Como você se sentiria, como agiria, caminharia, falaria, tomaria decisôes, se soubesse ser membro da realeza, ser o herdeiro de um grande reino, ter posse e o domínio de um reino inteiro e de tudo o que nele está?
Você se sentiria seguro, especialmente se esse reino fosse de seu divino Pai, não é mesmo? Se sentiria livre para ser você mesmo, livre para fazer todo o bem de que é capaz, sabendo que os recursos ao seu dispor são ilimitados, estão ás suas ordens, bastando apenas que você os aceite? E se soubesse que seu Pai é completamente benevolente em Sua vontade e na disposição dos bens, e que sua natureza, capacidades e propensões derivam dEle, permanecendo você em todas as ocasiões como representante Seu, por certo se sentiria humildemente cônscio de seu papel. Você saberia que seu objetivo, a própria razão de sua existência, revelava uma confiança sagrada.
Bem, quem é, em verdade, o nosso Pai? Qual é a nossa herança, o nosso status e qual é a vontade de nosso Pai? Constatamos que as respostas a essas questões evoluem dos ensinamentos da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. A Bíblia contém a fonte da verdade para a humanidade.
O Primeiro Mandamento expõe a vontade de Deus. O primeiro capítulo do Gênesis, apresentando o relato espiritual da criação, expõe a vontade de Deus de outra forma. Por meio de seus ensinamentos, a Bíblia mostra que a vontade de Deus é a força primária, originária, causativa, constitui a lei elementar que governa o homem e o universo, e é o árbitro de nossa vida individual.
Tudo isso está sintetizado nesse primeiro capítulo do Gênesis, onde “o Espírito de Deus” expandiu o universo. E, a respeito do homem, o relato afirma: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio ... sobre toda a terra.” Gênesis 1:2, 26.
A respeito desse homem, criado na semelhança de sua fonte divina, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss), Mary Baker Eddy, declara: “O homem é o máximo da criação, e Deus não está sem ter uma testemunha sempre presente que dê testemunho dEle.” Não e Sim, p. 17.
Ora, o que é que emerge do relato contido nas Escrituras como a característica essencial da vontade de Deus? Como eco do trecho de Gênesis 1:31, o Apóstolo Paulo resume: “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8:28. O propósito de Deus expressa Sua vontade. E, porque tudo o que Deus fez, o fez bom, a vontade benévola de Deus é imparcial e universal. Todos são “chamados segundo o seu propósito”.
Não há exceções, nem estranhos, para a vontade inteiramente boa de nosso bom Deus, porque Deus, o Princípio governante do universo, inclusive o homem, é Amor. Quão inevitável, pois, é que mediante o estudo da vontade de Deus, compreendamos melhor o amor de Deus, Sua lei de bondade invariável a governar o homem!
Mas é esse o conceito geralmente aceito acerca da vontade de Deus? Quantas vezes em hora de sofrimento, morte, uma tragédia ou acidente, ouvimos dizer: “É a vantade de Deus, por isso temos de aceitar com resignação!”
Um amigo meu que tinha um conceito mais elevado sobre a vontade de Deus, estava dirigindo por uma estrada interestadual num dia de fortes ventos. Envolvido por uma lufada de vento excepcionalmente forte, ele perdeu o controle de seu pequeno carro que foi arremessado contra a amurada de concreto. O relatório oficial da polícia dizia: “Acidente sem culpado. Causa: ato de Deus.”
Esse Cientista Cristão sincero vinha se devotando diariamente ao estudo profundo de Deus como o Princípio divino e do homem como ser inseparável de sua fonte paternal. Tendo ouvido essa avaliação oficial da polícia, considerou o curso que seu carro havia percorrido desde o ponto do violento impacto. O carro havia atravessado quatro faixas de tráfego, vindo a parar normalmente sobre a grama, no lado oposto da estrada. Não houve feridos. Com humilde gratidão, meu amigo constatou que a vontade de Deus não fora que ocorresse um acidente, mas que a vontade de Deus se manifestara nessa experiência como domínio e proteção divina. Pasmado, pôde dizer que verdadeiramente parecia nunca ter estado envolvido num acidente!
Obviamente, compreendemos a vontade de Deus na proporção em que adquirimos uma convicção cada vez mais profunda da verdadeira natureza de nosso Deus. No Antigo Testamento, uns poucos versículos se referem à natureza paternal de Deus, enquanto que o termo Pai é usado com freqüência por Cristo Jesus com relação a Deus no Novo Testamento.
Devido a seu nascimento virginal singular, em cumprimento à profecia do Antigo Testamento, Jesus, desde a infância, estava ciente de sua filiação divina e de sua missão messiânica como Salvador da humanidade. Mas era esse elo Pai-e-Filho um parentesco que ele reivindicava exclusivamente para si?
O Evangelho de João diz-nos: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” João 1:12, 13. Demonstrando a própria essência do Cristo salvador, a Verdade, Jesus ensinou que a vontade do Pai com relação a cada indivíduo é a herança da filiação divina, de que Deus é, em verdade, o Pai de cada um de nós!
Numa lição bíblica baseada na declaração de João acima citada, a Sra. Eddy, pregunta: “É a filiação espiritual do homem uma dádiva pessoal ao homem, ou é ela a realidade de seu ser, na Ciência divina?” E em sua resposta, afirma: “Quando compreendermos o verdadeiro direito de nascença do homem, de que ele ‘não é nascido ... da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus’, compreenderemos que o homem é o descendente do Espírito, e não da carne; reconhecê-lo-emos mediante leis espirituais e não materiais; e o consideraremos como sendo espiritual e não material. Sua filiação, à qual o texto se refere, é seu parentesco espiritual com a Divindade: não é, portanto, uma dádiva pessoal, mas é a ordem da Ciência divina.” Miscellaneous Writings, p. 181.
As vidas humanas podem com efeito, ser transformadas à medida que os indivíduos aprendem que o homem não é constituído de matéria, cercado pelas limitações da matéria, escravizado pela tirania da matéria, e que a doença, o desastre, a morte e a destruição se devem, não à vontade de Deus, mas como resultado da ignorância acerca de Deus e Sua vontade. A verdade sobre a espiritualidade do homem como foi ensinada por Jesus é científica e, portanto, tão demonstrável no limiar do século vinte e um como o foi no primeiro século.
Para Jesus, a vontade de Deus relacionada com o homem e o universo era a única realidade. Quando os fariseus exigiram que ele lhes dissesse exatamente quando o reino de Deus por ele pregado viria, a resposta de Jesus deve ter dado aos seus indagadores literalistas algo para pensar! Sua resposta foi: “O reino de Deus está dentro em vós.” Lucas 17: 20, 21.
No entanto, está claro que Jesus não era insensível aos quadros de devastadoras enfermidades, de deformidade e morte, de violência e crime, de ameaças ambientais ou desastres ocorridos em seus dias. Como sabemos disso? Pelo fato de ele ter enfrentado esses elementos, de os haver destruído, e de haver libertado os que deles eram vítimas.
Quando as águas assoladas pela tempestade no Mar da Galiléia ameaçaram exterminar Jesus e seus discípulos, o Mestre enfrentou a tempestade com uma espiritualidade dotada de autoridade: “Acalmate, emudece”; e então houve “grande bonança”. Os discípulos haviam se aterrorizado quando o barco se enchera de água. Mas, quando o vento cessou, eles ficaram convencidos da autoridade de seu Mestre: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” Ver Marcos 4:36–41.
Ora, o temporal, jogando o pequenino barco de pesca e seus ocupantes, parecia apresentar a Jesus a mesma ameaça que ao seu pequeno grupo de discípulos. De que consistira a diferença? Seu estado de consciência. Sua percepção da realidade do bem o capacitou a provar a irrealidade do mal. Ele estava no mundo, mas não era do mundo! As vigílias de Jesus, que por vezes duravam a noite inteira, suas retiradas para o deserto ou o ermo a fim de orar, até mesmo sua comunhão habitual com seu Pai, mantinham a visão de Jesus focalizada na realidade, no poder do Espírito, do bem inteligente e oniativo que ele sabia ser a vontade de Deus. Em devota comunhão com Deus, Jesus mantinha sua união consciente com Deus, e assim individualizava o poder divino. Conhecer Deus como seu Pai e fazer tudo o que era necessário para manter uma atitude espiritual de pensamento, constituía a diferença onde quer que Jesus estivesse.
O mundo atual, que está desesperadamente buscando soluções, por vezes parece encontrar-se num mar assolado pela tormenta. Mas, à medida que vivemos como Jesus vivia, orando como ele orava, podemos demonstrar cientificamente a vontade de Deus tal como ele demonstrava.
Na Oração do Senhor ele ensinou aos seus discípulos de todos os tempos o que devia ser incluído em nossa oração a fim de seguir-lhe o exemplo. Precisamos da consciência do Cristo que cura. O reino da Oração do Senhor, que nos faz volver diretamente ao “nosso Pai”, é o mundo real em que Jesus andava, onde o reino de Deus, o reino da Sua vontade, é a realidade presente.
Podemos despertar todos os dias para o mundo real: podemos nos conscientizar da realidade, à medida que repetimos a Oração do Senhor de todo o nosso coração e assimilamos seu espírito e substância em nossa vida. Podemos reivindicar e demonstrar como sendo propriamente nosso o Cristo, a Verdade, que Jesus demonstrou tão plenamente. Na consciência do Cristo, a vontade de Deus, isto é, o domínio de Deus sobre toda a terra, está presente e é a realidade que pode ser comprovada. Assim, nos é possível progredir diariamente a fim de tomar posse de nossa herança real, o reino de Deus dentro de nós.
