“Do ponto de vista da horticultura, esse é um acontecimento único.” Foi assim que um botânico, do Jardim Botânico da Universidade da Califórnia, descreveu a floração da rara planta Puya raimondi.The Boston Globe, 14 de setembro de 1986, p. 110.
Uma semente dessa rara planta boliviana foi levada ao Jardim Botânico, há três décadas. A planta demora para florescer e não se esperava que o fizesse por mais de um século. No ano passado, porém, para deleite de seus cultivadores, o caule central começou a crescer de modo espantoso até alcançar a altura de quase dois andares, setenta e cinco anos antes do previsto!
Não pude deixar de pensar na reação dos botânicos, quando receberam a semente, há trinta anos. O que os impediu de simplesmente jogá-la fora? Afinal, eles não esperavam jamais vê-la florescer. Há, porém, um tipo de desvelo, de cultivo, que não abandona coisas que só ocorrem uma vez na vida, seja no mundo da botânica ou em outros.
Havia uma mulher chamada Ana, que expressava amor de maneira muito especial. Só temos breve relato histórico sobre ela. Ver Lucas 2:36–38. Era viúva e, anos a fio, adorava constantemente no templo, em Jerusalém. O Evangelho de Lucas diz que Ana “adorava [Deus] noite e dia em jejuns e orações”. Daí aconteceu algo único. O menino Jesus foi levado ao templo, segundo o costume da lei. Conquanto Ana deve ter estado presente quando outras crianças foram trazidas ao templo, o Evangelho sugere que ela reconheceu que esse dia e essa criança eram diferentes. Ela entrou na hora certa, viu a criança e “dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.
Há uma lição a aprender desses exemplos da disposição de aguardar aquilo que é único e especial. Podemos desenvolver o desvelo e a percepção que persistem mesmo quando o progresso espiritual e a cura parecem distantes.
Se queremos exercitar o poder espiritual científico que cura a doença e livra o coração humano do febril domínio do pecado, temos de estar dispostos a nos devotar ao cuidado específico da semente da descoberta espiritual, enquanto esta cria raízes em nosso viver e modo de pensar. Isso requer cultivo e percepção semelhante ao daqueles cientistas, que cuidaram duma planta que se presumia só virai a florescer um século mais tarde. Exige desvelo como o da profetisa que serviu a Deus durante décadas a fio, sempre confiando que seu Redentor e o Redentor de seu povo viria.
A expectativa espiritual que percebe a promessa de Deus e discerne a operação da lei divina, mesmo antes de esta ser vista em atos e eventos diários, sustenta o cultivo paciente que impele a cura cristã. E a Ciência Cristã, que restabelece o cristianismo original com suas obras de cura, traz promessa especial e nova esperança às vidas humanas. Seu ensino revela que nossas vidas podem ser boas e produtivas e vividas próximas a um Deus bom, que ama Sua criação com amor infalível.
A verdade científica profunda sobre a qual os ensinamentos da Ciência Cristã se baseiam, é que Deus e o homem são inseparáveis. E que o homem é a imagem e semelhança espiritual dum Deus bom e perfeito — o único Deus. O homem possui um sentido espiritual que percebe essa verdade, sentido esse que é inato em cada um de nós. É uma noção, uma convicção tácita que resiste ao mal, um sentido que pode ser cultivado até que governe cada pensamento, cada ação, até mesmo o corpo. Esse sentido espiritual é o elo entre nosso entendimento limitado atual da vida e a própria Vida divina. “O sentido espiritual”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde, “é uma capacidade consciente e constante de compreender Deus.” Ciência e Saúde, p. 209.
Esse é o sentido que temos de cultivar, o saber que percebe o valor intrínseco e a preciosidade da vida e da descoberta espiritual. Quando reservamos nossa maior admiração e reverência à descoberta do amor e adoração crísticas, em nós ou nos outros, então despertamos para o sentido espiritual no homem, que revelará seu relacionamento inquebrantável com Deus. Há uma lei divina que sustenta esse despertar, que impele nossa descoberta da presença, do poder e da operação de Deus. Revela o homem como Deus o fez. Essa é a Ciência do Cristo, disponível em nossa época para salvar, curar, elevar, regenerar.
Ao falar do fato grandioso da totalidade e bondade de Deus e do homem como a expressão de Deus, da Mente divina, Ciência e Saúde diz: “A Ciência Cristã revela de modo incontestável que a Mente é Tudo-em-tudo e que as únicas realidades são a Mente e a idéia divina. Esse grande fato, entretanto, não é visivelmente apoiado por evidências perceptíveis, até que seu Princípio divino seja demonstrado mediante a cura dos doentes, e assim provado absoluto e divino. Uma vez vista essa prova, não se pode chegar a nenhuma outra conclusão.” Ibid., p. 109.
Uma vez vista e percebida, a evidência da identidade espiritual do homem, a realidade da cura metafísica, acalenta novas descobertas da unidade entre Deus e o homem. Quando o estudo e a prática da Ciência Cristã são feitos visando compreender que o reflexo perfeito de Deus é o homem, ou seja, visando modelar nosso pensamento e ambição à semelhança divina, temos a experiência única de encontrar o Cristo, a Verdade. O resultado é a cura. E quando compreendemos o relacionamento científico entre a regeneração espiritual da consciência humana e a restauração da saúde, uma experiência singular de cura, como essa, pode ser o suficiente para despertar o desejo e a esperança espirituais de tal modo que nunca mais o Amor divino deixará de ser o centro de nossas afeições. Essa é a oportunidade atual para aqueles que vigiam, do ponto de vista espiritual, procurando hoje a prova do retorno do Cristo às afeições, objetivos e vidas diárias de homens e mulheres. Aproveite essa oportunidade e não a deixe escapar de suas mãos.