No cenário humano, sempre houve oposição à verdade espiritual. O pensamento alicerçado na materialidade não facilmente os valores espirituais e a realidade divina. Se não estivermos atentos, poderemos encarar o quadro humano como "eles contra nós", os Cientistas Cristãos a enfrentar, sozinhos, um mundo hostil e incompreensivo.
No entanto, existem muitas pessoas que, embora não estejam familiarizadas com a letra da Ciência Cristã, estão, apesar disso, conscientes do seu espírito e da obra curativa, a ponto de a respeitarem. Claro está que nem todos os que assim pensam, se tornam estudantes ou praticistas da Ciência Cristã. Mas isso não torna sua contribuição insignificante. Pelo contrário, aquilo que eles transmitem acerca da Ciência Cristã, pode ser de suprema importância. Nas ocasiões necessárias, chegam mesmo defendê-la com veemência. Em certos casos, até recomendam o estudo da Ciência Cristã a quem tenha necessidade de cura.
Essas pessoas foram, sem dúvida, abrangidas pelos pensamentos da Sra. Eddy, quando ela escreveu: "Milhões de mentalidades sem preconceitos — que com simplicidade procuram a Verdade, viandantes fatigados, sedentos no deserto — aguardam, atentos, o repouso e o refrigério." Mas a Sra. Eddy insistiu em ação imediata: "Dá-lhes um copo de água fresca em nome de Cristo, e nunca receies as conseqüências."Ciência e Saúde, p. 570. É nosso privilégio nutrir e apreciar tanto aqueles que "aguardam, atentos", como os que, baseados em motivos crísticos, promovem, de fato, a verdade curativa da Ciência Cristã, mesmo que não sejam eles próprios membros de nossa igreja.
Há pouco tempo, encontrei-me com um amigo de longa data. Depois do jantar, meu amigo anunciou-me com afeto: "A Ciência Cristã, que há vinte e cinco anos você me fez conhecer, constituiu uma influência benéfica em minha carreira religiosa. Durante os anos em que servi como Pastor, a vida de muitas pessoas da minha congregação recebeu o toque do cristianismo científico." Meu amigo e eu nos rejubilamos com gratidão pelo poder e disponibilidade universal do Cristo que cura.
Mais tarde, recordando a experiência de meu amigo, lembrei-me de que, quando ele era jovem diretor musical de uma congregação protestante da Nova Inglaterra, começou a perder peso e a sentir dores contínuas num dos lados. Os médicos diagnosticaram tuberculose óssea e recomendaram internamento num sanatório estadual. Em novembro, ele foi hospitalizado.
Antes disso, já tínhamos impressões sobre a promessa bíblica da cura espiritual. Meu amigo fora até instantaneamente curado de um abscesso num dente, enquanto conversávamos sobre o capítulo "A Oração" em Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy.
Meu amigo, conforme mais tarde me contou, decidiu ocupar o tempo passado no sanatório, como refrigério espiritual. Levei-lhe um exemplar do livro-texto da Ciência Cristã e desfrutamos de muitas e animadas conversas sobre o poder do Cristo para curar.
Alguns anos mais tarde, ao redigir um documento importante numa ocasião vital para o prosseguimento de sua carreira, ele escreveu o seguinte sobre sua estadia no sanatório: "Todas as manhãs, das seis ao meio-dia, estudava diligentemente a Bíblia, o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, de autoria de Mary Baker Eddy e outros escritos sobre religião ..." Acerca dos ensinamentos da Ciência Cristã e dos livros da Sra. Eddy, ele declarou: "... não tenho dúvida de que eles tiveram impacto e influência no meu pensamento, tal como a experiência que tive em conjunto com esse estudo."
Certo dia, pouco depois de ter concluído seu período matinal de estudo e oração, ponderou a poderosa declaração contida em 1 João 4:18: "No amor não existe medo; antes o perfeito amor lança fora o medo."
"De repente," escreveu ele, "senti grande agitação dentro de mim ... e tive a convicção de que, por fim, eu fora libertado daquele mal que, por tanto tempo, me afligira." E assim foi. Embora ele tivesse sido enviado ao sanatório para aí permanecer pelo menos seis meses, oito semanas depois da admissão regressou ao lar, sendo alegremente saudado por parentes e amigos.
"Esse ano ... foi para mim como uma experiência no deserto e sua conseqüência foi uma mudança importante em meu pensamento e vida religiosa...." escreveu com gratidão. Seu regresso ao lar verificou-se em 31 de dezembro, marcando, sem dúvida, o início de um significativo novo ano para esse dedicado jovem cristão.
É claro, nossos debates prosseguiram e houve estudo profundo e esclarecedor, à medida que procurávamos ampliar nossa compreensão do Cristo que cura. Algumas pessoas amigas chamaram aquela cura um milagre. Mas o pensamento de meu amigo despertara para aceitar esta observação de Ciência e Saúde: "A missão de Jesus confirmou a profecia e explicou os assim chamados milagres dos tempos antigos como demonstrações naturais do poder divino, demonstrações que não foram compreendidas."Ibid., p. 131. Numa quarta-feira, meu amigo compareceu a uma igreja da Ciência Cristã e prestou comovente testemunho de sua cura.
Não, ele não se tornou membro da igreja da Ciência Cristã, porque sentiu que sua missão era servir, da melhor maneira que fosse capaz, os membros de sua própria religião. No seminário, distinguiu-se como aluno, até que chegou a hora dos exames orais e escritos para ser ordenado. Os excertos transcritos no princípio deste artigo são do seu exame escrito. Seria interessante ter assistido aos "orais". Quando a banca examinadora pediu ao candidato sua definição de Deus, a resposta dele foi: " 'O grande Eu sou; Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência.' " O candidato defendeu e explicou tão bem sua declaração da natureza de Deus, constante à página 587 de Ciência e Saúde, que a banca examinadora aprovou sua ordenação, bem como as palavras citadas do livro-texto da Ciência Cristã, inalteradas e sem correções.
Já passaram mais de vinte e cinco anos desde esse acontecimento. Meu amigo encerrou sua carreira de pastor religioso, tendo servido numa congregação moderna e em fase de crescimento, na Nova Inglaterra. Em cima de minha escrivaninha acha-se um panfleto, cuja capa diz: "Citações do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, selecionadas por [segue-se o nome do pastor e sua igreja], 1985, usadas com permissão do Conselho de Diretores da Ciência Cristã."
Como é que esse pastor deu os panfletos aos seus paroquianos? "Colocava uma pilha deles na entrada da igreja," disse, "e eles desapareciam como se fossem bombom. Quando ia visitar as pessoas em casa ou no hospital, levava-lhes um exemplar, se pressentisse atitude mental receptiva da parte deles. Algumas dessas pessoas faziam inúmeras perguntas na minha visita seguinte, perguntas surgidas da leitura do panfleto. Para essas, comprava então um exemplar de Ciência e Saúde, e do Livrete Trimestral. Referência ao Livrete Trimestral da Ciência Cristã, que contém as lições bíblicas semanais. A partir daí, eu os deixava por sua própria conta."
Relembrando essa experiência, recordei muitas vezes as palavras de Paulo, registradas no Novo Testamento: "Há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.... Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas cousas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada um, individualmente.... Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito." 1 Cor. 12:6, 11, 13. Quando nos estimamos uns aos outros e estamos preparados para oferecer "um copo de água fresca em nome de Cristo", podemos fazer o bem em grandes proporções. Todos bebemos do mesmo copo — e as bênçãos jorram em todas as direções. Sei, pela minha experiência com esse amigo, que minha vida foi abençoada, tal como a dele, porque ambos nos empenhamos em levar aos outros o Cristo, a Verdade.
Nota dos Redatores: O relato dessa experiência foi lido e confirmado pelo amigo citado pelo autor, Rev. Stanley G. Russell. Em correspondência posterior com o autor, o Rev. Russell referiu-se ao encerramento formal de sua atividade religiosa a fim de prosseguir com alguns projetos de longa data. Escreveu ele o seguinte: "Esta atitude reflete minha convicção de que o ministério religioso não cabe exclusivamente aos "profissionais", mas a todos os membros das congregações religiosas. Como você sabe muito bem, esta é mais uma das convicções que tenho em comum com meus irmãos e irmãs da Ciência Cristã."
O Rev. Russell também expressou a opinião de que espera que suas idéias religiosas progridam, porque pensa que a teologia "deve ser dinâmica e crescente em compreensão, à medida que cada dia nos revela mais da verdade sobre o Cristo." Essa compreensão crescente da realidade espiritual é algo que todos podemos nutrir e acalentar e pela qual podemos também ser gratos.
O êxito do cristianismo não depende do brilho de uns poucos grandes homens ou de ações dramaticamente impressionantes. É antes um vagalhão de força acumulada, gerada pela ação e a crença combinadas de inumeráveis pessoas comuns como eles mesmos. Essa onda vai rolando e ganhando ímpeto, até que, graças a convicções mútuas avassaladoras, elevam tudo em sua passagem, rumo a novas altitudes de beleza e perfeição.
Citado em Context, 15 de agosto 1988.
Reimpresso com permissão de Context,
publicado pela Claretian Publications;
205 West Monroe Street, Chicago, IL, E.U.A. 60606.
