Existe algo dentro de nós que é atraído pela veracidade. Não desejamos ser enganados quanto às coisas importantes, nem ficar sem entendê-las. Do início ao fim, as Escrituras estão permeadas de referências à verdade. Logo, é fácil compreender por que, nos ensinamentos da Ciência Cristã, a palavra Verdade é um dos sinônimos de Deus. Contudo, às vezes a verdade parece esquiva, quer essa palavra esteja sendo associada a Deus, quer usada no seu sentido comum.
Ao ler a Bíblia, é freqüente constatarmos que a descoberta da verdade vem acompanhada das mais irônicas e inesperadas séries de acontecimentos. Por exemplo: a unicidade de Deus foi uma poderosa descoberta que alterou de modo dramático o relacionamento entre os egípcios e os filhos de Israel. Mas se você fosse cidadão egípcio ou funcionário do governo no século treze A.C., acharia razoável que tão profundo vislumbre da natureza de Deus, viesse por intermédio de uma criança que fora encontrada numa pequena embarcação feita de juncos? Mais incrível ainda, você esperaria que essa criança, ao atingir a maturidade, fugisse para um exílio distante e voltasse anos mais tarde para liderar a saída de um grupo de escravos, de uma das mais ricas nações? No entanto, esses acontecimentos inesperados conduziram aos Dez Mandamentos e à profunda adoração de Deus como o único Deus.
Consideremos Cristo Jesus e o que ele revelou da Verdade divina. Na época, o Império Romano era poderoso e devia contar com muitas pessoas astutas e capazes, pessoas dotadas de indubitáveis dons espirituais. Seria lógico duvidar que no seio de uma modesta família de um vilarejo da Galiléia pudesse viver uma criança, cuja existência estava destinada a mudar o império.
Em dias mais contemporâneos, examinemos de perto a Ciência Cristã pelos olhos do público. Trata-se de uma religião que alega curar mediante a lei espiritual. Ensina também que esse poder de curar é natural, sendo elemento essencial à descoberta da Verdade divina. Essas duas afirmações, por si só, são extraordinárias. Mas quando se lhes acrescenta o fato de que esse sistema de cura foi revelado a uma mulher do século dezenove, nascida na Nova Inglaterra, e que por ocasião dessa descoberta, era ela muitíssimas vezes atacada de invalidez e nem sequer cursara uma universidade, nem jamais ocupara cargo algum de reconhecido status público, e... bem, você entendeu, não é mesmo?
Será que entendemos? Qual é a natureza exata do advento da Verdade divina?
Às vezes, a busca da Verdade é repleta de ironia. A Verdade é encontrada de maneira característica, quando o conhecimento humano é pressionado aos seus extremos conhecidos. É nesse ponto extremo, quando o pensamento humano não sabe mais que caminho seguir e começa a ceder a reclamos mais divinos, que se descobre Deus, a Verdade divina.
Esse fato tem implicações profundas para que nós mesmos venhamos a descobrir a lei de Deus, a lei que atua na consciência humana para mostrar o que Deus criou de fato.
A Ciência Cristã afirma que o mal, a doença, a morte, a discórdia e o medo não são verdades autoconstituídas acerca da existência do homem. Deus é Verdade. E dentro da própria natureza de Deus não existe mal algum, não existe coisa alguma divina a sustentar o pecado ou a doença. Dentro de nós existe, no entanto, a pureza espiritual que começa a captar vislumbres dessa grande realidade. Cristo Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” Mateus 5:8. Não é a força mental do intelecto humano, nem a complexidade do precedente estabelecido pelas explanações ou teorias humanas, o que revela a Verdade, ou seja, Deus. No entanto, quando tudo o que é material começa a ceder à Verdade e ao Amor divino, as pessoas começam a captar e experimentar a realidade da presença e do poder de Deus.
Será que a descoberta da Verdade, isto é, de Deus como o grande Eu Sou, teria vindo através de vias faraônicas? Será que a descoberta de que o homem é filho espiritual de Deus teria vindo através do Império Romano com seus vastos recursos? Será que a Ciência Cristã e suas explanações curativas da lei divina surgiram por meios que já estavam estabelecidos no século XIX? Muito embora a Verdade divina não tenha sido revelada através desses meios, é surpreendente constatar que a revelação da Verdade poderia haver surgido através dos mais inesperados canais. A Verdade só pode chegar à consciência humana, independentemente de lugar, empecilhos materiais que muitas vezes se apresentam exatamente nos momentos mais álgidos, desde que o preconceito humano cumpra com a necessidade de ceder à mensagem divina.
O ceder dos preconceitos oriundos apenas dos sentidos materiais, sejam eles preconceitos que sugerem que a doença é irreversível ou que o pecado tem atrativos, esse ceder constitui o eixo espiritual ao redor do qual gira a descoberta da Verdade, ou seja, o reconhecimento do que Deus é. Onde quer que a crença material na realidade de algo à parte da Verdade e do Amor comece a se desintegrar, nesse ponto Deus e o homem como filho perfeito e destituído de pecado, serão reconhecidos de maneira profunda, eclipsando o ponto de vista terreno.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Temos provas esmagadoras de que a mente mortal pretende governar cada órgão do corpo mortal. Essa assim chamada mente, porém, é um mito, e por seu próprio consentimento tem de ceder à Verdade. Desejaria empunhar o cetro de um monarca, mas não tem poder. A Mente divina imortal tira-lhe toda a suposta soberania, e livra a mente mortal de si mesma. A autora esforçou-se por fazer deste livro o Esculápio da mente bem como do corpo, para que ele possa dar esperança aos doentes e curá-los, embora estes não saibam como a obra se efetua. A Verdade tem efeito curativo, mesmo que não seja de todo compreendida.” Ciência e Saúde, p. 151–152.
Ora, quem vai acreditar que a verdade pode ser conhecida, que Ciência e Saúde é a porta pela qual os homens e as mulheres de hoje podem chegar ao reino de Deus e descobrir o significado espiritual da vida e da lei divina sobre o qual se baseia? Isso seria irônico, não é mesmo? Mas essas ironias acompanham a descoberta espiritual e o reconhecimento de nossa verdadeira identidade como filhos de Deus.
 
    
