Há alguns anos ouvia-se com certa freqüência essa frase, sempre que pessoas amigas planejavam algo em comum. Os que estavam disponíveis para o encontro, diziam: “Não deixem de me convidar.“
É freqüente as pessoas sentirem-se excluídas de alguma coisa boa. Talvez essa exclusão esteja associada à palavra demasiado. Não estamos qualificados porque somos demasiado jovens ou demasiado velhos, demasiado altos, demasiado baixos, demasiado gordos, demasiado magros. Ou então somos desprivilegiados, demasiado qualificados, ignorantes, pobres, fracos ... diferentes.
Quase todas as pessoas já se sentiram privadas de algo. Uma criança rejeitada por um grupo de colegas luta muitas vezes por aceitação. Um adulto sem acesso à educação, sem oportunidades, emprego, casa, pode sentir-se “demasiado” qualquer coisa. Grupos, raças, nações podem sentir-se separadas do bem a que aspiram. Algumas vezes as pessoas reclamam atenção com agressividade e agarram com desespero aquilo que julgam necessitar.
No entanto, Deus inclui a todos. A Bíblia expressa essa inclusão com três poderosas palavras: “Deus é amor.” 1 João 4:8. Tudo o que é real e bom, todas as pessoas, já estão incluídas no Amor infinito, onipotente, onisciente, Deus. Cristo Jesus referiu-se ao amor do Pai para cada um de nós, quando relatou a parábola do filho pródigo. Ver Lucas 15:11–32. Esse filho arrependido, que antes fora estouvado, foi recebido com alegria de volta ao lar, sendo-lhe dado o melhor vestido. O irmão mais velho, cheio de justificação própria, teve de aprender das palavras do pai: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.” Cada um deles foi reconhecido como herdeiro, digno, irrepreensível.
A Sra. Eddy refere-se ao amor de Deus com estas reconfortantes palavras: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana. Não é justo imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda hora, o Amor divino propicia todo o bem.
“O milagre da graça não é milagre para o Amor.”Ciência e Saúde, p. 494.
A maneira de incluir a todos em nosso amor é ver todos como na realidade são, como Deus os conhece, já incluídos em Seu amor, inocentes e bondosos, inteiramente espirituais.
Uma jovem tinha muito apreço por todos os membros da família de seu marido. No entanto, um dia reparou que o sogro mal lhe falava e parecia que nem sequer reconhecia sua presença. Parecia não haver motivo para essa rejeição e a princípio a jovem não deu muita importância ao caso, embora continuasse atenciosa para com o sogro.
Logo depois outros parentes também notaram a situação e sentiram-se envergonhados. Então a jovem achou que devia fazer algo. Recorreu a Deus, o Pai, em busca de ajuda. Vieram-lhe por inspiração estas palavras proferidas por Jacó, após a reconciliação com seu irmão Esaú, a quem enganara: “Vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de Deus; e te agradaste de mim.” Gênesis 33:10.
Essas palavras encheram-lhe o coração com tamanha gratidão e paz, que as reconheceu como resposta à oração. Dali por diante, sempre que pensava no sogro, recordava esse versículo bíblico, vendo o sogro como na realidade ele era, feito à imagem de Deus, por isso incluindo a ela em seu reflexo do Amor divino.
Passado algum tempo a atitude do sogro desanuviou-se e o relacionamento deles mudou, a ponto de as reuniões familiares voltarem a ser harmoniosas.
Toda vez que nos defrontamos com a rejeição, é de vital importância vermos todos os envolvidos já incluídos no terno amor de Deus. Que sensação gloriosa é reconhecer que cada um permanece, na verdade, “no esconderijo do Altíssimo”, Salmos 91:1. no bem imutável.
Jesus procedia sempre assim. Durante a violenta evidência de rejeição total de sua pessoa e de sua missão, ele disse dos que o crucificaram: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:34.
Parece sempre difícil amar aqueles que nos odeiam, insultam, ridicularizam, criticam, condenam, ou fazem pouco de nós. Mas existe algo que às vezes ainda parece mais difícil: mudar nossa atitude quando somos nós a rejeitar, criticar, e fazer pouco. Quão difícil parece então cumprir a exigência crística de amar os outros como a nós mesmos! É necessária a pura luz da percepção espiritual para reconhecer que, não obstante a justificação para nosso ódio ou crítica em relação a alguém, nosso pensamento está errado. É necessária coragem moral para expulsar a falsidade e também é preciso ter humildade para retroceder e seguir as pisadas do Mestre, isto é, para amar.
O jovem Saulo estava tão certo de sua justificação própria, que devotou tempo e energia a perseguir os judeus que seguiam a Jesus, dedicando-se a buscar e destruir essas pessoas. Mas quando sobre ele sobreveio uma grande luz, na estrada para Damasco, Saulo ouviu a indicação crística para seguir o Guia. Ao serviço de Deus, que é Amor, prosseguindo em obediência, mesmo por estradas perigosas, pregando o novo Evangelho da verdade, Saulo, depois disso chamado Paulo, levou sua missão a outras nações, saudando os sinceros seguidores de Cristo, fosse onde fosse.
Talvez achemos que não somos merecedores da bondade de Deus, que nossos antecedentes revelem erros passados que nos separam dessa bênção. Jesus travou conhecimento com homens que também se sentiam assim e os consolou. E, apesar do fato de ele ter-se mostrado “amigo de pecadores” ter transparecido como nódoa nos seus antecedentes, seu amor proporcionou transformação e reforma. Sua amorosa instrução era exigente, embora simples: “Vai, e não peques mais.” João 8:11. Paulo provou, sem dúvida, que isso podia ser feito.
Quão magnífico é elevar o pensamento ao reconhecimento espiritual de que cada um de nós já está incluído no amor de Deus, mesmo os que parecem condenados pelo pecado ou limitados por doença, ignorância, raça, religião, nacionalidade, personalidade. Mesmo esses já estão em união com Deus, protegidos, amados, inocentes, incluídos.
A Sra. Eddy resume esse reconhecimento como compreensão do Primeiro Mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim,” Êxodo 20:3. e da obediência a ele. Escreve ela: “O Princípio divino do Primeiro Mandamento é a base da Ciência do ser, pela qual o homem demonstra saúde, santidade e vida eterna. Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: ’Amarás o teu próximo como a ti mesmo’; aniquila a idolatria pagã e a cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído.”Ciência e Saúde, p. 340.
Por isso, não me deixem de fora, não deixem a ninguém de fora. Saibam que todos estão incluídos no amor de Deus, onde todos existimos eternamente.
