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O Amor divino rompe o ciclo do crime

Da edição de maio de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


O homem que ia em desabalada carreira pela rua, estava fugindo devido a um crime que acabava de cometer. Assaltara um casal e agora era perseguido por uma dúzia de cidadãos revoltados. Ouviu quando o carro que lhe daria fuga arrancou, e sabia ser-lhe possível alcançá-lo a tempo. Após dezoito anos de crime, havia pouco tornara-se chefe de uma quadrilha na Califórnia.

Um instante antes de alcançar o carro, veio-lhe ao pensamento a pergunta: “É isso realmente o que eu quero?” A resposta clara e silenciosa, porém portentosa, deu início à reforma em sua vida. No decorrer de dez anos, o transformou num pai e marido amoroso, professor de Escola Dominical, executivo de destaque, líder dotado de grande clareza de expressão, o qual hoje ajuda outros a edificarem o caráter e darem significado à própria vida. Em setembro de 1986, o Estado da Califórnia, atendendo a seu requerimento, concedeu-lhe perdão integral, dez anos após ter sido preso e condenado por crime premeditado. Pedimos a — para falar a respeito do seu renascimento.

Jim, você disse que ao ouvir a resposta àquela pergunta dramática enquanto fugia, foi como se ouvisse “palavras, mas nenhuma voz”. Qual foi a resposta ao seu apelo mental?

Ouvi esta ordem: “Acredita em Mim, e Eu te darei tudo aquilo de que precisares.” Foi Deus quem me respondeu, no mesmo instante. É difícil descrever esse sentimento maravilhoso. Nunca antes eu ouvira ou sentira algo de tamanha magnitude. A mensagem provinha do Amor divino. Tão logo me conscientizei do que me era dito e de que provinha de Deus, quis mais. Se tivessem sido meras palavras, a mensagem não teria tido muito significado para mim.

Que fez você?

Parei de correr e fiquei quieto no lugar. Os cidadãos que haviam presenciado o assalto me capturaram. Naquele instante coloquei nas mãos de Deus o meu passado, presente e futuro.

Qual foi o resultado dessa nova confiança?

Através de uma série de acontecimentos, levou-me à Ciência Cristã. Depois de preso, fui primeiro colocado na cadeia local, na época uma prisão municipal recém-construída, e dali fui levado a um presídio de segurança máxima, tudo isso num espaço de dez dias. Não contei a ninguém os detalhes de minha vida, exceto o quanto se fazia necessário informar às autoridades. Na manhã do primeiro sábado em que me encontrava nesse presídio de segurança máxima, ouvi um anúncio: “Cultos da Ciência Cristã estão sendo realizados na capela principal.” De imediato compreendi que comparecer a esse culto era o passo seguinte que Deus me preparara. No local do culto fui saudado por um voluntário que era Cientista Cristão. Falei com ele após o culto e disse-lhe que meu caso não era simples, pois tinha feito muitas coisas erradas e até duvidava que ele pudesse me ajudar.

Que lhe respondeu ele?

Ele sorriu e disse: “O seu eu real, o homem espiritual criado por Deus, é seu eu autêntico e não é criminoso. Foi o ter aceito o pecado, ’o velho homem’, usando uma expressão bíblica, que o iludiu e o levou a agir mal. Baseado no conhecimento espiritual de sua identidade real, você pode se reformar e mudar de vida.” Quanto eu necessitava que alguém me dissesse o que era realmente verdadeiro! Eu não queria ser o “velho homem”. Dentro daquelas grades e daquelas paredes havia alguém que se interessava por mim. Alguém tinha amor por mim. Isso causou-me um sentimento de auto-respeito.

Após assistir a três cultos, comecei a passar cerca de oito a dez horas por dia lendo Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy. Lia e relia muitos trechos. Todas as semanas eu contava as minhas demonstrações ao Cientista Cristão que me visitava. Ele realmente acreditava em mim.

Trazia mais literatura da Ciência Cristã para eu ler. Passávamos boa parte do tempo trocando idéias. Nos alojamentos havia quem me chamasse, com sarcasmo, de “Reverendo”, mas quando perceberam que eu levava o assunto a sério, passaram a me respeitar.

Jim, depois de ter sido preso, você foi condenado e sentenciado?

Fui. O processo todo levou sete meses, durante os quais já começava a demonstrar minha identidade real, criada por Deus. Estudei tudo o que pude sobre a Ciência Cristã durante esse período. Comecei a compreender a Bíblia e, em especial, a vida de Jesus. Um exemplo é o fato de que meu maxilar, que antes era afundado, tornou-se normal e outro fato é que minha capacidade visual melhorou. Tudo isso, para mim, constituía prova de que meu pensamento estava começando a conformar-se com a lei do bem, a lei de Deus.

Quanto tempo você esteve na prisão após sentenciado, e o que aconteceu?

Estive preso um pouco menos de onze meses. Enquanto na prisão, graças ao meu estudo de Ciência Cristã e à minha própria oração e à ajuda metafísica do Cientista Cristão, comecei a sentir-me mais perto de Deus do que nunca. Não importava o que acontecia à minha volta nessa assim-chamada “boca do inferno”. Para mim Deus estava sempre presente.

Enquanto me encontrava na prisão, tive várias curas. Fui curado de um temperamento psicótico, de alcoolismo, do uso de drogas, do hábito de mentir e furtar, do vício em jogos de azar e de envolver-me em brigas. Nunca mais voltei a praticar esses males. Comecei a exercer regularmente a gentileza, a estar em harmonia, a dizer a verdade, a agir com honestidade, a expressar domínio e a manifestar outros bons atributos. Cristo, a Verdade, por trazer ao meu pensamento o poder de Deus e dissipar o erro, estava me transformando.

Quando jovem, teve você alguma educação religiosa?

Tive, fui batizado numa igreja protestante e minha mãe me levou a várias igrejas diferentes. Também li a respeito de muitas religiões. Lamento dizer, porém, que tudo isso de nada me valeu. Para mim, Deus não era nada mais do que um ser sentado numa cadeira a quem veríamos quando chegássemos ao céu. Eu não fazia a menor idéia do Deus verdadeiro.

Como foi sua vida de família, na infância?

Muito difícil. Meus pais brigavam muito. Eu achava que entre eles não havia nenhum amor e nunca me senti querido. Quase morri devido a uma enfermidade contraída quando eu tinha treze ou catorze anos. Até chegar à casa dos vinte anos eu pensava que era filho adotivo, pois achava que eles não me queriam bem. Meu pai costumava trazer do local de trabalho para casa objetos bem caros: uma correia elevadora elétrica, serras elétricas, motores em perfeito funcionamento, e dizia tratar-se de sucata que a companhia estava jogando fora. Quando cresci, entendi que ele furtava essas coisas. Comecei a fazer o mesmo, pois via que nada lhe acontecia.

Ora, o Cientista Cristão que o visitava na casa de detenção lhe disse que você era realmente o homem criado por Deus e não um criminoso mortal com um passado limitador. Aí você começou a demonstrar seu verdadeiro status do homem criado por Deus, e o conseguiu mediante a oração e o estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde. Pode contar-nos mais precisamente como foi que esse conhecimento espiritual afetou sua maneira de obedecer à lei moral? Em outras palavras, você diz que as qualidades dadas por Deus que você mencionou, tais como a gentileza, a honestidade e o dizer a verdade, foram a chave de sua capacidade de governar a si próprio moralmente, não é? Creio, então, que estamos falando a respeito de autogoverno.

Sim, o que meu amigo Cientista Cristão fez-me ver foram os resultados práticos da Ciência Cristã. Realmente comecei a compreender que eu não era essa pessoa confusa a quem podia acontecer de tudo. Também vi que minha vida real, proveniente de Deus, não é governada por minha própria decisão, por escolha pessoal e voluntariosa de direção. Antes de começar a compreender que o homem é espiritual e governado absolutamente pela lei espiritual, eu pensava que podia agir como bem entendesse, tomar qualquer rumo, e que nada poderia impedir-me. Havia sido enganado pelo conceito errado de que o bem é material e pela crença errada de que cada um pode procurar o bem à sua própria maneira, recorrendo às vezes ao roubo, à trapaça, à mentira. Eu não tinha percebido que esse erro da vontade humana não retribui na forma que se espera. Essa noção errada sobre como levar a vida não nos dá satisfação. Ora, a Ciência Cristã me mostrou que o homem criado por Deus é espiritualmente perfeito, completo, está satisfeito e não pode ser, de modo algum, criminoso. E compreendi que, encarado sob esse prisma que indica o que é verdadeiro, eu sou esse homem bom.

Você tem razão quanto ao autogoverno, pois compreendi também que o governo divino do homem e o nosso reconhecimento e aceitação desse governo são a base da obediência aos Dez Mandamentos. Antes de começar a aprender que a realidade espiritual é verdadeira agora — e está presente aqui — eu não compreendia muito bem os Dez Mandamentos. Constatei que Ciência e Saúde tornou-se a chave das Escrituras para mim.

Você disse ao Cientista Cristão que seu caso era difícil. Mas ele chegou ao seu coração quando explicou que a Ciência Cristã pode ser posta em prática, não é?

Convenceu-me de que o bem espiritual não somente satisfaz, mas também é algo que se pode pôr em prática. Explicou que conhecê-lo capacita-nos a resolver qualquer problema. Convenceu-me de que o bem espiritual realmente age. Antes de conhecer esse Cientista Cristão, eu achava que todo o mundo só queria me enganar, ou então me recriminar. A honestidade espiritual desse Cientista me tocou o coração. Ele falava de algo real, algo verdadeiro e por isso comecei a estudar, e estudar com afinco, sozinho. Ele continuou a dar-me um bocado de ajuda e sempre estava disposto a conversar. Faltam-me as palavras para explicar a mudança que se deu. A vontade criminosa foi freada, quando o humano se subordinou ao divino. Quando o desejo de ser o homem criado por Deus é mais forte do que o desejo de ser seu “próprio dono”, então o autogoverno é automático, porque você se deixa governar por Deus. É esse o status real do homem. Os pensamentos materiais e egoístas não têm direcionamento real. Afloram apenas como um punhado de palavras e frases de que você se vale para proveito pessoal ou para a consecução de algum objeto desejado. Porém, o amor pelas coisas espirituais traz consigo um ardente desejo de tomar o rumo da perfeição de Deus. Para mim, isso é o mais importante de tudo.

Será que podemos ajudar a resolver o problema do crime, ao compreender e ao viver como o verdadeiro homem?

Acredito que é assim que se faz. Não devemos aceitar que, por surgir um número cada vez maior de crimes e de cadeias superlotadas, essa manifestação seja a solução definitiva. Nas prisões, os jovens aprendem mais a respeito do crime, com mestres do crime. É preciso dar provas, de uma forma mais completa, de que as pessoas podem sair da prisão como indivíduos honestos e justos.

Você acha que a Ciência Cristã deve levar reforma às prisões?

Acho. A Ciência Cristã pode ser empregada diretamente a esse desafio. Sou prova viva disso. A hereditariedade, o desapontamento quanto à vida em família, o passado de favela, a convivência em quadrilhas — essas são pretensões errôneas e devemos denunciá-las. É por aí que devemos começar, desafiando-lhes a validade. Ciência e Saúde diz: “Expõe e denuncia as pretensões do mal e da moléstia sob todas as suas formas, mas compenetra-te de que nelas não há realidade alguma.” Ciência e Saúde, p. 447. Por que haveremos de permitir que o crime germine nas prisões? É dentro das prisões que o crime tem de ser atacado e destruído.

Jim, desde que você foi solto da prisão há oito anos, aconteceram muitas coisas que lhe trouxeram progresso. Você se casou, teve bons cargos de direção e tem sido convidado a falar a grupos sobre a motivação correta. Há ainda muitas outras coisas boas, mas não dispomos de tempo para falar sobre elas, pelo menos não em detalhe! Mas o que você diz para as audiências, quando fala sobre a forma de motivar os indivíduos a que levem uma vida útil?

É preciso mostrar-lhes que podem fazer a coisa certa, que podem realizar seus objetivos. É claro, posso falar porque tive de fazê-lo. Quando saí da prisão, tive de começar a trabalhar numa linha de montagem e precisei completar meus estudos, que havia interrompido no segundo grau. Tive engenheiros formados trabalhando para mim e pessoas com curso de mestrado em administração de empresas. Fui contratado há cerca de três anos para resolver um problema de desarmonia numa empresa que fabrica equipamento de provas ao custo de um milhão de dólares por unidade. Um dos ítens do meu “curriculum vitae” era engenheiro de controle de qualidade em grandes empresas. Também executei todo o trabalho de pesquisa de mercado e vendas para uma empresa pequena e organizei uma fábrica. Fui diretor de produção de uma grande empresa e estive encarregado de um sistema telefônico composto de duas mil linhas que tinham de funcionar simultaneamente. Esses têm sido cargos de natureza muito técnica.

Na atualidade, as rápidas mudanças nos negócios exigem que demos tratamento de primeira classe a todas as pessoas que empregamos. Quando contrato alguém, estou contratando os pensamentos e as aptidões desse indivíduo. Não me deixo levar pela apresentação exterior. Utilizando o sentido espiritual, esforço-me ao máximo para ver o homem de Deus. Essa abordagem em espírito de oração ajuda-me a ser solícito para com as pessoas como indivíduos e a ajuda-me de maneira a fazer aflorar as qualidades mais elevadas que nelas estão ocultas, encobertas pelo medo, qualidades que, às vezes, elas não sabem como manifestar.

Amo meu próximo dessa forma e, de repente, algo começa a mudar nas pessoas. Faço reuniões semanais com todos os meus empregados e falamos a respeito de assuntos que muitos dirigentes evitariam a todo custo. Pergunto-lhes o que estamos fazendo de errado, como dirigentes. Digo que me interesso por suas necessidades e seus anseios. Permito-lhes perguntar a respeito de meu estilo de administrar, dos planos, das conseqüências, das recompensas, das promoções. Nada é segredo, por isso não existe medo. Se nós todos somos realmente o homem que Deus criou — e somos — então podemos ser reciprocamente honestos e respeitosos. Em minhas palestras a grupos de pessoas a respeito de como desenvolver a capacidade dos empregados, explico que conseguimos integridade, confiabilidade, honestidade, tratando as pessoas com terna amabilidade. Para mim, isso significa viver o que compreendo do Princípio divino, o Amor. Poderíamos resumir assim: “O que semeamos, isso colhemos.”

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