Um dia, um jovem descreveu para mim os vastos campos de trigo do norte da China, onde vivera quando criança. Em detalhes pitorescos retratou o processo inteiro do crescimento do trigo. “Não dá para reconhecer o joio,” ele disse, “até um pouco antes da colheita. Quando o trigo fica dourado, o joio aparece.”
“A senhora alguma vez já viu joio?” perguntou. “Até surgir a espiga do trigo, não é fácil distinguir entre um e outro e, quem não sabe isso, pode destruir o trigo novo junto com o joio. O joio não dá fruto útil, mas só a colheita deixa evidente esse fato.”
Tendo sido criado em estrita conformidade com a fé budista, esse jovem regozijou-se muito, anos mais tarde, ao encontrar, na Bíblia cristã, a parábola de Cristo Jesus sobre o homem que semeou boa semente em seu campo e acabou encontrando joio também. Ver Mateus 13:24–30. Ao estudar a Bíblia em conjunto com Ciência e Saúde, o livro texto da Ciência Cristã de autoria da Sra. Eddy, encontrou a seguinte explicação da parábola, dada pela Sra. Eddy segundo a metafísica divina: “A crença mortal (o sentido material da vida) e a Verdade imortal (o sentido espiritual) são o joio e o trigo, que o progresso não une, porém separa.” Ciência e Saúde, p. 72.
A atitude moral ilustrada pela parábola tornou-se muito vívida para ele: que o joio, crescendo lado a lado com o trigo, tem de ser reconhecido, antes de ser arrancado para que o trigo possa ser recolhido e a Ciência do Cristo, demonstrada. Admirou-se do acerto com que Jesus utilizou a separação do trigo e do joio para ilustrar a atividade da salvação, que extirpa o mal e desenvolve nossa percepção do bem divino. O Mestre provou à sua maneira que, pela demonstração do ser real, podemos ver o fim do materialismo e o aparecimento da realidade espiritual.
Outro jovem, engolfado em drogas, sem dúvida precisava ver e demonstrar essas verdades. Havia sido abandonado quando criança e crescera sem a orientação positiva dum adulto. Por fim, começou a usar drogas. Começando com maconha, percorreu a lista completa, inclusive heroína e morfina. Durante onze anos, lutou com todas as torturas do vício. Então, com irresistível desejo de escapar da frustracão dessa vida deplorável, procurou ajuda duas vezes numa instituição de saúde pública, mas não encontrou cura permanente. A vida para ele ia dum momento de desolação para o seguinte, até sentir-se em total desespero. Não via razão para viver.
Nesse ponto, um conhecido, vendo seu desespero suicida, deu-lhe um exemplar de Ciência e Saúde. Embora tendo pouca instrução, esforçou-se para ler algumas palavras do livro, até encontrar algo que pudesse entender. Sentiu-se reconfortado em saber que existe um Deus e que era possível que Deus o conhecesse e que o poder divino pudesse livrá-lo dessa situação.
Na grande cidade em que morava, vagando pelas ruas, esse jovem muitas vezes ia preso. Uma manhã, após ser solto, foi a um grande edifício de escritórios e, da lista de ocupantes, escolheu o nome duma praticista da Ciência Cristã. Um tanto ressabiado, mas desesperado para fazer algo a respeito de sua vida, armou-se de coragem, bateu à porta do escritório da praticista e entrou. Mais tarde, comentou que se sentiu como se tivesse saído das profundezas do poço mais tenebroso e entrado num mundo que nunca vira antes, um mundo de gentileza, de esperança e de luz.
A praticista assegurou-lhe que ele podia deixar o sofrimento para trás e seguir avante. Explicou-lhe que sua identidade espiritual genuína não tinha um histórico de mal, nem de um homem mau; ele não estava programado para a tragédia. Após semanas de explicações espirituais como essa, um dia a praticista, muito espontaneamente, lhe contou a parábola de Jesus sobre o trigo e o joio e comparou-a à experiência do rapaz. Este logo entendeu que o joio das crenças falsas não mais podia impedi-lo de demonstrar o ser do homem que Deus fizera. A cura começou a se realizar.
A intensidade de seu desespero dissolveu-se. Identificou-se sinceramente com o bem na consciência humana. Aliou-se a Deus e ao bem, em sua identidade verdadeira. Por fim, ficou completamente curado do desejo de tomar drogas, sob qualquer forma. Ansiava tornar-se um membro útil da sociedade. A falta de instrução foi compensada mediante aulas com um professor particular. Encontrou trabalho honesto e, aos poucos, elevou-se a uma posição de responsabilidade. Começou vida nova. Viu que sua identidade real era espiritual, como expressão de Deus.
A Ciência Cristã mostra a cada um de nós como começar com o fato absoluto de que o bem espiritual é discernível, de que temos a capacidade dada por Deus de ver claramente e de distinguir entre o verdadeiro e o falso. Por meio de autodisciplina espiritual, descobrimos nossa própria identidade genuína em Cristo. A mensagem de Jesus mostra que, por mais que a salvação se aplique a toda a humanidade, só se aplica a nós na medida em que toca e corrige nosso pensamento e nossa conduta.
Em todo o mundo de hoje, vemos retratações vívidas do joio e do trigo, crescendo juntos. A leitura diária do jornal The Christian Science Monitor nos fornece uma base eficaz que nos indica para que ou pelo que orar, para ajudar na colheita purificadora e para ver o Cristo, a Verdade, em ação na consciência humana, para benefício de todos. Ao orar, nosso pensamento percebe a realidade espiritual subjacente, a verdade que resolve todo problema no cenário humano. A mensagem de nosso Guia é clara para os que, de coração atento, estão prontos para a colheita: “Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.” Assim comparamos a justiça do reino dos céus com o trigo no campo, e a mortalidade terrena com o joio que pretende arruinar o campo perfeito, se não for descoberto e destruído. Ao perscrutar bem as características de nossos desafios contemporâneos, pensemos e trabalhemos de acordo com a moral da parábola de Jesus, compreendendo o sentido desta mediante a Ciência do Cristianismo que nosso Guia viveu.
Na época da colheita mental, as pessoas têm de escolher entre o lado do bem e o do mal. Cada um de nós tem de tomar essa decisão e, ao fazê-la, recorramos às Escrituras. Cristo Jesus, nosso grande Modelo, em cada circunstância escolheu, de modo infalível, o bom e o verdadeiro. O poder do Cristo está aqui, hoje, habilitando-nos a ter e a exercer o mesmo poder discriminador, ao amplificarmos o bem, o trigo, na consciência humana. A colheita está aqui e aguarda cada um de nós, na medida em que, mentalmente, apreendemos a imagem do Cristo em nossa consciência.
Por meio de estudo consagrado da Bíblia e das obras de nossa Líder, a Sra. Eddy, aprendemos a escolher entre o bem e o mal, e tomamos partido pelo bem como manifestação de Deus. Reconhecemos a totalidade do bem e a conseqüente irrealidade, a não existência, de qualquer suposto contrário. Assim, embora de modos variados, podemos, por meio de sinais que se seguem, cumprir a ordem de nossa Líder de demonstrar aquela Ciência do Cristianismo que “vem de pá na mão para separar a palha do trigo”.Ibid., p. 466.
