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Mera tolerância

Da edição de dezembro de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã

The Christian Science Monitor


Ele parecia estar realmente deslocado na nossa cidade. Dava a impressão de ter apenas um conjunto de roupas já muito usadas. Haviam de o ver sorrateiramente à procura de latas nos recipientes do lixo, na esperança de ganhar os cinco centavos de depósito de cada uma. Tornava-se inevitável interrogarmo-nos se ele não se sentiria meramente tolerado, nessa comunidade próspera.

A mera tolerância pelos nossos semelhantes, seja qual for a situação deles, indica, entre outras coisas, uma necessidade de maior compreensão e ação construtiva. Essa mesma tolerância com freqüencia esconde contrariedades e desdém silenciosos para com aqueles que se encontram à margem da sociedade.

O Sermão do Monte, proferido por Cristo Jesus, encerra uma grande mensagem no que diz respeito a atitudes impiedosas, sobretudo em relação a julgamentos baseados em justificação própria. “Não julgueis, para que não sejais julgados” Ver Mateus 7:1., exortou o Mestre.

Por um lado, o fato de simplesmente tolerarmos os outros, leva-nos a isolar e a dividir a humanidade. Além disso, essa tolerância opõe-se ao desejo de trabalharmos no sentido de criar uma compreensão e apreciação mútuas.

Por outro lado, sendo este ponto ainda mais importante, a perniciosidade de tal atitude assenta no modo latente com que nos mantém amarrados a um ponto de vista materialista sobre a existência, vendo-a como separada de Deus. A crença num homem mortal e pecador, vivendo separado de um Deus infinito, mas longínquo, torna-se extremamente prejudicial à harmonia e ao progresso da humanidade. Por mais que tentemos, nunca encontraremos uma harmonia estável e duradoura, sem que descubramos algo da relação inseparável existente entre o homem e Deus, assim como da sua natureza verdadeira e espiritual.

O reconhecimento e a aceitação da identidade do homem, sendo esta íntegra e encontrando-se eternamente aos cuidados de Deus, não nos levará, certamente, a uma ignorância cega e a uma tolerância indiferente em relação a níveis de vida desumanos. Pelo contrário, deixa-nos em liberdade para ajudar a humanidade a sair do estado de degradação.

A exigência feita por Jesus, de não julgar, implicava também ética, mas estendia-se ainda além. Não teria sido uma exigência divina, a de abandonar os pontos de vista falsos e enraizados, de que o homem é miserável, rebaixado, obtendo ao invés disso a compreensão espiritual de que a criação de Deus tem de ser tão espiritual e tão perfeita quanto o próprio Deus? À primeira vista, talvez pareça impossível cumprir com essa exigência. Mas não será que, mais cedo ou mais tarde, temos de chegar à conclusão de que o homem é algo infinitamente mais importante e melhor do que aparenta? É precisamente porque a verdadeira natureza da criação de Deus é espiritual e perfeita, que a humanidade pode ser elevada, pode aos poucos chegar a fazer jus a esse ideal. A Sra. Eddy salienta essa possibilidade, quando escreve: “Os pontos de vista equivocados têm de se dissolver, pois tudo o que é falso, tem de desaparecer.” Miscellaneous Writings, p. 290: “Mistaken views ought to be dissolving views, since whatever is false should disappear.”

Passo a passo o ponto de vista correto acerca do homem pode ser obtido mediante a oração. A oração nos ajuda a elevar nossa percepção acerca dos outros, mediante os fatos espirituais da criação de Deus. Esse conceito mais elevado sobre as coisas não se alcança de um momento para o outro. É preciso ter paciência e ser persistente.

A oração dá resultados extremamente práticos. Não resvala sobre a realidade fria e dura, nem tolera o pecado no pensamento humano, pecado esse que precisa ser arrancado pela raiz. Pelo contrário, ajuda a trazer à luz o que quer que seja preciso corrigir no pensamento do indivíduo, para que se dê a cura. Ajuda a destruir a propensão de justificar ou tolerar a condenação impiedosa. Por fim, abre-nos os corações de modo a encontrarmos maneiras tangíveis de expressar o amor imparcial de Deus.

Acabei por descobrir o que o tal homem que vive na nossa cidade, faz com o dinheiro que ganha com as latas. Faz donativos regulares às igrejas da cidade, incluindo a minha.

A história desse homem foi uma valente bofetada ao meu orgulho e ao fato de eu meramente o tolerar. Orei muito para ser curada de tal atitude.

A partir de então, tornamo-nos amigos. Geralmente encontramonos quando estou a trabalhar na Sala de Leitura da Ciência Cristã da minha igreja. Ainda há bem pouco tempo, veio ter comigo para me falar acerca do conselho de Cristo Jesus para amarmos o nosso próximo como a nós mesmos. Disse-me que queria trabalhar mais nesse sentido. No entanto, o que ele não compreendeu, foi o quanto já me tinha ensinado acerca do amor fraternal.

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