora, talvez Pedro e João pudessem ter dado dinheiro ao homem, para ajudá-lo a comprar alguma coisa para comer ou vestir, ou ainda ajudar sua família durante algum tempo. A compaixão que Pedro expressava, porém, ia muito além de qualquer solução temporária. O que Pedro fez não foi só curar o homem, mas modificou-lhe completamente a vida!
As Escrituras ternamente nos ensinam: “Benigno e misericordioso é o Senhor.” Salmos 111:4 (conforme a versão King James). Os Evangelhos mencionam muitas vezes a compaixão de Jesus: “Tenho compaixão desta gente,” “Condoído Jesus, tocoulhes os olhos” (na cura dos dois cegos), “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas.” Mateus 15:32; 20:34; 9:36. Nos dias de hoje, o Cientista Cristão legítimo, assim como todos os cristãos, esforçam-se para seguir o exemplo do Mestre e cultivar essa compaixão que traz cura. Cada um de nós pode fazer isso, pois a verdadeira compaixão origina-se em Deus e não é uma qualidade da qual apenas algumas pessoas são dotadas. Ela pertence a todos aqueles que, com sinceridade, queiram aceitar e aprender a expressar a compaixão curativa que Cristo Jesus demonstrou.
É correto e natural que expressemos sentimentos de amor, de alegria e de consolo. E nossa terna compaixão, fundamentada na compreensão do poder de Deus, o Amor divino, pode trazer-nos a cura de que necessitamos. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Se quisermos abrir aos doentes as portas de sua prisão, temos de aprender, primeiro, a restaurar os quebrantados de coração. ... A palavra de ternura e o encorajamento cristão dados a um doente, a paciência compassiva para com seus temores e o afastamento destes, valem mais do que hecatombes de borbotantes teorias, de discursos estereotipados e plagiados, e de argumentos que não passam de outras tantas paródias à Ciência Cristã legítima, abrasada de Amor divino.” Ciência e Saúde, pp. 366–367.
A apatia, a frialdade, a grosseria, a falta de sensibilidade não se originam no Pai-Mãe Deus todo-amoroso. Ao orar para superar essas qualidades negativas, estaremos capacitados a expressar, em maior grau, carinho e amor mais abrangentes pelas outras pessoas. E exatamente quando parece que estamos cercados pelo mal por todos os lados, quando a escuridão, a apatia, a frialdade e a dor mais parecem nos tentar, nesse exato momento podemos fazer uma opção: podemos optar pelo caminho do Amor divino que eleva o nosso pensamento a Deus e cura, ajusta e provê aquilo de que necessitamos. Também nós podemos sentir essa compaixão e curar.