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Não somos vítimas da sensualidade

Da edição de outubro de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


Muitos dos estudantes que atualmente entram na universidade, ficam chocados ao depararem-se com estilos de vida diferentes, com atitudes mentais depressivas e com práticas de ética duvidosas, tudo aceito sem nenhuma objeção. Em contraste com a vida em família, eles se encontram, de repente, num ambiente onde o álcool, as drogas e o envolvimento sexual ostensivo são amplamente difundidos. Até parece que a universidade é, por si só, um ambiente imoral.

Como acontece na maioria das situações humanas, raramente existe um procedimento garantido para ao menos conservar certa calma, muito menos para enfrentar o materialismo descarado. Se você quiser um diploma, assim diz a mentalidade do mundo, terá de aprender a tolerar o costume predominante do “vale tudo”.

Um Cientista Cristão que pela primeira vez enfrenta tal ambiente, fica tão chocado quanto qualquer outra pessoa. Mas tem também o recurso mais poderoso para vencer essa má influência: a oração com base científica. Mediante esforço sincero para compreender a identidade espiritual e o poder absoluto do amor e da presença de Deus, o Cientista pode alcançar a paz e o domínio sobre as circunstâncias, beneficiando também, muitas vezes, a outras pessoas.

Devido à sua franqueza, o relato seguinte poderá parecer inusitado para alguns de nossos leitores. A julgar pelas inúmeras entrevistas e conversas que tivemos com estudantes, este é um relato fiel e proveitoso. Mostra como uma estudante, valendo-se da oração persistente e do tratamento pela Ciência Cristã, conseguiu por fim superar um grave desafio à sua pureza e inocência espirituais. Naturalmente, a experiência dela, em aprender a lidar com a intromissão do sensualismo, foi algo individual, que não pretende servir de modelo para outros. É simplesmente uma história cuja veracidade foi comprovada, a respeito de como uma estudante universitária percebeu que Deus, o Amor divino, é socorro certo e confiável em tempos de angústia.

Eu havia vindo sozinha, de carro, do outro lado do país, percorrendo vários milhares de quilômetros, para cursar uma faculdade que me era completamente desconhecida. Durante as primeiras semanas de aulas, fizera amizade com uma só colega. Por isso, fiquei contente quando ouvi a batida na porta de meu quarto, seguida da pergunta amigável: “Olá, tem alguém aí?”

Quando, porém, a visitante foi embora e eu fechei a porta atrás dela, senti vontade de carregar minhas coisas para o carro e voltar para casa imediatamente. “Todas as meninas de seu departamento são lésbicas,” ela havia dito. “Você não sabia?” Essa minha única amiga estava incluída naquele “todas”. Meu relacionamento com ela, que se tornara para mim um apoio amigável, pareceu-me de repente toldado por intenções duvidosas e por sutil manipulação. Além disso, senti-me aterrorizada só de pensar em identificar-me com esse departamento da faculdade, que era o único que oferecia o campo de estudo que me possibilitava expressar, com alegria, meu eu mais profundo.

Durante todo o semestre restante, fiquei cada vez mais envolvida pela idéia de relações entre mulheres. As moças que levavam esse estilo de vida, pareciam-me fortes, seguras de si, o protótipo daquilo que uma mulher moderna e auto-suficiente deveria ser. Senti-me atraída por minha amiga. Cheguei a pensar que estava apaixonada por ela. Ingenuamente, deixei-me levar num romântico jogo de gato e rato com ela.

Pouco antes das férias de Natal, minha amiga perguntou-me se eu concordaria em dormir com ela. Não aceitei e esquivei-me delicadamente. A partir daí, porém, minhas suspeitas quanto à natureza de nosso relacionamento estavam confirmadas e tive de enfrentar a questão de como lidar com os sentimentos conflitantes que fervilhavam dentro de mim.

Em minha casa, durante as férias de fim de ano, fiquei gravemente doente, durante cerca de três semanas, incapaz de reter alimentos. Pedi a uma praticista da Ciência Cristã que orasse comigo. Sentia-me por demais envergonhada para contar-lhe que eu estava com medo de voltar à faculdade e enfrentar o problema de relacionamento. Entretanto, achei que meu pensamento tumultuado tinha algo a ver com a doença, pois estava lutando com emoções confusas.

Contudo, senti o poder das afirmações enérgicas da praticista, de que a doença não era evidência real de minha verdadeira identidade espiritual. Senti-me fortalecida pela posição espiritualmente firme que ela tomou, afirmando que, como filha de Deus, eu era saudável e nada tinha a temer. A convicção da praticista, de que Deus cuidava de mim, fez com que eu me acalmasse e usufruísse de Seu amor. Foi aí que percebi o fato de que minha amiga também era filha de Deus.

Pensei na maneira como ela procurava desempenhar sua carreira mantendo alto nível profissional, lembrei-me de seu modo vivo e preciso de pensar, de sua calma dignidade. Entendi que ela conseguia expressar essas qualidades divinas porque Deus a amava como Sua idéia espiritual. E se Deus a amava, era bom que eu amasse e apreciasse sua verdadeira identidade, sem temer algum tipo de mal-entendido ou que surgissem sentimentos equívocos.

Sabendo que Deus amava a nós duas e que Ele governa o relacionamento de todas as Suas idéias, consegui voltar à faculdade, já sentindo-me bem.

Pouco depois, a frase “não se deixar acabrunhar ao perceber a odiosidade do pecado” veio-me à mente. Ela se encontra em Ciência e Saúde, num trecho em que a Sra. Eddy expõe a verdadeira fonte da calma. Ela diz: “O sanador também tem de estar atento para não se deixar acabrunhar ao perceber a odiosidade do pecado e ao desvendar o pecado nos seus próprios pensamentos. Os doentes são aterrorizados por suas crenças doentias, e os pecadores deveriam ficar assustados com as suas crenças pecaminosas; mas o Cientista Cristão conservar-se-á calmo, em presença tanto do pecado como da moléstia, sabendo, como sabe, que a Vida é Deus, e Deus é Tudo.” Science and Health (Ciência e Saúde), p. 366: “The physician must also watch, lest he be overwhelmed by a sense of the odiousness of sin and by the unveiling of sin in his own thoughts. The sick are terrified by their sick beliefs, and sinners should be affrighted by their sinful beliefs; but the Christian Scientist will be calm in the presence of both sin and disease, knowing, as he does, that Life is God and God is All.”

Um dicionário define o adjetivo odioso como “aquilo que desperta, ou merece, ódio ou repugnância”. Ao examinar o significado do trecho citado, notei que se referia à odiosidade do pecado, não à odiosidade do indivíduo que é vítima do pecado. Quando distingui nitidamente essa diferença, percebi que a natureza real de minha amiga era reta, inocente e não distorcida por impulsos físicos. Tive a certeza de que era correto ver minha amiga como a filha inocente de Deus. Não era ela que “despertava” e “merecia” o “ódio ou repugnância”, mas sim a depravação do sensualismo.

O trecho já citado afirma que “o sanador ... tem de estar atento para não se deixar acabrunhar ... ao desvendar o pecado nos seus próprios pensamentos.” Eu havia orado diligentemente mas, sem dúvida, precisava orar mais. Minha amiga e eu estávamos morando na mesma casa, naquele semestre, por isso, havia ocasiões em que eu não estava suficientemente alerta. Tornava-se cada vez mais difícil não aceitar pensamentos sensuais e ver que, em realidade, não eram meus próprios pensamentos. Como a Sra. Eddy admoesta os membros da Igreja de Cristo, Cientista, a “vigiar e orar diariamente para se livrarem de todo o mal, para se livrarem de profetizar, julgar, condenar, aconselhar, influenciar ou serem influenciados erroneamente”, Ver Manual de A Igreja Mãe, § 1º do art. 8º. orei com afinco para manter meu pensamento próximo a Deus e protegê-lo da influência do sensualismo. Não foi fácil e senti-me tentada a envolver-me sexualmente. Às vezes, eu pensava: “Gosto de minha amiga e quero expressar esse amor fisicamente. E por que não?”

Quando conversávamos a respeito do tema, ela dizia que havia aspectos duvidosos em todo tipo de relacionamento, quer fosse amizade, amor heterossexual ou casamento. A vida não era simplesmente uma questão de “certo” e “errado”. Esse conceito de não haver estrutura definida, ordenada e racional para as relações humanas, fazia-me sentir perdida e confusa. Eu não tinha experiência alguma nesse campo.

Entretanto, achei um trecho em que a Sra. Eddy diz que não existem duas realidades. Foi isso que me ajudou a tomar uma posição a favor de relacionamentos honestos e morais. Ela escreve: “Não se pode servir simultaneamente aos deuses da materialidade e ao Deus da espiritualidade. Não existem duas realidades do ser, dois estados opostos de existência. Deveríamos perceber que um é real e o outro, irreal. Do contrário, perderemos a Ciência do ser. Se não estivermos firmes na Verdade fundamental, faremos com que ‘a pior razão pareça ser a melhor’ e o irreal se disfarça em algo real, em nosso pensamento.” Unity of Good, p. 49: “You cannot simultaneously serve the mammon of materiality and the God of spirituality. There are not two realities of being, two opposite states of existence. One should appear real to us, and the other unreal, or we lose the Science of being. Standing in no basic Truth, we make ‘the worse appear the better reason,’ and the unreal masquerades as the real, in our thought.”

Quando Cristo Jesus encontrou a mulher samaritana, perto do poço de Jacó, disse-lhe: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre.” A mulher pediu-lhe então água que Jesus tinha e ele retrucou: “Vai, chama teu marido e vem cá.” A samaritana então admitiu não ter marido. Jesus captou sua história: “Cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido.”  Ver João 4:5–9. É claro que, para essa mulher, havia ainda um relacionamento muito mais satisfatório que só seria encontrado em Deus.

À medida que eu mantinha meus próprios atos, desejos e motivos no nível mais espiritual possível e permanecia próxima a Deus em oração, tornou-se mais fácil distinguir entre os pensamentos “disfarçados” como se fossem meus e aqueles que estavam fundamentados na verdadeira idéia de meu relacionamento com Deus e com Sua criação. Adquiri a certeza de que quando meu pensamento estivesse completamente purificado, eu conseguiria demonstrar uma base mais satisfatória para a amizade, isto é, uma base que proporcionasse enriquecimento espiritual ao invés de gratificação de desejos egocêntricos.

Por fim, dissipou-se o medo e a vergonha que eu sentia de admitir que estava enredada nesse problema. Consegui pedir tratamento a uma praticista da Ciência Cristã e tive várias conversas francas com ela. Isso me ajudou a sentir a presença de Deus com mais força. Comecei a ponderar e a compreender a atmosfera isenta de egoísmo, construtiva e ordenada, proporcionada à sociedade pela amizade, pelo casamento e pela família. Nunca me detivera a pensar nisso. Agora, eu queria eliminar os “aspectos duvidosos” de minha maneira de pensar. Senti a fortaleza para tomar posição a favor de um relacionamento moral, centrado em Deus, quer com os amigos, quer com minha família, ou com os rapazes que eu viesse a namorar.

Pouco tempo depois de ter pedido à praticista que orasse para mim, tudo o que estivera latente no relacionamento com minha amiga, veio à tona com violência. Após uma altercação explosiva, fui-me embora daquela casa num arrebato de raiva.

Em meio ao que parecia ser a destruição do que eu considerara meu lar e a perda de minha melhor amiga, volvi-me a Deus de todo o coração. Fiz um auto-exame honesto para ver o que eu precisava aprender para sentir um amor mais elevado em minha vida, isto é, para sentir o amor de Deus. Deixando tudo em Suas mãos, encontrei outro lugar para morar e abri meu pensamento para novos interesses e novos amigos. Conscientemente, alinhei minha maneira de pensar com a última parte do trecho citado antes, a respeito da “odiosidade do pecado”, que diz: “... o Cientista Cristão conservar-se-á calmo, em presença tanto do pecado como da moléstia, sabendo, como sabe, que a Vida é Deus, e Deus é Tudo.”

Todas as vezes que encontrava minha amiga, afirmava com convicção: “Deus está aqui, agora, e nós estamos ambas envolvidas por Seu amor.” Como resultado, o tempo que eu passava em companhia de minha amiga, deixou de ser embaraçoso. Trabalhamos juntas em atividades construtivas na faculdade e nos ajudamos mutuamente, sempre que necessário.

O resultado de eu me apegar à verdade do relacionamento de Deus com Seus filhos e de negar que houvesse poder na sugestão de que o filho de Deus podia ser vítima do sensualismo, foi equivalente ao de arrancar ervas daninhas de um jardim e deixar crescer lindas flores. Não tive mais pensamentos sensuais. A bondade e a força que Deus outorgava, que caracterizavam tanto minha amiga como nossa amizade fraterna, permaneceram. Quando ela se casou, faz alguns anos, a amizade de seu simpático marido veio a enriquecer minha vida.

O pacífico reino de Cristo está na profecia bíblica: “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará.”  Isaías 11:6. A natureza predatória do sensualismo pode ser anulada pelo reconhecimento da pureza e inocência do homem, bem como pelo discernimento da afeição pura que Deus tem por todos os Seus filhos. À medida que baseamos nossas relações com os outros no conhecimento desses fatos, o reino pacífico de Cristo se fará sentir em nossa experiência.

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