Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Como podemos ajudar as crianças abandonadas?

Da edição de outubro de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


Há Pouco Tempo, apareceu um garoto de catorze anos à porta de uma conhecida minha, trazido por um neto dela, para passar a noite. O menino disse que se chamava Lixo. Seu nome verdadeiro, explicou mais tarde, era Davi, mas os amigos o chamado Lixo.

Como pode um jovem de boa aparência ser chamado Lixo?

Esse menino de rua mencionou vagamente que a mãe havia morrido, por consumo de drogas. Nada mais foi dito, mas era óbvio que ali estava um jovem que se considerava sem valor algum, rejeitado, sem serventia.

O “nome de guerra” daquele garoto descreve milhares de outros jovens de hoje. Eles são o refugo de uma sociedade que perdeu de vista seus valores e prioridades morais e espirituais.

A pessoa socialmente consciente, assim como o pensador espiritual, perguntam-se: o que está realmente na raiz desses fenômenos assustadores de auto-rejeição e de brutal transformação das crianças em “lixo”?

Com freqüência, a sociedade diz que o problema está na própria natureza do homem, que é o resultado da evolução. Como tal, diz-se que ele evoluiu da matéria e é governado pela assim-chamada lei da sobrevivência dos mais aptos. Por conseguinte, é um homem governado na maioria das vezes por instintos animais, por influências genéticas e do meio-ambiente.

Na alegoria bíblica de Adão, pretenso ancestral da raça humana, encontramos um homem igualmente material, mas com origem e evolução diferentes. Formado “do pó da terra” por uma deidade tribal e colocado em condições de vida paradisíacas, esse homem e sua mulher, proveniente de uma costela, acabam desobedecendo às instruções de não se deixarem tentar pelo conhecimento do mal. Por essa infração, são expulsos do Jardim do Éden e condenados a lavrar o solo para ganhar a vida. Dessa forma, Adão e toda sua descendência estão sob a maldição do pecado e da morte.

Quer acreditemos na teoria da evolução, quer acreditemos na história de Adão, o aspecto desesperador dessas descrições da origem do gênero humano é que ambas são completamente materiais, amarradas ao pecado ou às limitações e riscos da biologia. Ambas levam ao desespero e à morte inevitável.

O pensador espiritual, com a ajuda da descoberta da Ciência Cristã, compreende que o dilema do homem-pó/homem-macaco só pode ser superado por uma percepção mais elevada e mais exata da natureza do homem. Encontra a solução num senso espiritual da criação descrita no primeiro capítulo do Gênesis. Ela é diametralmente oposta, em sua natureza e essência, ao relato que diz ser o homem formado “do pó da terra”. O relato verdadeiro ressalta o homem criado por Deus à Sua própria imagem e semelhança: um homem que tem domínio e existe num universo que é visto pelo próprio Criador como “muito bom.”

No Novo Testamento, numa carta aos cristãos de Corinto, o apóstolo Paulo aborda o tema dessas duas naturezas contrastantes do homem: “Assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.” Na carta em que ele faz essa afirmação, Paulo trata do mistério da morte, a dissolução do “homem-pó”. Ele apresenta a realidade de um homem maior do que o corpo material e mais durável, um homem que é “incorruptível”, no sentido de imortal e indestrutível. Naturalmente, ele está falando da mensagem de Jesus de Nazaré, aquele que apresentou o conceito de que o homem é proveniente de Deus, o Espírito. Jesus realmente trouxe “a imagem do celestial”, ou seja, sua identidade espiritual, de forma tão perfeita e com tanto poder, que veio a ser conhecido como Cristo Jesus, isto é, Jesus, o Semelhante a Deus.

Enquanto o “homem-macaco” da evolução, ou o “homem-pó” do segundo capítulo do Gênesis, é percebido imediatamente pelos cinco sentidos físicos, o ser espiritual do homem é, muitas vezes, considerado vago e etéreo. Tudo o que diz respeito ao Espírito, ou Deus, está fora do alcance dos sentidos materiais, pois estes são educados dentro das dimensões de tempo e espaço. A pergunta provável seria: o que aconteceu ao homem descrito em Gênesis 1 como a imagem e semelhança de Deus? Decaiu da perfeição? Em outras palavras, como esse homem não é visto pelos sentidos físicos, conclui-se que ele não existe!

Onde encontrar essa imagem, esse homem?

À luz da lógica e da revelação divina, esse homem está onde sempre esteve e sempre estará, de acordo com a natureza de uma imagem, ou reflexo. A imagem está sempre na Mente divina que a concebe. Assim sendo, o homem à semelhança de Deus está eternamente em união com sua origem. Expressa a natureza dessa origem, é por ela controlado e dela depende para viver e se manifestar. Segue-se daí que o resultado, ou idéia, do Espírito, simplesmente não é percebido pelos sentidos materiais, mas sim pelo sentido espiritual.

A Sra. Eddy, que descobriu o status científico do homem e do universo como sendo espiritual, lança luz sobre esse tema, em seu livro Ciência e Saúde: “Jesus ensinou que há um só Deus, um só Espírito, que faz o homem à imagem e semelhança de Deus — isto é, do Espírito, não da matéria. O homem reflete a Verdade, a Vida e o Amor infinitos. A natureza do homem assim compreendida inclui tudo o que significam os termos 'imagem' e 'semelhança', tais como são empregados nas Escrituras.”

Jesus não só ensinou a verdadeira natureza do homem; ele de fato chegou a mostrar à humanidade como viver de acordo com essa natureza à semelhança de Deus, isto é, de acordo com o homem crístico. Na atualidade, a Ciência Crista está reavivando essa visão da idéia espiritual do homem e do universo. Os estudantes dessa Ciência estão constatando que, à medida que mantêm o ideal-Cristo na consciência e vivem de acordo com ele, são capazes de curar a doença e o pecado exclusivamente por meios espirituais. Pela cura, portanto, fica resolvido o aparente dilema proposto pelos dois relatos contrastantes sobre a criação, os capítulos primeiro e segundo do Gênesis. O primeiro relato reconhecidamente exclui o segundo, permanecendo supremo. Nas palavras de Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Pela mesma lógica, o não conhecer a verdade, ou seja, a verdadeira natureza do Criador e da criação, escraviza e é a causa de toda desgraça humana. A verdade que liberta revela o homem eternamente ligado a Deus e vivendo nEle: eternamente bom, belo e indestrutível.

O que dizer, então, de nosso adolescente do século XX que se apresenta como Lixo e que precisa de um lar e de se sentir amado? O que dizer de todas as outras crianças abandonadas e miseráveis? O que é que eles ganham com todas essas afirmações consoladoras? Como estender-lhes a mão e o coração de maneira tal que realmente faça alguma diferença e inspire outros a se elevarem acima da miséria?

O que cada um pode fazer em termos práticos varia de indivíduo para indivíduo. Todavia, nossa ajuda não se limita à caridade e à filantropia, por mais necessárias que sejam. Nós podemos orar, sabendo que a bondade de Deus inclui as soluções, exatamente quando e onde elas são procuradas e necessárias. É preciso uma visão espiritual para ver além dos problemas humanos. Tal visão espiritual é alcançada por meio da comunhão com Deus, o Espírito, e do viver em obediência a Ele. Serão necessárias as orações e a espiritualidade de um número maior de pessoas para erradicar completamente o quadro universal de carência e desgraça. O progresso virá por etapas e ninguém poderá desenvolver vicariamente a salvação de outrem. Mas todos podemos e devemos contribuir com uma visão genuinamente espiritual para superar os problemas individuais e coletivos que enfrentamos. A visão espiritual, que é alimentada mediante a oração, traz cura e indica passos humanos concretos que podem ser dados para atender à necessidade humana.

É aqui que o manter em mente a imagem de Deus assume capital importância. Só quando amamos o ideal espiritual e vivemos de acordo com esse ideal, é que encontramos a inspiração, a idéia certa, que ajuda e cura a outros. Não podemos conhecer cada uma das crianças do mundo, mas podemos orar por elas, independentemente de quem sejam ou onde vivam. Podemos pensar nelas pelo que são realmente filhos e filhas de um Deus totalmente bom.

Mesmo neste exato momento, embora não tendo conhecimento específico de alguma criança passando necessidade, nossa pura visão espiritual, de que o homem é o filho de Deus, alcança cada coração receptivo, onde quer que esteja e em quaisquer circunstâncias. A mensagem do Cristo nos assegura que cada indivíduo tem um propósito sagrado, o de expressar a Deus. Toda noção de que o homem possa estar separado de sua origem, Deus, e todo quadro que apresente uma identidade “descartada” ou humilhada, deve ceder lugar à compreensão dessa idéia espiritual e desse idealismo.

Tal oração é uma luz para o mundo, atuando como influência regeneradora na vida de todas aquelas crianças que, como Lixo, sentem-se sozinhas e solitárias no deserto das circunstâncias. Falando do mais profundo de sua visão espiritual a respeito da atuação da lei de Deus, a Sra. Eddy escreve: “Seria cruelmente injusto que uma criança inocente nascesse destinada a sofrer por toda a vida, devido aos erros ou pecados dos pais. A Ciência descarta a hipótese de o homem ser um criador e revela as harmonias eternas da única origem viva e verdadeira, Deus” (Miscellaneous Writings).

O pensamento imbuído de idéias do Espírito efetua o que a mente humana classifica de “maravilhas” e abençoa tanto a pessoa que mantém tal pensamento, como aquela a quem ele é dirigido. Não são as palavras que dizemos nem as crenças que abrigamos que iniciam a transformação da consciência e das circunstâncias humanas. O que cura é a inspiração espiritual que vai aumentando a partir de todos os corações que comungam com Deus, na aspiração de amar como são amados e de abençoar como são abençoados.

As orações fervorosas e as boas obras daqueles que demonstram seu amor a Deus pelo amor que têm pelo próximo brilharão como um farol para os viandantes da terra, guiando-os para o reconhecimento de uma identidade mais elevada e mais sagrada e, conseqüentemente, para um abrigo terreno seguro.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / outubro de 1992

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.