Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Vá com ele duas milhas

Da edição de maio de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


Um amigo meu pediu-me um favor muito especial. Exteriormente manifestei-me com muita simpatia, mas, por dentro, fiquei a resmungar. Percebi que tinha de orar. Pensei na segunda milha a que Cristo Jesus se referiu no Sermão do Monte.

Nesses tempos de dominação romana, exigia-se por lei que os nãoromanos carregassem os petrechos de um soldado romano, durante uma milha, se solicitados a fazê-lo. Jesus instruiu para que isso fosse feito uma segunda milha, de livre vontade.

O Mestre definiu fraternidade em termos de amor que ultrapassa em muito o comportamento cômodo que já nos é conhecido. Ele falou ao povo do amor crístico, o amor de Deus refletido em obras diárias; amor tão revigorante e pleno de bondade, que o coração se derretia, o pensamento se abria, o caráter se corrigia, esperanças moribundas renasciam com vida nova. Jesus utilizou palavras comuns, para descrever esse amor incomum. E ele disse a seus ouvintes: “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.”  Mateus 5:41.

Será que eu realmente acreditava que esse retrato de fraternidade ilimitada fazia sentido para mim? Eu tinha alguns dias para pensar nisso.

A ironia desse meu pensamento rebelde é que na semana anterior me deleitara com uma idéia de fraternidade que brotara em minha vida, proveniente da lição-bíblica da Ciência Cristã. Duas frases em Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, haviam projetado nova luz: “Um Só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens. ...” Ciência e Saúde, p. 340. Um só Deus constitui a fraternidade? E eu que pensava que a fraternidade dependia do homem e da humanidade!

A outra frase diz, em parte: “... com uma Mente só, ou seja, Deus, ou o bem, a fraternidade dos homens consistiria de Amor e Verdade, e teria a unidade do Princípio e o poder espiritual que constituem a Ciência divina.” Ibid., p. 470. (Amor e Verdade são sinônimos de Deus na linguagem da Ciência Cristã; escrevem-se com inicial maiúscula para indicar seu caráter universal, infinito e deífico.)

Essa idéia de que Deus constitui a fraternidade, abriu-me os olhos. Consegui compreender que a fraternidade não é uma questão de muitos expressarem unidade e harmonia, mas sim que o Amor e a Verdade infinita (Deus), é Tudo. Essa totalidade não deixa deixa de lado o homem; pelo inclui o homem, o reflexo de Deus; daí provêm poder e amor sem fim. Não seria a este ilimitado amor fraternal que Jesus se referia? O Amor que é Princípio e não pessoa, que nunca pára, nunca falha. Essa idéia de fraternidade elimina conflitos e dependências pessoais.

Pergunta: Poderia essa idéia, que me abrira os olhos, abrir-me também o coração? Se Deus constitui a fraternidade, então a questão já não se restringia ao que meu irmão me pede, mas sim ao que o Amor, isto é, Deus, me inspira e aonde me conduz, não é mesmo?

De repente compreendi que eu não tinha que fazer o que me fora pedido, só porque um amigo mo pedira. Eu sabia que se o impulso do amor espiritual me levasse a fezê-lo, eu o saberia fazer com alegria.

Passaram-se vários dias, e pensei que estava livre. Mas na sexta-feira de manhã acordei com um pensamento premente: “Faça-o!” Experimentei um tentador “não” mental. Mas não deu resultado. “Faça-o!” Esse pensamento dizia algo mais, dizia: “sem dinheiro e sem preço”, que é uma frase bíblica de Isaías. Isaías 55:1. Interpretei isso como significando que eu devia fazer com liberalidade o que meu amigo me pedira, isto é, que nem deveria cobrar o custo, embora ele houvesse prometido reembolsar-me.

Aí estava minha segunda milha. Desatei a rir, mas senti-me estimulada. Senti, de fato, um pouco do amor que Jesus pôs em evidência em seu inspirado sermão.

Com esse impulso e minha aquiescência, veio a energia proveniente do amor e de fazer o favor com prazer. Costumava pensar que o amor era acompanhado pela obediência. Era uma novidade descobrir que a par da obediência vinha o amor. Que idéia completa! o amor acompanha a obediência e a obediência acompanha o amor. Fraternidade é cumprir o que o Amor divino nos impulsiona a fazer, não o que os outros nos pedem. É energia e atividade, refletindo Deus, o Amor.

No dia seguinte, fiz o favor que me havia sido pedido e não me senti desapontado, quando seu reembolso não me foi, nem sequer, oferecido.

A Sra. Eddy, cuja fidelidade aos ensinamentos de Cristo Jesus trouxe à luz, nesta época, o poder curativo do cristianismo primitivo, escreveu sobre o Conselho de Conferências de sua Igreja: “O propósito de vossos membros é servir os interesses da humanidade e cimentar os elos da fraternidade cristã, em que cada união conduz mais acima na escala do ser.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 339.

Os elos espirituais que nos unem em fraternidade cristã, são bem distintos do conceito material do sentimento de estar em união; cada irmão está relacionado com Deus e não, em primeiro lugar, com outro irmão. O bem brota de Deus a cada um de nós. Quando faço a vontade de Deus, meu irmão é abençoado, não primariamente por minha influência, mas pela influência de Deus; e cada vez que outros Lhe obedecem de alguma forma que toque minha vida, também nesse caso a bênção vem de nosso infinito Deus, o Amor.

Esse ponto ficou confirmado pouco depois da experiência relatada. Meu marido e eu estávamos realizando um projeto para o Natal, e verificamos que ia levar muito mais tempo do que havíamos disposto de início. Um amigo apareceu e ofereceu-se para ajudar e “andou” para isso ainda mais que duas milha; andou talvez cinco ou seis. E fê-lo com tanta alegria!

Mas, brilhando através da bondade de nosso amigo, eu podia ver Deus, o bem, que constitui a fraternidade do homem. Eis o despontar do Cristo; o amor de Deus a abranger o momento de necessidade. Cada um de nós pode vivenciá-lo.

Isso em nada diminuiu minha imensa gratidão pela tremenda generosidade de nosso amigo, mas ajudou-me, isto sim, a ver com mais clareza que Deus e o homem são um na unidade do Amor. Obedecendo a Deus somos capacitados a caminhar com nosso irmão tantas milhas quantas ele necessitar.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / maio de 1989

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.