Volte seu pensamento, por um instante, à época de Moisés. Pense em como Moisés deu aos israelitas a lei de Deus, os Dez Mandamentos. Foi essa lei bem acolhida? O povo ficou contente por ter de obedecer a ela? Em geral, não.
Os profetas do Antigo Testamento alertavam continuamente os israelitas, nos termos mais vívidos, sobre os perigos de sua maneira iníqua de agir. Isaías admoesta: “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que executam planos que não procedem de mim, e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado!” Isaías 30:1.
Hoje em dia, existe mais respeito para com a lei de Deus? Talvez, em alguns aspectos. Por exemplo, pode ser que tenhamos hoje melhor compreensão da Divindade como o único Deus. A maioria das pessoas sabe que é errado roubar, assassinar, caluniar, etc. Mas que dizer da lei moral, especificamente na parte que concerne às relações sexuais? Pondere o mandamento: “Não adulterarás.” Êxodo 20:14. Talvez admitamos prontamente que essa lei de Deus, em particular, não é observada pela maioria. Muito menos se tomarmos adultério no sentido mais amplo: não só em relação à aliança matrimonial, mas em todo comportamento menos do que casto.
Ao contrário do que alguns pensam, o Sétimo Mandamento não é proibição de origem humana. É ordem exigida pelo Amor divino, para uma vida de verdadeira felicidade. Por quê? Porque a lei moral guia-nos pelo caminho indicado por Cristo Jesus, a vereda da justiça, da bondade e da felicidade real. Conduz à compreensão de nossa união com Deus e, assim, leva à alegria duradoura.
De certo modo, o mandamento de renunciar ao adultério representa o forte amplexo de nosso Pai-Mãe Deus, que nos protege do perigo. Não nos são negadas as relações normais dentro do casamento, mas somos protegidos das concessões à luxúria, que degradam e destroem. No livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã
Christian Science (kris´tiann sai´ennss), Mary Baker Eddy, escreve sobre a necessidade de a natureza espiritual ter ascendência sobre a animal. Faz-nos recordar que “o sensualismo não é bem-aventurança, mas cativeiro.” Ciência e Saúde, p. 337. No capítulo sobre o “Matrimônio” ela diz muita coisa sobre o que torna estável e feliz um relacionamento.
Para apreciar a lei de Deus e sua finalidade, precisamos conhecer melhor a Divindade e nossa própria natureza divinal como Sua expressão. Tanto as Escrituras como os ensinamentos da Ciência Cristã declaram que Deus é Amor. Amor sem limites. Amor divino, todo-poderoso. Claro que a Divindade não há de negar-nos coisa alguma que faça parte da natureza do Amor. Sendo Deus o Amor, faz parte de Sua natureza nutrir e sustentar Seu descendente. O Amor divino é o nosso criador, o perfeito Pai-Mãe, que nos provê do bem espiritual em abundância.
Ciência e Saúde explica mais adiante que o homem, o descendente do Amor, reflete a natureza divina. Todos nós, em nosso verdadeiro ser, somos a expressão do Espírito divino. O homem criado por Deus não é composto de carne e sangue, mas inteiramente espiritual, a incorporação do bem espiritual. Sendo a idéia do Amor divino, o homem inclui qualidades de origem divinal, tais como a pureza, a veracidade, o amor, o vigor.
Mediante a oração cristã consagrada, chegamos a nos conhecer como filhos de Deus. Quando comungamos sincera, honesta e lealmente com nosso criador, começamos a compreender mais de nossa própria espiritualidade. O Cristo, a idéia pura de Deus vivida por Jesus, revela quem somos em verdade, revela que somos filhos e filhas de Deus.
Então, o que se pede de nós é que vivamos nossa oração. É hipocrisia declarar que somos espirituais e viver na sensualidade e em desobediência às leis de Deus. Precisamos deixar que o Cristo governe toda e qualquer minúcia de nossa vida. Esforçando-nos para ser puros e obedientes, encontraremos a força do Espírito divino, que nos sustenta em nossos esforços no sentido de obedecer às leis do Amor.
Será que vacilaremos, por vezes, em nossa jornada rumo aos céus? Talvez. A estrada que escolhemos para chegar à santidade, nem sempre é uma linha reta. As tentações pecaminosas podem ser muito sutis, pegando-nos de surpresa. Mas é recompensador o desejo de ser o que realmente somos: a própria semelhança de Deus. Quanto mais nos esforçamos para obedecer ao Sétimo Mandamento, tanto melhor compreendemos nossa natureza espiritual e tanto mais fortes nos tornamos.
Veremos aos poucos que o adultério (quer se trate da atividade sexual pré-marital, quer extramarital) é o oposto de expressar amor espiritual. O comportamento não casto brota do conceito errôneo de que o homem é totalmente físico, impulsionado por sensações e emoções incontroláveis. A busca do prazer físico tende a conduzir à idolatria, à adoração da matéria ou da personaldidade humana, ao invés de levar à adoração do Espírito divino. Resulta em corações partidos e em dor.
Por outro lado, o afeto humano que flui do Amor divino traz satisfação duradoura e genuína. Traz honestidade e estabilidade aos relacionamentos. Quando respeitamos a lei de Deus pela castidade, quando nossas relações íntimas se sujeitam à autodisciplina e ao altruísmo que o casamento requer, sentimos o amplexo do Amor. Nossos desejos espirituais são alimentados, na obediência a Deus encontramos as alegrias imperecíveis da Alma, a satisfação da pureza e da bondade.
No capítulo “O Matrimônio” no livro Ciência e Saúde, a Sra. Eddy expande muitos desses conceitos. “Só os gozos mais elevados podem satisfazer aos anseios do homem imortal,” é o que ela assegura. Mais adiante, acrescenta: “Nas afeições humanas o bem precisa ter ascendência sobre o mal, e o espiritual sobre o animal, senão a felicidade jamais será alcançada.” Ibid., pp. 60–61.
A experiência pela qual passou uma amiga minha, mostra como a obediência à lei moral resulta em bênção. Jovem ainda, ela trabalhou como conselheira num acampamento de verão. Sentiu-se muito interessada por um dos conselheiros. Muitíssimas vezes trabalhavam juntos em vários projetos e descobriram que havia entre eles forte atração mútua. Havia inúmeras oportunidades de terem relações sexuais.
Em meio a profundas emoções e desejo físico persistente, a jovem se ateve firmemente à lei moral. Em duas ocasiões, ela se viu a explicar ao rapaz que o relacionamento físico entre eles iria só até certo ponto. Embora desapontado, o jovem concordou em respeitar-lhe o elevado padrão moral.
O resultado? Uma amizade cheia de ternura e muito preciosa evoluiu a tal ponto que, hoje em dia, passados anos, ainda permanece como uma lembrança querida. Os dois conseguiram continuar trabalhando juntos, sem nenhum tipo de mal-entendido ou disposição antagônica. Ambos foram enriquecidos por um relacionamento baseado na obediência a Deus.
Claro está que nem todos os desafios à nossa castidade têm final feliz, como nesse caso. Às vezes a adesão ao Sétimo Mandamento resulta em rompimento de relações. Pode o Amor divino abençoarnos, assim mesmo? Sim, pode. A bênção talvez não venha do modo como esperávamos, mas Deus recompensa e protege os que Lhe são leais e não deixa nenhum vazio.
A lei moral não constitui uma pedra de tropeço à felicidade. Pelo contrário: é um marco a indicar o caminho da alegria espiritual. Quando obedecemos à lei de Deus, constatamos que nossos relacionamentos refletem mais do calor e da segurança do Amor divino. Longe de inibir nossa manifestação de afeto, o Sétimo Mandamento canaliza nosso amor para dentro do reino da justiça. Protegido e sustentado por Deus, nosso amor é mais duradouro.
