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No caminho de Emaús

Da edição de maio de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


A Bíblia descreve dois dos discípulos de Cristo Jesus caminhando juntos para Emaús. Ver Lucas 24:13—35. Esses homens estavam tristes, porque seu querido amigo e Mestre fora crucificado, mas estavam também surpreendidos pelos relatos dos que diziam que Jesus ressuscitara de entre os mortos. Enquanto caminhavam, um homem juntou-se a eles e perguntou-lhes a razão da profunda mágoa que aparentavam. Um deles espantou-se de que esse forasteiro estivesse tão pouco informado sobre a morte de Jesus e da incrível notícia de sua ressurreição dentre os mortos. Só no fim do dia, quando se sentaram com ele para comer, é que perceberam que o forasteiro que os acompanhara e que com eles falara, não era outro senão o próprio Jesus ressuscitado.

Minha reação a essa história foi sempre uma mistura de incredulidade e tristeza, por Jesus não ter sido reconhecido de imediato por esses seus seguidores, como aconteceu no final do relato. Jesus havia acabado de obter o maior triunfo da história da humanidade. Fora crucificado e regressara do túmulo. Como foi possível que eles não o tivessem reconhecido?

Embora o Cristo não esteja limitado a Jesus, ou à época em que esteve entre nós, Jesus expressou o Cristo, a Verdade, de forma suprema, muito mais do que qualquer outra pessoa, em todas as épocas. Aliás, o Cristo não contém um só elemento de materialidade, nenhuma limitação. Cristo é a eterna Verdade, existente através de todos os tempos e em toda a parte, exprimindo o bem na consciência individual. O poder curativo de Deus traz à luz a verdadeira identidade espiritual do homem, da forma mais significativa para cada um de nós.

Todos nós já tivemos dificuldades físicas, umas curadas rapidamente, outras talvez mais devagar. Será que isso significa que o poder curativo de Deus às vezes age com rapidez e outras vezes é lento? De modo nenhum! Será que a lentidão de uma cura significa que há algo a aprender antes que a cura se afirme? Pense de novo no relato da caminhada para Emaús. Será que a demonstração da Vida imortal já havia ocorrido? ou não? Claro que sim! Jesus já ressuscitara! Como a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor é senhor do ódio.” Ciência e Saúde, p. 44.

Veja bem. A cura já ocorrera. Não havia razão para aqueles homens estarem tão penalizados. Aliás, a prova da cura, a presença de Jesus, estava com eles. Mesmo assim, não o tinham reconhecido! Eles não reconheceram a verdade, o fato de ele haver ressuscitado, até ele partir o pão com eles, algum tempo depois de o terem primeiro encontrado na estrada. Jesus explicara-lhes as Escrituras à medida que caminhavam e, aos poucos, foram compreendendo a veracidade das profecias contidas nas Escrituras acerca da crucificação e de seu relacionamento com aquele preciso momento. Então, com grande reverência, os dois discípulos disseram um ao outro: “Porventura não nos ardia o coração, quando ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” A partir daí, souberam quem era o forasteiro e aceitaram a demonstração da Vida. A mágoa desapareceu.

Apesar dos muitos anos gastos em seguir dedicadamente o Cristo, há ocasiões em que nossa fé parece ficar abalada. Houve uma ocasião em que me vi acometida de uma irritante e desagradável tosse. Era desagradável não só para mim, senão também para os que estavam ao meu redor. Eu tinha que sair de lugares públicos quando isso acontecia e evitava certas situações sociais. Durante todo esse tempo orei do fundo do coração, pesquisando a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy, em busca de compreensão e inspiração. Diversas vezes pensei estar curada, para logo a seguir descobrir, desapontada, que a tosse voltava. Após vários meses dominada por esse problema, decidi telefonar a uma praticista da Ciência Cristã e pedir-lhe ajuda. Durante dois dias ela orou por mim. Apesar de nenhuma modificação repentina e espetacular ter ocorrido, no terceiro dia descobri o hino n° 49, enquanto lia o Hinário da Ciência Cristã. Apreciei-o imensamente e logo tive incrível sensação de paz. No entanto, a tosse persistia. Enquanto dirigia o carro à cidade fui raciocinando mais ou menos assim: a Verdade cura; tu bem o sabes, porque já obtivestes muitas curas; essa crença na tosse não tem base na Verdade e tu o sabes; não será, então, chegado o momento de começares a agir como se já tivesses sido curada? Começa a comportar-te no sentido de a Verdade ser verdadeira.

Assim raciocinando percebi que minha oração e estudo, durante todos aqueles meses, haviam sido em parte motivados pela crença de que Deus só Se expressaria em minha vivência se eu trabalhasse com laborioso esforço pessoal. A cura veio, contudo, quando senti com profundidade que Deus estava sempre presente e que sempre me amara. Deus amava-me incondicionalmente e eu possuía autoridade divina para agir baseada nessa verdade.

Esse pensamento não significava ignorância ou a aceitação de “ir vivendo” com o problema. Muito pelo contrário, eu estava aprendendo que a partir do momento em que esse pensamento tivesse sido gravado no coração, nada se poderia opor à compreensão de Deus.

Daí em diante recusei-me a deixar que meus pensamentos fossem dominados pelo que antes considerara ser um problema a resolver. Isso foi o ponto final! Resolvera o problema e a tosse simplesmente desapareceu.

Em toda e qualquer situação, não é tanto a cura que demora, quanto é demorado nosso alcance da compreensão espiritual do fato de que, neste preciso momento, Deus é Amor infinito. E o homem, minha e sua identidade verdadeira, está incluído nesse Amor, é perfeito, apreciado e amado. Será que Deus, que é Amor infinito, permitiria que Seu amado filho sofresse, por um instante que fosse? Impossível! O Amor infinito é também Espírito e esse Espírito infinito nada conhece de um homem baseado na matéria, o qual possa ser vítima do sofrimento.

Em seu grande amor pela humanidade, Jesus exemplificou a ternura do Cristo. Quão paciente e suave ele foi com seus dois alunos, no caminho de Emaús. Durante todo esse tempo estava a ensinar-lhes uma lição que jamais esqueceriam, disposto a esperar o tempo que fosse preciso. Minha singela cura da tosse ensinou-me uma lição que nunca esquecerei, mas essa lição é muito maior que o simples fato de o Cristo curar doenças.

Em nossa vida diária, pode-se dizer que todos nós estamos simbolicamente a caminho de Emaús. O Cristo, a influência divina, está conosco, agora mesmo, apontando-nos nas Escrituras a certeza da ressurreição de todas as limitadoras leis mortais, sim, mesmo da lei da morte. Não se poderia dizer que a cura ocorre de fato, no preciso momento em que, como os discípulos ao reconhecer Jesus, aceitamos a Verdade, isto é, quando esta se torna substantiva, real, em nossa consciência? Em outras palavras, somos curados quando despertamos para a compreensão da presença do Cristo e permitimos que essa compreensão transforme nossa natureza e assim destrua toda e qualquer reivindicação de outra consciência. Por certo não se trata de uma experiência em que empenhamos muito do nosso escasso tempo, mas sim de um processo de aprendizagem.

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