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Quando agir e quando não agir

Da edição de agosto de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Dois Azulões Foram criados num laboratório à prova de som. Pelo altofalante, foram transmitidos cantos e trinados de outras espécies de pássaros, mas eles continuaram quietinhos. A seguir foi transmitido o trinado do azulão e os dois responderam sem demora e vigorosamente, como bons azulões que eram.Song and Garden Birds of North America (Washington, D.C.: National Geographic Society, 1964).

Acaso isso não evidencia que todas as criaturas respondem àquilo que lhes é mais genuinamente natural e que enriquece sua natureza individual? As plantas voltam-se para a luz. Os animais de estimação retribuem com fidelidade o carinho recebido. As crianças desabrocham numa atmosfera de paz e amor. Assim também acontece com os adultos. É tão natural para os adultos viver e trabalhar produtivamente juntos, como o é para os azulões entoar o canto ou trinado de sua espécie.

O canto do homem é a melodia do amor, que vibra alta e claramente. Esse é o canto que lhe é natural como imagem, em verdade, como a própria semelhança de seu Pai-Mãe Deus, o Amor divino.

A Ciência Cristã ensina que o homem é a alegre expressão do ser de Deus. Você já pensou, realmente refletiu, sobre o fato de que Deus tem prazer em Seus descendentes? Não é isso, exatamente, o que o Salmista deu a entender, quando cantou: "O Senhor se agrada do seu povo; e de salvação adorna os humildes"?

O melhor ponto de partida para entender o que significa para o homem ser filho de Deus, é um estudo profundo da vida de Cristo Jesus. Cristo Jesus é o modelo perfeito. Estudemos sua vida, suas palavras, suas reações e suas obras para vislumbrar a realidade do Cristo, a Verdade, em ação na terra. O grande Mestre demonstrou, sem deixar sombra de dúvida, que não há iniquidade congênita ou que não possa ser erradicada, nem doença incurável. Ao contemplarmos o exemplo de Jesus, é importante observar como ele agia com os outros.

Qual foi sua atitude para com o homem que, havia trinta e oito anos, vinha sofrendo de uma doença paralisante? Nesse caso, Cristo Jesus, cheio de compaixão, primeiro curou o homem; depois pôs a descoberto o pecado (Ver João 5:1-14). Talvez seja bom perguntar-nos se nos lembramos sempre de que até mesmo nossos mais sinceros esforços para repreender o pecado devem ser impelidos pela misericórdia, caso contrário a repreensão por si só apresenta pouco resultado prático.

Por que é tão importante a misericórdia? Porque é um atributo de Deus. É o prenúncio que nos assegura de Sua presença. À medida que a ternura cheia de clemência restaura o coração partido, segue-se a cura. A não ser que a reprimenda incorpore algo do puro reflexo do amor desprendido, ela cai ao nível zero de um mortal que se autonomeou infalível e diz a outro mortal, supostamente cheio de falhas, como este deve se comportar. Essa não era a maneira do Mestre agir.

Quando os acusadores da mulher adúltera, cheios de justificação própria, perguntavam com insistência ao Mestre se, de acordo com a lei de Moisés, ela não deveria ser apedrejada, como foi que o Mestre reagiu? Ele lhes disse: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra." Continua a Bíblia: "Ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um." Jesus, recusando-se a condenar a mulher, disse: "Nem eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais."

Ler esse relato comovente sobre o modo como Jesus curava, inspira humildade e sagrada vigilância. Até mesmo metas humanas louváveis devem ceder ante o desejo inextinguível de seguir o Cristo da melhor forma possível, dentro de nossa capacidade do momento.

Escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde: "Não é justo imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda hora, o Amor divino propicia todo o bem." É essa provisão divina que nos supre de sabedoria e ternura crísticas e também de coragem moral.

Conheço um homem que demonstrou em certa medida essas qualidades. Um dia, ao descer do ônibus, foi abordado por um homem embriagado, que perguntou: "Cidadão, pode me dar um trocado para um café?!" Não se deixando influenciar pela degradação do homem, voltou-se para ele e lhe disse: "Meu amigo, você é um filho de Deus. Viva como tal."

Muitos quarteirões adiante, enquanto esperava na calçada que abrisse a luz verde, sentiu que alguém lhe tocava o braço. Ao voltar-se, viu o semblante de um homem completamente sóbrio, que falou com clareza. "Cidadão, já fui chamado de muitas coisas, mas nunca me chamaram de filho de Deus. Muito obrigado!!" Dito isso, desapareceu na multidão. Nosso amigo, é claro, não teve meios de saber o que aconteceu depois, na vida daquele homem. O fato é que a verdade havia se expressado e encontrara eco. Precisamos ter confiança de que tais vislumbres morais e espirituais continuem a se manifestar e conduzam à regeneração, na maneira calma e ao mesmo tempo irreversível do Cristo sanador.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, um jovem Cientista Cristão retornou com medalhas no peito e a firme determinação de fazer o possível no sentido de contribuir para a paz. Vira demasiados conflitos para continuar acreditando que o processo de civilização pudesse realmente ser alcançado por meio da violência e do ódio.

Obteve um emprego no departamento de publicidade de um pequeno estúdio de cinema, onde anteriormente o trabalho era feito por duas pessoas apenas, o chefe e seu auxiliar. As idéias inovadoras do recém-chegado foram muito bem recebidas pelo chefe, mas não pelo auxiliar. Primeiro surgiram insinuações, depois houve aberta difamação de caráter circulando por todo o estúdio. Um amigo do novato contou-lhe sobre o que estavam dizendo e ele achou graça. Parecia-lhe que os mexericos eram demasiado ridículos para serem levados a sério. Mas como se multiplicassem as falsidades, o Cientista Cristão compreendeu que se fazia necessária alguma ação, para terminar com a calúnia. Mas o que e como? Sendo Cientista Cristão, ele sabia ser-lhe possível orar por orientação.

Provavelmente existem tantos modos de orar, quanto há pessoas orando. A comunhão com Deus envolve a mais íntima de todas as relações. Na quietude da oração, não há margem para fingimentos nem para manter as aparências. Quem não teve um momento de desespero, em que recorreu a Deus, buscando socorro para libertar-se de angústia pessoal ou de alguma ameaça externa? Outras vezes, a oração pode tornar-se um ultimato para nós, um chamado para despertarmos e pormos em prática nossas aspirações.

Além disso, a oração pode ser inaudível, apenas uma escuta silenciosa e uma rendição do eu para que "não se faça a minha vontade, e, sim, a tua" (Lucas). Também podemos orar para assimilar, linha por linha, a mais sublime de todas as orações, conhecida como a Oração do Senhor.

Basicamente, toda oração é alguma espécie de desejo. Até mesmo aquele anelo de sermos melhores, a cada momento, é um aspecto da oração. Afirma Ciência e Saúde. "O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações."

Hoje, passados muitos anos, o homem que estava sendo difamado não lembra exatamente como foi que orou, mas lembra que sentiu um profundo desejo de encontrar a solução, profunda confiança em Deus, pois, com a oração, obteve tranquilidade e sabedoria.

Certo dia, estava a sós com o auxiliar, no escritório. O novato virou-se em sua cadeira e, sem que houvesse pensado antes o que dizer, as palavras rolaram de sua boca e ele ouviu-se dizendo: "Juca, vieram me contar que me estás apunhalando pelas costas. Posso te assegurar que não acredito numa só palavra, mas para o teu próprio bem, precisas saber o que está acontecendo."

Houve mudança imediata. O escritório tornou-se um local agradável para se trabalhar, havia respeito mútuo e troca de idéias e planos. Os boatos logo cessaram.

Como é animador compreender que o agir fundamentado na oração espiritual vai muito além da salvaguarda de uma boa imagem. Tal ação é evidência da misericórdia divina. É realmente uma manifestação do amor de Deus que é puro demais para conceder realidade ao que é dessemelhante do divino e, por isso, irreal em seu sentido mais profundo.

É seguro confiar nas coisas de Deus, cultivadas e abrigadas no fundo do coração. Elas nos mostram sempre quando agir e quando não agir.

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