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O socorro que vem de nossa espiritualidade

Da edição de fevereiro de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


Um conhecido meu estava desempregado. Havia sido coagido a pedir demissão de seu último emprego, muito antes do que imaginava, na metade de uma carreira que parecia promissora numa grande indústria. Por conseguinte, a tentação de sentir-se incapaz, culpado e frustrado era muito forte. Entretanto, sabia que precisava resistir a essa tentação.

Volveu-se em oração a Deus, o Espírito, e logo entendeu que, em vez de lutar contra a sensação de fracasso pessoal, precisava afastar-se mentalmente do conceito mortal e material acerca da vida.

Mas como? A princípio, foi-lhe difícil perceber como seria isso possível. À medida que continuava orando, porém, começou a tornar-se claro para ele que Deus, o Amor divino, está sempre presente. Já muitas vezes lera na Bíblia que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus. Logo, concluiu que estava também sempre presente a possibilidade de demonstrar que, em realidade, ele era a imagem espiritual, o reflexo, de Deus.

Defrontou-se, por assim dizer, com a decisão de escolher quem era realmente: um mortal incompleto e incompetente, ou a imagem de Deus, o Amor divino. Ambos os conceitos lhe pareciam reais, embora compreendesse não ser possível que os dois fossem verdadeiros. Aliás, são opostos entre si e inteiramente separados um do outro, apesar de pretenderem ocupar o mesmo espaço.

Comungou, em oração, com Deus, a Mente divina, e reconheceu qual dos dois conceitos queria entender, aceitar e viver: o conceito divino. Imediatamente, resolveu rejeitar o sentido mortal e falso de si mesmo, a crença de estar sujeito ao fracasso, à sorte ou à perda.

Ele não rejeitou sua vida diária, nem as pessoas que dela faziam parte, mas sim, rejeitou a noção de que Deus não existia em sua vida. Opôs-se ao que o pensamento mundano sugeria a seu respeito e recusou-se a ficar impressionado com as cruéis afirmações desse pensamento mundano. Repeliu o ressentimento, a decepção, a autocondenação. Em seu desejo de escutar a Deus, passou a rejeitar todo pensamento suspeito de não proceder do Amor divino.

Reconhecendo que Deus é a única Mente, a Mente do homem, entregou-se, em oração, àquilo que Deus lhe revelava a respeito de sua verdadeira identidade. Entendeu que seu único trabalho era o de glorificar a Deus. Embora tivesse tentado alguns empregos que não duraram, seguiu adiante, orando diariamente e às vezes de hora em hora, para alcançar um estado de pensamento mais santo e mais elevado, onde lhe fosse possível reconhecer com honestidade que Deus e Sua criação eram a única presença. Então ficou claro para ele que sua verdadeira identidade era espiritual, perfeita e completa em Deus.

À medida que continuava a reconhecer e a cultivar sua compreensão da espiritualidade, mediante a comunhão com a Mente única, tudo o que antes parecera tão desesperador, mudou por completo de figura. A perda do emprego acabou sendo o trampolim para ele se tornar produtor independente em seu ramo de trabalho. Sua nova atividade proporcionou-lhe grande satisfação, e era tão lucrativa quanto agradável. Contou-me, além disso, que o ponto mais importante da experiência toda, havia sido o fato de ele ter descoberto sua própria espiritualidade e aprendido que um aparente fracasso não é o fim de tudo. O fracasso abre caminho para o progresso espiritual, e se nossos pensamentos e esforços tiverem base espiritual, poderemos chegar a ter esse progresso.

Se considerarmos o homem como um ser material, perdido num universo hostil, haverá pouco motivo de esperança. Mas o homem criado à própria imagem de Deus, governado por Deus, o Amor, expressa sempre a bondade infinita do Amor.

“Esse não sou eu!” você talvez diga. Mas pense um pouco. Já lhe ocorreu sentir a intuição de que alguma circunstância errada simplesmente “não podia ser”? Você alguma vez já se rebelou e decidiu que, não importa quão negras as coisas se apresentem, você não se renderá? Se sua resposta for afirmativa, então sabia que nesses momentos você estava intuindo sua verdadeira identidade, o homem que Deus criou.

Há muita gente que tem, de vez em quando, alguns vislumbres da identidade espiritual. Se conservarmos essa visão e não a deixarmos desvanecer-se, a integridade e a harmonia do ser espiritual tornar-seão mais tangíveis para nós. Perceberemos que os conceitos espirituais e os pensamentos mais elevados nos interessam muito mais do que os meros objetos materiais ou os modos materialistas de pensar. Não quer dizer que permaneçamos frios e indiferentes ao que nos cerca. Pelo contrário, reconhecemos o fato da natureza espiritual do homem e vivemos mais de acordo com nossa recém-adquirida compreensão.

Se estamos na expectativa do bem que o Espírito proporciona, sem que esse bem tenha ainda se manifestado em nossa experiência, precisamos apenas continuar adiante no mesmo caminho mental já empreendido. Não podemos parar! O movimento mental e espiritual é necessário para completar a jornada. Longe de deixar-nos impressionar pelas imagens negativas, quase de pesadelo, da mortalidade, seguiremos para aquele “esconderijo do Altíssimo”  Salmos 91:1. de que fala o Salmista, onde só nos é possível aceitar o que a Mente nos diz a respeito de qualquer situação.

Quando, em oração, enfocamos tão só o fato espiritual, começamos a deixar para trás o sentido material de vida. Entramos em sintonia com o Cristo e vemos que Deus, a Alma, é quem nos formou, sem nenhuma outra interferência. O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, da Sra. Eddy, mostra que esse passo de progresso é impelido por Deus. “Inteiramente separada da crença e sonho num viver material, está a Vida divina, que revela a compreensão espiritual e a consciência do domínio que o homem tem sobre toda a terra.” Ciência e Saúde, p. 14. A compreensão de que a vida é mais do que “crença e sonho num viver material”, salva-nos se estivermos preparados para aprender o verdadeiro sentido de Vida, que é Deus.

O fracasso nunca é o fim de uma experiência, embora às vezes se apresente a meio caminho. Mas a compreensão espiritual não confunde o fim com a metade. Segue adiante mesmo quando o esforço meramente humano está prestes a desistir. Se escutarmos e obedecermos ao Espírito, Ele nos mostrará como desembaraçar-nos de ressentimento, irritabilidade, medo, dor, desespero, ou qualquer outro desafio. Nossa santidade, isto é, a pureza do homem como reflexo de Deus, salva-nos quando a compreendemos e a vivemos.

Comungando todos os dias com a Mente, buscamos naturalmente pensamentos mais divinos e conceitos mais santos. Começamos a valorizá-los e honrá-los como talvez jamais tenhamos feito antes, pois estaremos nos volvendo exclusivamente ao Espírito para ter a palavra final sobre a realidade. É uma surpresa feliz notar o aprimoramento de nossas idéias e de nossos sentimentos. Damos renovada ênfase à habilidade de amar com pureza, de ser desprendidos e inocentes. À medida que as intuições espirituais do Amor divino tornam-se mais tangíveis para nós, mais reais e valiosas, percebemos que a espiritualidade está emergindo e governando nossa vida, e que confiamos no Espírito.

A base material do pensamento terá começado a mudar, naquela operação que Ciência e Saúde denomina “química moral”. O livro-texto explica: “Assim como da combinação de um ácido e um álcali resulta um terceiro produto, assim a química mental e moral muda a base material do pensamento, dando mais espiritualidade à consciência e fazendo com que esta dependa menos do testemunho material. Essas mudanças, que se processam na mente mortal, servem para reconstruir o corpo.” Ibid., p. 422.

Foi a demonstração de espiritualidade de Cristo Jesus que o salvou no túmulo. Ele se recusara a aceitar tanto o ódio de seus inimigos, como o poder definitivo da morte. Logo após a crucificação, deve ter parecido aos outros que o Mestre fracassara redondamente. Mas ele não desistiu, pois a Vida divina, a inocência e fortaleza espirituais que lhe eram inatas, não lhe permitiam desistir. Embora talvez tenha havido momentos de desespero na cruz, o desespero não tomou conta da situação. Somente Deus, a Vida, exerce controle. E a demonstração que Jesus deu da espiritualidade do homem, capacitou-o a provar isso.

Em nossa oração e em nosso viver, devemos reconhecer e dar provas da espiritualidade com que Deus dotou o homem. Podemos ficar atentos para que as qualidades divinas tenham precedência em nossos pensamentos e ações. Assim agindo, descobrimos cada vez mais nossa verdadeira identidade. Essa maneira de nos entregar a Deus, levanta o véu da mortalidade de nosso modo de pensar a respeito do homem e permite que apareça nossa espiritualidade divinamente outorgada. Nessa espiritualidade reside nossa força.

Se alimentarmos e exercitarmos a pura espiritualidade, regozijando-nos nela, ela virá em nosso socorro nos momentos de necessidade. Nossas esperanças de saúde e felicidade terão então base espiritual que não nos poderá ser renegada e não desistiremos no meio do caminho, porque saberemos bem onde assenta nossa confiança!

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