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Quando nossos filhos eram pequenos: conversa entre duas mães

Da edição de janeiro de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


A experiência vale muito. Aliás, um provérbio chinês diz: "Se quiser informações sobre a estrada, fale com quem já passou por ela." As duas mães que gravaram esta conversa sobre o ensino de valores espirituais aos filhos, já são avós, por isso talvez falem de uma estrada por onde passaram duas vezes.

: Já conversei com muitas mães jovens que querem saber como transmitir valores espirituais aos filhos. A frase em si mesma parece um tanto estonteante, como se os valores estivessem separados de quem somos e do que fazemos dia a dia.

: De minha parte, eu tinha certeza de que Deus era a única força que movia nosso lar e que as mais importantes normas que seguíamos todos os dias eram tiradas da Bíblia, dos ensinamentos de Cristo Jesus e de sua maneira de viver. Lembro que eu desejava criar meus filhos e deles cuidar do modo como Jesus amava as crianças. Essa ídéia me veio quando li o que a Sra. Eddy explica em Ciência e Saúde: "Jesus amava os pequeninos por serem isentos do mal e receptivos ao bem." Science and Health (Ciência e Saúde), p. 236: "Jesus loved little children because of their freedom from wrong and their receptiveness of right." Não que nossos filhos sempre se comportassem super bem. Eram crianças como as demais. Eu sabia, porém, que se as amasse tendo em vista a bondade natural delas, seu comportamento e bem-estar teria pelo menos um padrão melhor. Você se recorda da história da professora que pegou uma classe de crianças atrasadas, mas que ao se dirigir a elas as chamou de crianças adiantadas? A professora tratou aquelas crianças como se fossem adiantadas e obteve delas um aproveitamento extraordinário. De igual modo, amar as crianças e enxergá-las como livres de agir errado e receptivas ao que é certo, resulta em dar-lhes a liberdade de ser aquilo que elas, espiritualmente, já são.

Joana: Esperar o bem é diferente de amor cego, mero produto do apego emocional ou do orgulho, ou ainda de tentar encontrar um modo de fazê-las se comportarem e se sentirem seguras. Você se lembra da quantidade de conselhos e avisos que eram jogados sobre os pais, quando nossos filhos eram ainda pequenos? Uma coisa, porém, me parecia certa: não havia jeito de eu ter sido a criadora desses seres tão surpreendentes. Portanto, sabia que tinha de perguntar a Deus, responsável por elas como seu criador, como ensiná-las do melhor modo possível e lhes dar o melhor de nosso amor. Desse modo, ser mãe ficou mais natural e viável.

Emily: De que modo específico você ensinou seus filhos sobre Deus?

Joana: Quando pequenos, eu costumava ler com eles uma seção da lição bíblica A lição bíblica semanal da Ciência Cristã encontra-se no Livrete Trimestral da Ciência Cristã e consiste de trechos da Bíblia e do livro Ciência e Saúde. antes de irem para a escola ou pelo menos lhes falava sobre algo da Bíblia. E aprendemos a orar juntos.

Quanto a valores espirituais, penso que as crianças intuem se os pais se sentem, com sinceridade, próximos de Deus. Se a presença de Deus parece importante, então naturalmente faz parte do que as crianças consideram sua base familiar. Sei que nem sempre vivemos ou falamos ou mesmo pensamos segundo o elevado padrão do Sermão da Montanha. Falhamos uma porção de vezes, mas por certo que não fingíamos ser o que não éramos. Estou certa de que foi forte apoio para todos nós o fato de termos tido, como objetivo, um padrão cristão básico.

Emily: De manhã, antes de irem para a escola, eu lhes servia cereal e ovos e também uma seção da lição bíblica. Larry, meu marido, não é estudante de Ciência Cristã, mas concordava que as crianças necessitavam de nutrição espiritual. Essa maneira de agir era tão normal, que quando um dos nossos filhos tinha apenas dois anos de idade já sabia algumas frases da Oração do Senhor. Ver Mateus 6:9-13.

Aconteceu que durante algum tempo, um colega de trabalho de Larry se hospedava conosco, sempre que vinha á cidade. A primeira vez que Daniel fez a refeição matinal conosco, meu marido perguntou: "Você não vai ler a lição para o Daniel, vai?" e eu respondi: "Se ele come conosco, também recebe a lição. Faz parte do pão nosso de cada dia." E assim, Daniel ali ficava, ouvia e depois dizia: "Muito obrigado!" As crianças também não viam nada de estranho nisso.

Anos mais tarde, quando nossos filhos já não moravam mais em casa, Daniel voltou a visitar-nos. Quando servi o desjejum para ele e para Larry, Daniel perguntou: "Onde está a lição?" Disse-lhe que já não fazíamos a lição junto com a refeição, pois as crianças não estavam mais em casa. Ele retrucou: "Ora, eu disse á minha mulher que era por isso que eu me hospedava aqui."

Joana: Tantas vezes achamos que as pessoas se afastam se falamos sobre questões religiosas ou se lemos a lição para os nossos filhos. No entanto, quando essa é uma maneira afetiva da família começar o dia, nada tendo de supersticioso nem sendo encarado como um fardo pesado a ser carregado, não é difícil que seja aceita. Isto não significa que nunca haverá resistência. Muitas vezes as crianças diziam: "Ah, mamãe, temos de ler hoje de novo?"

As decisões e as confusões da vida em família assumem ás vezes proporções alarmantes. Recentemente uma jovem mãe disse-me: "A vida e a metafísica me pareciam fáceis até o momento em que tive um filho e novas responsabilidades. Aí sim, tive de descobrir onde é que eu depositava confiança e o que Deus significava para mim de maneira concreta. Vivendo com crianças, você tem de Praticar as verdades. Você tem poucas ilusões sobre os desafios a enfrentar."

Emily: Seus amigos não lhe faziam perguntas sobre sua atitude de confiar exclusivamente em Deus, para atender a todas as necessidades de sua família?

Joana: Os parentes e amigos achavam que meu estudo da Ciência Cristã era bom para certas coisas, mas não servia para resolver problemas físicos.

Emily: Uma pergunta que sempre me faziam, era: "Mas o que você faria, se uma das crianças quebrasse a perna?" Essa pergunta me foi feita tantas vezes, que tive de orar realmente para discernir quais eram as minhas convicções. Por fim, veio a idéia de que a pergunta "E. .. se?" implicava a hipótese de que Deus não estaria presente em determinadas circunstâncias. Portanto, a resposta que obtive em oração se tornou, simples e definitivamente: "Deus existe!" Quando um "E. .. se?" vinha de amigos e das crianças, eu sabia que a resposta espiritual poderosa acima de tudo, era esta realidade: Deus existe! Para mim, isto significava que Deus, como Amor, Vida e Espírito divinos, existe sem sombra de dúvida. É Ele quem tem o controle, sempre. Não há situação que possa estabelecer separação entre Deus e o homem.

Aos poucos, fui tendo a certeza de que, ao cuidar de nossos filhos, sempre teria a reposta de que necessitasse, quando a necessitasse, porque Deus existe! Você se lembra, há uma declaração maravilhosa da Sra. Eddy em Miscellaneous Writings, que diz: "A paternidade de Deus como Vida, Verdade e Amor, torna gloriosa Sua soberania." Mis., p. 234: "God's fatherliness as Life, Truth, and Love, makes His sovereignty glorious." Essa força real de Pai-Mãe é sempre adequada para atender às necessidades humanas.

Tivemos uma cura perfeita de fratura da perna. Confiamos de modo absoluto na oração, no todo-poder e na presença total de Deus. Marcos estava no segundo ano escolar. Num domingo à tarde, foi andar de trenó com o pai. Quando saíram, Larry ia carregando o trenó, mas pouco depois, quando voltou, carregava nos braços nosso filho. A perna de Marcos pendia desajeitadamente. Ele estava galgando o morro com o trenó, quando um tobogã lotado de adultos bateu nele, em cheio. Tratava-se, é claro, de uma grave lesão. Pela aparência, tudo indicava que havia fratura.

Assim, acontecera aquilo que tantas vezes me haviam perguntado: Que faria você se alguém quebrasse a perna? Bendito seja meu marido, pois ele recusou-se a deixar que o medo o dominasse. Com toda a calma, disse que precisávamos decidir o que convinha fazer. Era preciso atenção imediata e específica.

Larry tinha testemunhado a eficácia da cura mediante o tratamento pela Ciência Cristã muitas vezes antes, em casos envolvendo nossos filhos, por isso ele já sabia que esse tratamento é digno de confiança. Marcos, Larry e eu concordamos em telefonar a uma praticista da Ciência Cristã para que nos ajudasse por meio da oração.

Nesse exato momento tive a enorme certeza de que a promessa da cura espiritual, do modo como Cristo Jesus a realizava, era inteiramente digna de confiança. Eu desejava o melhor cuidado para nosso filho, a quem eu amava de todo o coração e sabia, por experiência, que a cura espiritual lhe daria o que há de melhor. Não havia dúvida de que a lei espiritual satisfaria à necessidade humana. Eu já havia adquirido alguma compreensão de que Deus existe. Portanto, sabia estar intacta a unidade formada por Deus e Seu filho espiritual. Haveria cura, porque estávamos sob a lei da totalidade de Deus.

Encontrei estas palavras da Sra. Eddy: "O que cada um de nós tem de decidir é, se é a mente mortal, ou se é a Mente imortal, que é causativa." Science and Health (Ciência e Saúde), p. 195: "The point for each one to decide is, whether it is mortal mind or immortal Mind that is causative." Se eu decidisse que Deus, a Mente imortal, é causativa, então o procedimento correto era orar para compreender sem reservas que a Mente, Deus, era a causa única dessa situação em particular. Esse tipo de oração elimina a crença de que o acidente ou o medo possam ser verdadeiros no reino de Deus.

Fazia muito tempo que eu optara por amar esse filho como Cristo Jesus amava a progênie de Deus, livre do erro ou de acidentes, expressando apenas o que é certo e na condição pura de filho de Deus. No sentido espiritual, mais radical, só Deus causa a ação e na ação divina só há harmonia.

O efeito da humilde confiança em Deus, da afirmação consciente e da compreensão espiritual na Ciência Cristã é colocar o pensamento humano e a existência humana em conformidade com a lei divina. Assim, esta frase da Oração do Senhor: "Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu" Ver Mateus 6:10., torna-se prática. Não que nós demos um jeito nas coisas terrenais, mas que a ordem divina dos céus toma precedência sobre o aspecto terrenal. Nessa coincidência do humano com o divino, Cristo, ou "Deus conosco", cuida das necessidades humanas.

Esse foi, em essência, o raciocínio espiritual e a oração em que imergi, enquanto Larry colocava Marcos na cama e ajeitava a perna sobre uma almofada. A seguir, Marcos e eu conversamos sobre o amor absoluto de Deus e de Sua solicitude por ele. Afirmamos com veemência que estávamos gratos pela natureza espiritual do homem à imagem de Deus.

À noite, a dor desaparecera. Embora Marcos tenha ficado de cama duas semanas antes de poder voltar à escola, a dor não voltou mais. Senti especial apreço por esta idéia exposta em Ciência e Saúde: "Passo a passo, os que confiam nEle hão de verificar que 'Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações'." Science and Health (Ciência e Saúde), p. 444: "Step by step will those who trust Him find that 'God is our refuge and strength, a very present help in trouble.' " Nossa confiança foi recompensada até na intuição com que demos cuidados de enfermagem adequados. Era evidente que a cura ia ocorrendo dia a dia. Em breve manifestou-se completa e Marcos pôde andar livre e normalmente. Um mês depois, ele estava participando da aula de natação na A. C. M. Mais tarde patinou no gelo e jogou basquete na escola secundária e na universidade.

Joana: Essa cura reforça nossa confiança! Pelo que vejo, não se tratou de condescendência, nem de heroísmo. Está claro que foi uma decisão espiritualmente intuitiva, que fazia jus à confiança que vocês, em sua vida cotidiana, depositavam na lei divina e na compreensão de que o homem é espiritual.

Emily: Essa foi uma ocasião toda especial de estreito relacionamento e apoio entre as três crianças e os pais. Mais importante do que isso, porém, foi que todos nos sentimos próximos a Deus, de maneira muito especial. Quando está acontecendo uma determinada cura, tomamos cuidado para manter nosso pensamento puro e correto. Assim, no plano físico, o osso estava soldando, enquanto que no âmbito mental e espiritual nós estávamos nos acercando a Deus e uns aos outros.

Ainda me recordo da certeza que senti da presença curativa de Deus, revelada pelo Cristo. Foi maravilhoso testemunhar, através do tratamento na Ciência Cristã, a cura completa e sem dor, de algo que tantas vezes fora posto em dúvida.

As crianças estavam acostumadas a orar umas pelas outras e por mim também. Se acontecia um deles adoecer, eu dizia: "Precisamos de ajuda. Todos precisamos orar." As crianças me dizem hoje em dia que foi realmente importante que eu lhes pedisse para orar. Aprenderam a expressar amor uns pelos outros, de uma forma toda especial. Nunca se procurava saber de quem fora a oração que resultara em cura. Simplesmente havia a certeza de que se entregássemos as coisas às mãos de Deus como Cristo Jesus o fazia, confiantes no poder de Deus, tudo o que precisava ser mudado, seria mudado. Nessa experiência tão impressionante, foi o que aconteceu.

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