Recentemente meu irmão convidou-me para ser seu padrinho de casamento. Fiquei muito contente, é claro. Mas ao fazer o primeiro ensaio na véspera do casamento, eu estava inseguro quanto aos detalhes exigidos pela cerimônia desse evento.
Ao chegar à casa de meu irmão no dia que antecedeu ao enlace, soube que uma das responsabilidades do padrinho era dizer algumas palavras em homenagem à noiva e ao noivo no decorrer da recepção festiva que teria lugar logo após a cerimônia de casamento. Em meio às atividades frenéticas dos preparativos de última hora, consegui encontrar alguns momentos de calma para pensar no que seria apropriado dizer.
Dei-me conta de que as festividades matrimoniais são obviamente uma celebração cheia de alegria, uma hora especial em que os parentes e amigos se reúnem. Também recordei que no Novo Testamento, ao falar do ministério de Cristo Jesus, o primeiro registro de um ato público por ele realizado foi a bênção da festa das bodas de Caná, onde transformou água em vinho.
Claro está que nesse ato havia muito simbolismo. Uma coisa que me veio ao pensamento, foi que em todos os casamentos em que o amor a Deus é o centro do compromisso recíproco de duas pessoas, ambos os cônjuges podem sentir a bênção de Deus. Decerto que os homenageados na festa celebrada em Caná devem ter sentido a alegria e a presença da graça Paterna. Tal como o milagre da água transformada em vinho, em todo casamento em que Deus é honrado com lealdade, pode-se esperar que aconteça e surja algo de novo e mais maravilhoso do que antes. Haverá nova vida, novas oportunidades de aprender as lições do amor altruísta, novas ocasiões para o aprimoramento do caráter, novos deveres que podem conduzir a importante progresso espiritual.
O livro-texto da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, contém um capítulo em que o tema do casamento é tratado de maneira específica. Convém que seja lido tanto por quem estiver por se casar, como por quem já está casado há muitos anos. A orientação contida nesse capítulo ajuda a compreender o significado mais profundo do que é necessário para conviver com outros e mostra-nos os benefícios duradouros da união nas questões humanas. Constitui, não resta dúvida, uma forma moral e espiritual de aconselhar, vital a todos nós.
À certa altura desse capítulo, por exemplo, a Sra. Eddy escreve sobre a verdadeira base da felicidade e da satisfação: "A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade," afirma ela, "e a felicidade seria alcançada mais facilmente e estaria mais segura em nosso poder, se a buscássemos na Alma." E no parágrafo seguinte ela declara: "Nas afeições humanas o bem precisa ter ascendência sobre o mal, e o espiritual sobre o animal, senão a felicidade jamais será alcançada." Ciência e Saúde, pp. 60, 61. No casamento há muita coisa que pode ajudar as pessoas a aprender tanto as questões do dia-a-dia como as de maior relevância, necessárias à obtenção de uma base mais sólida para a alegria, a realização e o curso a seguir.
Com um amor cada vez maior a Deus, que é a Alma divina e o Espírito infinito, é natural ver o amor de um pelo outro alcançar uma base mais espiritual. Aliás, é essa base espiritual que trará ao casamento a ternura, a humildade e a compaixão que se tornam tão necessárias na hora de enfrentar os desafios de um relacionamento e obter cura. Se tanto marido quanto mulher são capazes de compreender com maior clareza que o outro também é o próprio filho de Deus, Sua imagem e semelhança pura, estarão dando o devido valor ao cônjuge. Apesar do que às vezes o quadro material ou mortal apresenta, nossa oração diz-nos que existe algo de significado bem maior, mais substancial, para o caráter de ambos.
A Ciência Cristã ensina que todos somos filhos e filhas de Deus. De fato, somos Sua expressão espiritual, repletos de bondade, paz, pureza, amor, integridade e fidelidade reais. Sustentar reciprocamente essa verdade fundamental, fará aparecer a nutrição de que todos precisamos para progredir espiritualmente e para ser o melhor que podemos ser, para levar uma vida boa e decente de serviço a Deus, oferecendo ao nosso mundo nova luz, amor e padrões mais elevados.
No livro Ciência e Saúde, a Sra. Eddy chega a esta conclusão: "O casamento deveria significar uma união de corações." Ibid., p. 64. Esse era o ponto essencial que eu tinha em mente ao chegar o momento de dirigir algumas palavras de saudação a meu irmão e sua esposa. Referi-me à bênção de Jesus nas bodas de Caná. Ofereci-lhes amor e apoio na expectativa de que a vida do nóvel casal, nesse dia unido, fosse cheia de alegria e de ternura e exprimi o desejo de que a graça de Deus, para os ajudar a aplainar as ásperas arestas, fosse reciprocamente mais forte e mais cheia de dedicação. Mencionei a importância da família, dos amigos e da "família da igreja" que o jovem casal teria em sua própria localidade, gente que desde o início de seu relacionamento, os havia cercado de genuína solicitude. Um trecho da Bíblia forneceu a base para a manifestação final de meus sentimentos: "O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz." Números 6:24-26.
"União de corações", com a luz e o calor do terno cuidado de Deus a brilhar sobre aqueles corações, essa é a promessa do casamento cujo ponto central é o amor puro a Deus e de um pelo outro, como Sua própria semelhança espiritual.
 
    
