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Deserto — o vestíbulo para a liberdade

Da edição de fevereiro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Os israelitas não encontraram a liberdade total ao deixar o Egito, sua terra de cativeiro. Encontraram a liberdade real da escravidão depois de atravessar o deserto. Durante essa experiência, puseram em dúvida tudo aquilo em que antes haviam acreditado, inclusive a promessa perpétua de que Deus cuidaria deles. Do ponto de vista geográfico, estavam num deserto entre o Egito e a terra de Canaã. Do ponto de vista mental, estavam entre o medo de um futuro incerto e a percepção mais intensa de que o poder de Deus se encontra presente.

Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, o livro-texto da Ciência Cristã, a Sra. Eddy começa com a definição do termo bíblico deserto nas seguintes palavras: “Solidão; dúvida; trevas.” Ciência e Saúde, p. 597. Os israelitas provavelmente pensaram que seu líder, Moisés, os havia levado a situação igual. O narrador do Êxodo registra claramente a lamentação do povo: “Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto.” Êxodo 16:2. O povo duvidava de que Deus pudesse ajudá-lo e preferia voltar à escravidão no Egito, onde suas necessidades físicas haviam sido atendidas.

Foi nesse ponto da luta pela liberdade que Deus lhes deu o maná. E, a cada passo do caminho, em que pendiam entre duvidar de Deus e louvá-Lo, tinham de aprender novas lições. Mas, quando os velhos costumes e crenças foram postos de lado, o povo estava pronto para entrar na Terra Prometida. A Sra. Eddy nos ajuda a compreender a natureza essencial dessa fase de progresso, na segunda parte de sua definição de deserto: “Espontaneidade de pensamento e de idéia; o vestíbulo onde o sentido material das coisas desaparece, e onde o sentido espiritual revela as grandes verdades da existência.”

Um vestíbulo é uma passagem, uma antecâmara. Considerar o deserto como o trampolim em uma mudança para melhor, não é mera visão cor-de-rosa e otimista dos problemas humanos. O vestíbulo representa aquele momento crítico, em nosso progresso, em que estamos prontos a abandonar as crenças limitadas que nos escravizam, e a vislumbrar a verdade de que Deus é a fonte ilimitada e constante de tudo aquilo de que precisamos, não importa onde estejamos.

Em termos humanos, podemos deter-nos no vestíbulo por um instante ou por anos, como se deu com os israelitas. Estes, durante sua estada no deserto, receberam os Dez Mandamentos, bem como o suprimento diário de maná, que os sustentou. Do mesmo modo, em nossa permanência no vestíbulo, aprendemos que as verdades espirituais básicas sobre Deus e o homem não são teorias intelectuais, frias e inertes, à espera de serem aplicadas em data posterior. São relevantes e eficazes, provando o cuidado de Deus por nosso desenvolvimento, a cada passo.

Cristo Jesus demonstrou a natureza amorosa e solícita de Deus, ajudando os necessitados e os que estavam prontos para serem elevados. Fariseus e escribas questionaram Jesus quanto a esse ponto. Queriam saber por que passava tempo com pecadores. Segundo Lucas, Jesus respondeu a essa posição elitista na religião com três parábolas que ilustram, de modo cabal, a natureza terna e magnânima de Deus, Deus onipotente e inteiramente amoroso. Cada parábola fala numa perda: uma ovelha extraviada, uma moeda perdida, um filho pródigo. Ver Lucas 15:1–32. O pastor saiu em busca de sua ovelha, a dona de casa persistiu até encontrar a moeda, o pai nunca deixou de amar e aguardar o seu filho distante.

As seguintes palavras de Ciência e Saúde apontam para o fato de que nunca ficamos abandonados: “Existe hoje em dia o perigo de se repetir a ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando: ‘Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?’ Que é que Deus não pode fazer?” Ciência e Saúde, p. 135.

É engano pensar que o deserto seja algo menos do que uma oportunidade de crescer espiritualmente. E esse equívoco nos oculta o caminho mais curto para sair do deserto, porque nos concentra a atenção na aparente realidade da confusão e da dúvida. É mais eficaz aprofundar-nos em compreender o relacionamento entre Deus e Seu reflexo, o homem. Ciência e Saúde declara: “As relações entre Deus e o homem, o Princípio divino e a idéia divina, são indestrutíveis na Ciência; e a Ciência não concebe um desgarrar-se da harmonia, nem um retornar à harmonia, mas sustenta que a ordem divina ou lei espiritual, na qual Deus e tudo o que Ele cria são perfeitos e eternos, permaneceu inalterada em sua história eterna.” Ibid., pp. 470–471.

A verdade eterna da natureza imutável de Deus e do homem não constitui licença para simplesmente esperarmos as coisas se ajeitarem. Quando estamos no deserto, temos de analisar nossa vida e certificarnos de não ter adquirido hábitos improdutivos. Temos de dar atenção às coisas fundamentais.

O primeiro passo é reconhecer que nos é necessário mudar. Isso nos exige arrependimento, demanda que abandonemos velhos hábitos. Temos de voltar a nos dedicar a aspirações, motivos e objetivos espirituais. Olhando para além das aparências materiais, encontramos novas vistas do amor de Deus e da perfeição do homem como filho de Deus. Mas também temos de pôr em prática diária o que estamos aprendendo sobre a harmonia do reino de Deus.

O caminho que leva para fora do deserto exige auto-exame, crescimento espiritual, amor ampliado. O padrão pelo qual medir nossos motivos e ações é a perfeição espiritual que Jesus exemplificou. O poder reformador do Cristo, a Verdade, nos conduz para fora do deserto. À medida que obedecemos tal orientação, nossa vida se alinha com esse padrão de perfeição.

O deserto não é, então, um lugar à parte da ordem de Deus. Tal como os israelitas no deserto, talvez nos seja necessário passar por períodos de auto-análise antes de entendermos a verdade espiritual de modo mais claro. No entanto, nessa fase de transição do pensamento humano, a verdade quanto a Deus e o homem permanece constante. Nossa natureza real como o reflexo espiritual de Deus nunca mudou. Essa é a verdade que vem à luz, graças à nossa experiência no deserto. A inspiração que nos irá tirar do deserto, bem como o suprimento de nossas necessidades diárias, está sempre à mão.

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração:
prova-me e conhece os meus pensamentos;
vê se há em mim algum caminho mau,
e guia-me pelo caminho eterno.

Salmos 139: 23, 24

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