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O profeta Eliseu e a “maioria”

Da edição de novembro de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


"O governo da maioria" é uma expressão que muitos, nas democracias ocidentais, estão acostumados a ouvir desde crianças. O que acontece, porém, se você for minoria, em termos de raça ou religião, ou até mesmo em seus pontos de vista em casa ou no trabalho?

Talvez suas convicções a respeito da cura por meios espirituais sejam decididamente diferentes daquelas da grande massa.

Ou talvez o partido político em que você deposita grande esperança, pareça não ter chance alguma de subir ao poder.

Embora exista, por tradição, notável respeito pelos direitos daqueles que não podem prevalecer pelos números, aqueles que pertencem à minoria se vêem submetidos a uma sensação de impotência. O isolamento, a fraqueza e a timidez se infiltram às vezes nessa perspectiva.

É interessante notar que a Bíblia fala principalmente daqueles que estavam em posição de minoria. Quase sempre se encontravam destituídos de poder temporal e sem proteção de espécie alguma. Ademais, a tradição, nesse ambiente, estava longe de encarar com respeito uma diversidade de direitos individuais. Quer fossem israelitas em escravidão no Egito, quer fossem profetas hebreus sob reis cínicos e sem religião, quer se tratasse de um punhado de cristãos recém-convertidos, sob o governo de Roma, raramente havia motivo para otimismo a respeito de quem estava no poder. Apesar disso, a mensagem da Bíblia continua sendo uma mensagem de poder espiritual.

Há ocasiões, sem dúvida, em que a maioria está mais certa do que a minoria. Mesmo assim, as Escrituras deixam claro que nunca é suficiente estar simplesmente do "lado certo" de uma questão. A mensagem bíblica é de que os requisitos, perante Deus, são um coração puro, honestidade, amor e justiça. Somente os que vivem essas qualidades e servem a Deus, recebem d'Ele poder espiritual. A Bíblia diz algo surpreendente: o poder se encontra não no conceito convencional de números, nem na "razão do mais forte", mas em algo diferente.

A história de Eliseu e de seu servo exemplifica bem essa idéia. Eles estavam completamente cercados por forças inimigas. O jovem e Eliseu pareciam, sem dúvida alguma, estar em inferioridade numérica. Todavia, Eliseu percebia algo mais e sua oração fez com que seu servo também o percebesse. A calma avaliação que o profeta fez, foi: "Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles." 2 Reis 6:16. E ele tinha razão. O poder de Deus teve claramente a primazia.

Esse tipo de acontecimento é tão freqüente em todo o relato bíblico que, podemos concluir, manifesta uma das leis de Deus. O homem que tem pouco ou nenhum poder de acordo com as medidas do mundo, terá, não obstante, tudo o de que precisa, se depositar toda a sua confiança em Deus.

Gideão recebe orientação para diminuir o número de seus soldados e, a seguir, recebe instruções para um estratagema que confundirá o inimigo. Davi recusa a armadura, mas tem algumas pedras lisas e pontaria certeira. Jesus rejeita a possibilidade de reinos temporais, mas o Espírito puro atrai o apoio de multidões, quando necessário ao propósito de Deus.

Quando Cristo Jesus foi levado preso, não duvidou de que teria todo o poder de que precisasse, se fosse o momento certo de exercêlo. Ele disse: "Acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?" Mateus 26:53.

Muitas vezes, mais do que o número de pessoas contrárias, o que nos assusta é apenas o peso de seus pensamentos. Se têm opiniões diferentes das nossas, é possível sentir a opressão e a dominação, mesmo que não haja ação aberta. O que a "maioria" pensa, num dado momento, passa a ser estabelecido como norma e qualquer desvio desta não deixa de receber alguma penalidade. Além disso, o peso do efeito mental íntimo pode parecer até mais repressivo.

Mary Baker Eddy sabia bem o que significava quebrar uma assim chamada norma do poder estabelecido. Fundar uma Igreja e proclamar o cristianismo científico, sem ter a maior parte dos requisitos que o mundo considerava essenciais, exigiu tanto coragem extraordinária como poder proveniente de Deus.

Eis aí uma mulher que pensava bastante na influência mental, aparentemente poderosa, do pensamento da maioria. Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela faz o seguinte comentário sobre o efeito da opinião da maioria em questões de saúde e cura: "Quando a crença geral atribui ao remédio inanimado este ou aquele efeito, então a dissensão ou fé individual — a menos que assente na Ciência — nada mais é do que a crença de uma minoria, e tal crença é governada pela maioria." Ciência e Saúde, p. 155.

Contudo, a frase: "a menos que assente na Ciência" é crucial. A Ciência a que ela se refere, é a mesma lei de Deus que é evidente nas Escrituras. Pode haver cura da doença por meio de uma compreensão mais profunda da totalidade de Deus e de Sua bondade, mesmo que a maioria afirme que não há cura por meios espirituais e que as doenças têm seu próprio curso irreversível. O que se requer, porém, é que o indivíduo vá além da impressão humana, de que tem uma opinião minoritária, e comece a reconhecer a Ciência do ser, a atuação da lei espiritual. Talvez a princípio com pequenos passos, comecemos a sentir a força da verdade bíblica, segundo a qual todo o poder pertence a Deus e não pode haver nada que se oponha à onipotência da bondade de Deus e do Seu propósito. À medida que compreendermos que Deus, inteligência boa, justa e infinita, é literalmente o Princípio divino do ser, as visões humanas estereotipadas relativas ao conceito de maioria e minoria parecerão menos impressionantes.

Quaisquer sejam as circunstâncias, o mesmo requisito espiritual continua vigorando e deve ser obedecido. O que se requer é levarmos ainda mais a sério o bem que valorizamos. Precisamos começar a ver que todo o bem é dado por Deus, sendo que Sua bondade, assim como Seu propósito, nunca estão, de fato, em minoria. Alinhar-se com Deus é, portanto, alinhar-se não apenas com o poder da maioria, mas com o único poder. A percepção espiritual e a oração tornam esse fato divino cada vez mais visível, sejam quais forem os tropeços. Em termos práticos, revelam aquele "algo mais", qualquer "algo mais" que precisemos, para ver prevalecer o bem genuíno. Essa bondade divina, afinal, abarca e inclui a todos em sua bênção.

Concluindo: existe uma força invencível e uma lei espiritual subjacentes ao modelo da maioria que Eliseu mostrou.

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