Em se tratando de fazer amigos, as crianças são bom exemplo para nós. Parece que elas vencem com a maior facilidade todas as barreiras que pretendem separar e dividir os seres humanos. Por exemplo, um menininho chamado Frankie foi trazido à Escola Dominical da Ciência Cristã, quando tinha apenas três anos. Ele morava num bairro de baixo nível social e seu irmão mais velho ensinara-o a se defender quando estivesse no parquinho perto de sua casa.
Naquele primeiro domingo, tudo foi muito bem durante a aula, mas quando chegou a hora de vestir os agasalhos para ir embora, houve alguma confusão e o pequeno punho de Frankie entrou em ação, atingindo o ouvido de outro menininho. Felizmente, não houve conseqüências e a mãe do garoto atingido apressou-se a consolar o filho. Ela fê-lo ver que Frankie era novo ali e o que realmente precisava era de um amigo.
No domingo seguinte, os dois pequenos estavam sentados um ao lado do outro. A certa altura pareceu que Frankie ia alçar seu pequeno punho, de novo. O outro menino o abraçou e disse com firmeza: “Frankie, você é meu amigo e os amigos não batem um no outro!” Aquilo pôs fim ao problema e os dois permaneceram amigos durante vários anos de Escola Dominical.
No mundo adulto, parece mais difícil fazer amizades, mas a verdade é que para termos amigos devemos sê-los nós mesmos. Cristo Jesus é nosso exemplo. Ele foi, sem dúvida, o melhor amigo que o mundo já conheceu. Dedicou sua vida inteira ao serviço de Deus e da humanidade.
Em um comentário feito a seus discípulos, ele explicou o que estava fazendo: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” João 15:13. Ele renunciou ao sentido mortal de vida para nos mostrar como encontrar nossa vida espiritual em Deus. Reconheceu Deus como Seu Pai e viveu em comunhão constante com Ele. Foi esse o ponto central a partir do qual realizou curas maravilhosas, assim como sua própria ressurreição triunfante. Mostrou a homens e mulheres como amar com abnegação e como encontrar o bem em Deus exclusivamente. Seu amor pelos outros não tinha limites.
Sabemos, pelo relato dos evangelhos, que Jesus teve afetuoso companheirismo com seus discípulos e com Marta, Maria e o irmão delas, Lázaro. Era sempre uma amizade que proporcionava apoio. Ele ajudou aqueles homens e mulheres a deixarem um sentido pessoal e limitado de si mesmos e a encontrarem sua própria verdadeira estatura em Cristo, como filhos e filhas de Deus.
Enquanto andava em meio ao povo, curando e ensinando, o Salvador também estendeu a mão da amizade a outros. Zaqueu, o coletor de impostos, a mulher samaritana que ele encontrou junto ao poço de Jacó, a mulher cananéia cuja filha ele curou, e muitos outros, foram levantados acima do pecado e da doença e ganharam um vislumbre de sua natureza espiritual em Cristo, sã e livre.
Jesus estipulou apenas uma condição para os que desejassem ser amigos dele: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.” João 15:14. Nós, como cristãos do século vinte, podemos seguir seus passos.
A Ciência Cristã ensina, tal como Crito Jesus ensinou, que Deus é nosso Pai e que todos os outros relacionamentos derivam da união que temos com Deus por sermos Seus filhos amados. A Sra. Eddy escreve: “Deus é nosso Pai e nossa Mãe, nosso Ministro e o grande Médico: Ele é o único parente verdadeiro do homem, na terra e no céu.” Ela continua: “Irmão, irmã, bem-amado no Senhor, conheceste a ti mesmo e travaste conhecimento com Deus? Se não, rogo-te, como Cientista Cristão, não demores em considerar a Deus como teu melhor amigo.”Miscellaneous Writings, p. 151.
As vezes, parece difícil fazermos amigos e a solidão enregela nossa felicidade, mas aos poucos descobrimos que Deus se torna a verdadeira fonte de nossa satisfação, à medida que aprendemos a amà-Lo em primeiro lugar.
No decorrer desse processo, alguns de nossos velhos conhecidos somem, talvez porque essas amizades se baseassem por demais no prazer pessoal e na vaidade, características essas que freqüentemente conduzem ao egoísmo e ao sofrimento. Mas, se continuarmos a “considerar a Deus como [nosso] melhor amigo”, amizades maravilhosas e enriquecedoras irão se desenvolvendo em nossa vida, amizades baseadas no amor, na confiança mútua e no respeito.
Quando cada um vê o outro à luz do Cristo, descobrem-se interesses comuns e somos abençoados e enriquecidos com um constante intercâmbio de idéias. Estamos sempre prontos a dar a mão e podemos contar com o apoio de que precisamos.
Em tais relacionamentos, há um dar e receber que formam a trama e a textura de uma rica tapeçaria de amor e de experiências compartilhadas através dos anos. Esses amigos são nossos companheiros e cada um se regozija pelo progresso e bem-estar do outro. Esse companheirismo é duradouro, porque sua alegria está centrada em Deus.
Os casamentos baseados em ideais compartilhados, em amor e respeito, onde há terna consideração pelas necessidades do outro, formam o cenário para que se desenvolva um companheirismo dedicado dentro da família. Pais e filhos, irmãos e irmãs, tios e tias, avós, todos se tornam bons amigos, em vez de meros parentes. A consideração para com cada membro da família enriquece abundantemente a todos. Tais famílias não se circunscrevem a elas mesmas, mas incluem muitos outros em seu calor.
Também somos todos gratos por aqueles amigos especiais que se tornam nossos conselheiros. Ensinam-nos com sua rica experiência de vida. Sempre nos encorajam e apóiam. Compartilham generosamente conosco sua sabedoria e seu conselho, quando necessário. Apreciamos sua amizade principalmente porque ela nunca tem a presunção de ofuscar a luz de Deus, pelo contrário, encaminha-nos para Ele como origem de nossa individualidade e de nossa força. Não podemos ficar sem amigos quando encontramos amizades no grande amor de Deus para conosco!
O que dizer, então, da grande família humana? Ela certamente precisa de nossa cálida amizade. Faríamos bem em tomar o mundo em nossos braços, em oração, servindo de proteção para algumas de suas feridas auto–infligidas. A melhor maneira de sermos amigos da família mundial, é fazer com que ela sinta nosso afetuoso interesse e nossa compaixão. Podemos saber que nossos irmãos e irmãs, no mundo todo, fazem parte da família querida de Deus e estão incluídos em Seu amor.
 
    
