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“Dádivas mais valiosas que as dos Reis Magos”

Da edição de dezembro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Era uma peça de Natal, na escola elementar. Os projetores iluminavam os flocos de sabão que caíam do teto, assemelhando-se a neve. Pelo menos assim parecia, senão à platéia, pelo menos aos pequenos atores.

Com onze anos, não percebi que a peça era sentimental, uma das mais batidas e sovadas desse gênero. Eu estava demasiado ocupado em decorar meu pepel, maior do que jamais pensara ser capaz de memorizar. Além disso, eu achava que para desempenhar meu personagem com alguma verossimilhança, teria que me assemelhar ao menino da peça.

Não me recordo já da história, mas era sobre um menino muito pobre, que colocou sua última moeda na caixa das esmolas do altar. Então os sinos da catedral, silenciosos havia muitos anos, repicaram na véspera do Natal. Em vista disso, comecei a esforçar-me por ser bonzinho. Não é que eu não o fosse, mas esse esforço por ser bom, consciente e perseverante, de minha própria iniciativa e por meus próprios motivos, era novidade, e tornou inesquecível esse Natal.

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