Para ter êxito em qualquer empreendimento, é preciso que o primeiro passo seja dado em terreno firme. Se assim não for, talvez seja necessário recomeçar, afim de garantir esse firme fundamento e atingir o objetivo pretendido. Essa exigência também é válida para alcançar a compreensão da Ciência do Cristo.
“A experiência mostra que a humildade constitui o primeiro passo a dar na Ciência Cristã, na qual tudo é controlado, não pelo homem, nem por leis materiais, mas pela sabedoria, Verdade e Amor,” Miscellaneous Writings, p. 354. escreve a Sra. Eddy. Em geral a humildade é associada a caraterísticas de não ser arrogante ou egotista. Mas tal como empregada nessa declaração, a frase tem significado muito mais abrangente. Significa ter espírito de submissão a Deus, estar disposto a desistir da crença numa mente mortal pessoal e a reconhecer o fato de que existe uma Mente única, Deus.
O maior exemplo de humildade foi evidenciado na vida de Cristo Jesus. A humildade foi a epítome da vida do Mestre. Sua consciência, imbuída por inteiro do Cristo, estava impregnada de humildade. Como humilde Filho de Deus, não aceitava que atribuíssem a ele, à sua pessoa, o crédito pelas obras de cura e maravilhas que realizava. Ele sempre atribuía suas obras a Deus. Certa ocasião em que se dirigiram a ele chamando-o “bom Mestre”, disse: “Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus.” Marcos 10:17, 18.
Já que para nosso Mestre foi essencial esse sentido espiritual de humildade para a realização de feitos sem paralelo, acaso poderemos nós fazer menos do que dar esse mesmo “primeiro passo” de reconhecer Deus como fonte de todo o bem, em nosso esforço de compreender e demonstrar progressivamente a Ciência Cristã? A Sra. Eddy escreve em Miscellaneous Writings: “A humildade é lente e prisma da compreensão da cura pela Mente; é necessário possuí-la para compreender nosso livro-texto; é indispensável para o crescimento individual e indica o mapa de seu Princípio divino e regra de prática.” E mais adiante, na mesma página: “Acalenta a humildade, ‘vigia’ e ‘ora sem cessar’ ou não encontrarás o caminho da Verdade e do Amor.” Mis., p. 356.
A Ciência Cristã reconhece o homem como a imagem e semelhança de Deus, e por isso inteiramente espiritual. Por contraste, na Ciência Cristã a mente mortal, ou seja, a mente dos mortais, é descrita em parte como “uma crença de que a vida, a substância e a inteligência estejam na matéria e que sejam da matéria; o oposto do Espírito, e portanto, o oposto de Deus, o bem. .. .” Ciência e Saúde, p. 592.
É essa crença numa mente mortal separada de Deus, a Mente única, que temos de descartar para progredir espiritualmente. O Apóstolo Paulo deixou clara a necessidade de assim proceder nessa sua declaração na epístola aos romanos: “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus.” Romanos 8:6, 7. Conseguir a mentalidade voltada para as coisas do Espírito, requer a mais profunda humildade, o abandono da nossa crença numa mente mortal pessoal.
A resistência que as pessoas sentem ao crescimento espiritual, provém da mente mortal. Essa chamada mente sugere de contínuo que estamos separados da única Mente, sugestão essa veiculada com tanta sutileza, que até parece surgir como se fosse nosso próprio pensamento. Sugere, por exemplo, que a vida mundana e a acumulação de riqueza são mais importantes e desejáveis que o crescimento espiritual. A crença numa mente separada de Deus resiste ao despertar do sonho numa vida e prazer na matéria, resiste à sua própria destruição. Para despertar desse sonho mesmérico, é preciso desejar com humildade vencer a crença de termos mente ou vida separada de Deus. O processo para alcançar esse sentido de humildade mais elevado é uma atividade espiritual mental diária, momento a momento. O Amor tem que substituir o ódio, a honestidade tem de substituir o engano e o cuidado crístico deve substituir a apatia e a indiferença. Essa atividade equivale a desistir do pensamento material, isto é, a substituição do pensamento mortal pelo seu oposto espiritual. É o despertar para a verdade acerca de nosso ser individual e espiritual. A cura da doença e do pecado em nossa própria vida e na vida de outros, exclusivamente por meios espirituais, é a prova desse despertar.
A humildade é o “primeiro passo” que nos capacita a nos elevar no poder do Espírito e curar a nós mesmos, e a outros.
