Recebemos comunicações escritas por leitores, colaboradores, redatores. É um diálogo contínuo, em família, por meio dos periódicos da Ciência Cristã. As cartas (e os cartões e chamadas telefônicas) indicam o que poderia ajudar e o que já ajudou — o que podemos fazer ainda melhor e como podemos ser mais úteis. As cartas procedem de membros antigos e de pessoas que começaram há pouco tempo.
Os periódicos vicejam com esse tipo de participação, mas existe algo mais de que necessitam. A Sra. Eddy refere-se a isso em um pedido que foi publicado originalmente no Journal. Ela pede aos seus alunos e aos alunos deles para enviarem "material de leitura" para os Redatores do Christian Science Journal, que naquela época era o único periódico, além do Livrete Trimestral da Ciência Cristã. E então escreve. "Penso que se meditassem na missão universal que o Amor divino nos confiou em favor da raça humana sofredora, escreveriam com mais freqüência colaborações para as páginas desse rápido veículo do pensamento científico, pois ele chega às mãos de um grande número de sinceros leitores e pesquisadores da Verdade" (Miscellaneous Writings).
Esperamos que a publicação dessas informações por parte dos Redatores dos periódicos encoraje você a "escrever com mais freqüência uma colaboração". Poderá ajudá-lo a encarar com novo interesse sua própria experiência espiritual, seu amor à Verdade e como isso afeta sua vida. Talvez você encontre alguma coisa nova para partilhar com esses "pesquisadores da Verdade", sob a forma de testemunho, poema ou artigo.
DUAS MANEIRAS DE ESCREVER SOBRE METAFÍSICA
Ao pensar sobre a Ciência Cristã lembramos, naturalmente, da cura. A cura é importante para cada um de nós. É importante para todos. Mas o que é ela? O que é a cura?
"Ora essa," você poderá pensar, "não me venha com isso. Todos sabemos o que é a cura. É quando você sente uma dor e a dor pára. É quando a carne está dilacerada e volta à sua cor e forma normais. Cura é quando um empreendimento decadente — um lar, uma empresa, algum plano para o futuro, etc. — pára essa decadência, dá uma reviravolta e torna-se novamente próspero e bem-sucedido. Cura é quando a discórdia e a ação incapacitadora da doença param de progredir e a harmonia e a capacidade são restauradas. Tudo isso é cura."
É claro que tudo isso é cura. Mas nada disso é exclusivo da Ciência Cristã. Se bem que possamos discutir o índice de êxito de várias terapias, a dor desaparece, de vez em quando, da vida de pessoas que não são Cientistas Cristãs. A carne volta ao normal. Lares, empresas, planos para o futuro sofrem mudanças, apresentam restauração e progresso, fora do círculo dos Cientistas Cristãos. Dificilmente passa um dia em que não sejamos informados de algum avanço na medicina quanto ao tratamento ou procedimento cirúrgico que oferece esperança para solucionar um problema associado com a doença.
O QUE É A CURA?
Como estudiosos da Ciência Cristã, sabemos que há uma enorme diferença entre o que queremos dizer com a palavra cura, e o que a cura significa em termos de terapias e tratamentos materiais. Entretanto, para quem não está familiarizado com a Ciência, essa diferença é imprecisa. Aliás, muitas vezes, quando essa diferença é mencionada, encerra um caráter negativo. Se a questão da cura física fosse simplesmente um item de concorrência entre diferentes modos de encarar a cura, estaríamos de certa forma pressionados a enfrentar, em seu próprio terreno, a medicina, a psicologia e todas as outras inovações humanas.
Então, o que é a cura na Ciência Cristã e como é que ela acontece? Será algo que sobrevém quando se chama um praticista da Ciência Cristã e o mal é revertido pelo bem? É bem verdade que a grande maioria dos testemunhos que recebemos, inclusive os contidos nos artigos, relatam como alguém recorreu a um praticista em busca de cura. Está claro que não há nada de errado em chamar um praticista, é algo correto. Mas a promessa específica oferecida pela Ciência Cristã é que todos temos acesso imediato a Deus. Não necessitamos chegar a algum lugar, a alguma pessoa ou prover circunstâncias especiais para sentir a presença de Deus e ceder à Sua lei divina. O fato essencial, que faz com que as pessoas aceitem a Ciência Cristã, é que elas mesmas podem entender a Deus, saber o que é que Deus requer delas e que podem encontrar os meios espirituais interiores para fazer o que é correto — "Vai, e não peques mais" ou "Toma o teu leito e anda."
Pegar o telefone quando se está numa emergência e pedir ajuda metafísica é algo muito precioso. Está em linha com a atitude de Cristo Jesus em ajudar as multidões que vinham a ele em busca de cura, de libertação do sofrimento e da labuta incessante e sem recompensa. Jesus disse a homens e mulheres que havia uma recompensa certa de Deus, pelo bem que fizessem e decidissem cultivar.
Contudo, o desenvolvimento do cristianismo tinha de estender-se além da preciosa oportunidade de dirigir-se ao Mestre em busca de ajuda. Jesus não estaria para sempre com o povo, com seus discípulos, como se fora um Salvador pessoal. Chegaria a época em que teriam de fazer algo mais do que depender dele, por mais importante que essa dependência fosse nos primórdios da educação espiritual deles. A transição da dependência para aquilo que exige que "sejamos fidedignos e estejamos seguros de nós mesmos" — é exatamente assim que a Sra. Eddy o chamou em Ciência e Saúde — teria, mais tarde, de constituir a constante maneira de ser que caracterizaria a carreira dos discípulos.
A Sra. Eddy compreendeu que havia algo absolutamente vital nesse sermos fidedignos, algo que necessitava ser percebido e assimilado pelos que estudam a Ciência Cristã. Você se recorda de como ela inicia o livro Miscellaneous Writings: "Certo apotegma de um filósofo do Talmude concorda com meu conceito do que é fazer o bem. Diz o seguinte: 'A caridade mais nobre consiste em evitar que um homem aceite caridade; e a melhor esmola é ensinar e capacitar o homem a não depender de esmolas'." Esse vislumbre fundamental se relaciona com a força moral de ambos: o escrever e o curar na Ciência Cristã.
ESCREVER SOBRE UMA ESPÉCIE DE METAFÍSICA
Um homem escreveu uma carta, citando uma peça teatral na qual a personagem principal disse haver dois tipos de pessoas neste mundo — os espertos e os bondosos. "Tentei ser esperto," ele escreveu, "mas aprendi que ser bondoso é melhor."
De um modo parecido, há duas maneiras de escrever sobre metafísica. A primeira cria dependência e fraqueza, sugerindo que a compreensão espiritual pode ser adquirida por meio de fórmulas, de se encarar tudo com otimismo e afirmações verbais ou mentais que desejariam, se pudessem, conformar a vida exterior com algum tipo de utopia terrestre onde não haja dor, sofrimento nem carência; em suma, nada de responsabilidades, exceto uma feliz letargia. Essa espécie de metafísica se concentra nas preocupações humanas. Aliás, esse estilo, quando eficiente, pode ser tão persuasivo, que se compara a um narcótico; cria dependência, porque satisfaz o sentido pessoal com sua simpatia pela obstinação, a justificação própria e o egotismo. É capaz de sustentar com finura histórias interessantes e um interesse sutil por preconceitos pessoais. É capaz de usar a linguagem da Bíblia, a terminologia especializada da Ciência Cristã e as concepções personalizadas sobre Deus, para encorajar e atender fantasias humanas. Mas quando se escreve utilizando esse estilo, a conclusão é que a matéria — ou o sentido pessoal — ainda reina supremo, até sua queda, o que finalmente sempre acontece.
METAFÍSICA GENUÍNA
Há ainda outra maneira de escrever sobre metafísica, que promove o autoexame. Torna humilde o coração orgulhoso, mas seu autor nunca tem em mira a intenção de ferir ou embaraçar. Quando se escreve assim, a metafísica provém não tanto da cabeça, do intelecto, mas do coração. Essa forma de escrever exige que o autor tenha vivido o que escreve, portanto, cumpra as exigências daquilo que está escrevendo. Permite ao autor manifestar originalidade, entusiasmo e sabedoria, que por vezes escondem a natureza simples e espontânea do tema. Escrever de forma verdadeiramente científica cristã não interfere com os ensinamentos da Ciência Cristã; não intervém com explicações de modo a sugerir que a Sra. Eddy tornou a Ciência Cristã demasiadamente difícil, complicada ou qualquer outra coisa. Essa forma de escrever desperta no pensamento do leitor o desejo de mergulhar ainda mais a fundo na verdade do ser e perscrutar a profundidade espiritual e cristã da Bíblia e dos escritos de nossa Líder. Desperta o leitor, se este, de tempos em tempos, relega a Ciência ao reino da teoria ou a deposita numa prateleira, até surgir alguma dificuldade. Um amor sincero a Deus e a nossos semelhantes permeia as idéias apresentadas. Tal forma de escrever flui de uma vida que teve sua parcela de dificuldades, sofrimento e injustiças. É um estilo ardente, não com meras emoções, êxtase ou zelo destemperado, mas com uma visão da totalidade de Deus e de que essa totalidade tem de ser expressa em fome espiritual e afeição que abarca cada aspecto da existência, até a mesma ser percebida como sendo espiritual e perfeita, tal como Deus é Tudo-em-tudo.
A primeira forma descrita acima é insossa ou altamente volátil. Não aquece realmente o coração, nem desenvolve no leitor um conhecimento cristão da abnegação ou valor como filho de Deus. Mas a segunda, acende uma chama que, embora pareça pequena no início, cresce gradativamente, iluminando as esperanças mais profundas que estão adormecidas na consciência humana.
Se conseguirmos desenvolver essa segunda forma de escrever, cumpriremos a visão de nossa Líder e faremos o que Deus nos incumbiu de fazer — e então poderemos confiar o futuro à disposição dos eventos por parte de Deus. Iluminaremos o caminho para pessoas que curam de modo científico cristão — tanto para os que já responderam ao chamado e tomaram a cruz, como para os que ainda o farão. Onde quer que eles e nós estejamos, à medida que desenvolvermos essa forma de escrever sobre metafísica, nos encontraremos nas páginas dos periódicos fundados por nossa Líder.
OS QUE DESEJAREM ESCREVER DEVEM PRIMEIRO LER!
Eclesiastes 1:2, 14
Salmos 119:33-37, 130, 140, 171
Miscellaneous Writings 267:25-6;
268:28-2
Ciência e Saúde 263:1-4, 20
(somente); 264:30
ESCREVER PARA CURAR
Escrever para curar. Não é esse o propósito dos periódicos? Aqueles que colaboram para os periódicos não são apenas autores. Muitas pessoas podem escrever e fazem-no com habilidade e discernimento que nos fascinam pelo seu talento de usar o instrumento da palavra escrita ao transmitir a mensagem.
As pessoas que escrevem para os periódicos são, antes de mais nada e acima de tudo, sanadores do pensamento público. Sua forma de escrever, sua contribuição, é formada e estruturada por sua própria cura, pelo modo como Deus redime e transforma sua vida.
[De um antigo Redator Adjunto dos periódicos da Ciência Cristã.]
OS AUTORES DEVEM SER PRÁTICOS ...
Não há necessidade de reescrever "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras", embora algumas vezes os autores pensem que por fazerem uma lista de afirmações enfáticas que soam como o livro-texto, estão escrevendo algo valioso. As afirmações da Sra. Eddy, de há muito estudadas e amplamente demonstradas, contidas no livrotexto, são como jóias e podemos engastá-las com aptidão artística no ouro puro do caráter, oferecendo assim, para dar ânimo aos outros, o que se chama demonstração, isto é, a evidência do bem invisível, manifestado através da cura e da regeneração.
Artigos e testemunhos, portanto, devem ser escritos em reconhecimento de que o autor é um indivíduo iluminado pelo Cristo e assim está no mundo com a missão da luz. Ele não é a luz em si mesma, pois Deus é luz ...
[Tirado de um editorial no Christian Science Journal,
julho de 1919.]
... NADA MENOS DO QUE VÍVIDA ...
Dê uma olhada agora em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, da Sra. Eddy, do ponto de vista de escrever. Não para escrevermos como Ciência e Saúde. Mas pelo que nos dá a entender sobre o que significa escrever para a Ciência Cristã. A Sra. Eddy esperava exatamente isso. Então um mundo novo se nos abre.
Repentinamente percebemos que a forma de escrever da Sra. Eddy é nada menos do que vívida. Você se recorda do trecho: "As mãos, sem a mente mortal para dirigi-las, não poderiam cometer um assassinato" (105:1-2) ou "É como andar no escuro, à beira de um precipício" (374:23-24) ou "Ver um leão acorrentado, agachado para o salto, não deve aterrorizar um homem" (380:16-17). E ainda esta outra: "Acaso podemos colher pêssegos de um pinheiro, ou, da discórdia aprender a concórdia do ser?" (129:25-27).
[De uma palestra de um Redator,
numa reunião para autores. Ciência e Saúde]
