Você Alguma Vez já se perguntou: “Quem sou eu? ... Por que estou aqui? ... Há em mim algo mais do que este corpo que carrego para todos os lados? Será que tenho de levar uma vida mais ou menos material e depois cair na velhice e na morte? Será que a vida é tão temporária e descartável?”
Porventura não sentimos, no íntimo, haver muito mais coisas a nosso respeito do que a obscuridade que o mundo nos mostra como sendo final? Às vezes vislumbramos algo muito mais belo, livre e duradouro. Por exemplo, o que vivenciamos numa amizade realmente boa e estável indica a existência de algo além da futilidade material. O que faz a amizade ser o que é, em verdade, nada tem a ver com um corpo ou pessoa material. O âmago da amizade não pode ser fisicamente identificado, mas é plenamente real.
O que é que faz Cervantes ou Calderón falarem ao nosso coração, apesar dos séculos que nos distanciam deles? Acaso não sabemos intuitivamente que o estado de elevação moral e espiritual gerado pela boa literatura, pela arte e pelo teatro não pode ser originário de uma massa material chamada cérebro? Tudo o que atinge nosso íntimo, a visão, a beleza e a profundidade da alma, nunca conseguiria ser registrado por um microscópio, por mais avançado que fosse. Em um romance inspirado, por exemplo, acharíamos apenas as moléculas do papel, da tinta ou da encadernação, e perderíamos completamente as qualidades e as idéias que são muito mais duradouras e significativas.
Se quisermos algo mais do que uma pálida idéia do que a vida realmente é (e, certamente, não só queremos, como também precisamos disso), não há lugar melhor para procurarmos do que a Bíblia e especialmente a vida e os ensinamentos de Cristo Jesus. A vida de Jesus responde a nossas perguntas sobre a vida. Nossas questões e desafios referentes à saúde, suprimento, relacionamento, identidade e propósito podem ser considerados à luz da vida de Jesus, à luz dos Evangelhos, e teremos respostas. Os ensinamentos de Jesus habilitam-nos a começar a viver, aqui e agora, a vida que vem de Deus e que é totalmente imune às insensíveis e autodestrutivas leis materiais. No entanto, Jesus nunca foi indiferente à miséria humana. Foi um homem que chorou junto ao túmulo de seu querido amigo Lázaro. Foi um homem que tocou leprosos. Ele foi espancado, ridicularizado e crucificado por seus inimigos. Mas também foi o homem que trouxe Lázaro de volta do túmulo, curou os leprosos que tocou e ressurgiu do túmulo após ter sido crucificado e sepultado.
O que Jesus ensinou, demonstrou e viveu foi uma nova compreensão de Deus, do homem e da própria vida. Donde vinha essa nova compreensão? Vinha do Cristo, que era a verdadeira identidade espiritual de Jesus, sua real união com Deus. Às vezes, talvez sejamos tentados a pensar que quando Jesus deixou esta existência, na ascensão, o Cristo também se foi. Mas a Ciência Cristã ensina que o Cristo imortal está sempre presente. Manifesta-se na consciência de cada um como mensagem da verdade, da parte de Deus. Essa constante presença espiritual, o Cristo, mostra-nos o homem à semelhança de Deus e sob Seu governo; revela nossa verdadeira identidade espiritual; em verdade, ela é nossa verdadeira identidade.
O que o Cristo revela e Jesus demonstrou é o fato de que a impressão geral da vida, o modo como os sentidos físicos a vêem e a sentem, não é a realidade das coisas. Jesus constantemente desafiava as hipóteses e impressões mundanas e dominava as leis e limitações materiais. Por exemplo, seus discípulos lhe perguntaram, certa vez, a respeito de um homem cego de nascença: “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Jesus rejeitou ambas as suposições e curou o homem de sua cegueira.
Imagine, agora, se você fosse aquele homem que nunca pudera enxergar. Então, vem Jesus e liberta-o completamente dessa condição. Todo um mundo novo se abre para você. O que acontece é algo muito mais importante do que a melhoria da condição física. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy explica o que é: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo.”
O que Jesus via como a verdadeira identidade das pessoas livrava-as do sofrimento físico; mais do que isso, atravessava o emaranhado das errôneas impressões mortais para mostrar o que a vida realmente é e o que nós realmente somos. Jesus mostrou ao mundo como viver o que é real. Disse certa vez: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”. Encontramos em sua vida e em seus ensinamentos uma vereda espiritual que nos leva à nossa verdadeira identidade em Deus e que responde àquele “por quê” de nossa existência.
Nosso propósito é seguir nesse caminho e quando começarmos, um novo mundo abrir-se-á para nós. Esse novo mundo é o que Mary Baker Eddy descobriu em 1866. A Ciência Cristã possibilita adentrar-nos naquilo que a Sra. Eddy denominou, em Retrospecção e Introspecção, “um novo mundo de luz e Vida”. É nesse novo mundo, que Jesus disse ser o reino de Deus, que descobrimos quem realmente somos.
Quem somos nós? A única maneira de responder plenamente é seguir Cristo Jesus no caminho. Essa jornada não é física, mas do coração, uma jornada que acontece na consciência individual.
O que Jesus ensinou no Sermão do Monte mostra como iniciar essa jornada. Disse ele: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” Ter um coração puro obviamente não é uma questão de comportamento exterior ou de dizer a coisa “certa” no lugar certo. É, nitidamente, algo que acontece dentro de nós. Nossos corações são purificados, ou espiritualizados, quando abandonamos limitações, mágoas e temores, toda sorte de pecado, crenças materiais, preocupações, lançando-nos em busca da compreensão da realidade que só Deus pode dar. Quando aprendermos a fazer isso, começaremos a ver que a perfeição de Deus não está escondida, inacessível, mas é liberal e plenamente expressa no homem como Sua idéia, e que você e eu somos, de fato, esse homem, essa idéia puramente espiritual. Constataremos que pertencemos a um Deus que é Amor infinito e que nós somos a expressão de Sua bondade e realidade. Somos as manifestações conscientes, espiritualmente perfeitas e imortais da natureza divina.
Ser a expressão de Deus é, logicamente, algo muito diferente de ser um mortal em um mundo material. É por isso que falamos em termos de jornada, vereda ou caminho. A jornada afasta-nos de uma falsa consciência de sermos seres materiais separados de Deus e nos conduz a um claro entendimento de nossa unidade espiritual com Deus, como Seus filhos. À medida que avançamos nessa jornada, percebemos que não estamos sós, mas que o Cristo está conosco, iluminando o caminho.
Lembro-me de uma experiência que aprofundou minha compreensão do fato de que nossa identidade espiritual está agora em Cristo. Quando meu esposo faleceu, meus filhos e eu tivemos de enfrentar uma série de ações judiciais devidas à má gestão de seus negócios, que permaneceram nas mãos de um sócio que agira de má fé, por muitos anos.
Segui em frente com o Cristo, a Verdade, sabendo que essa seria a única maneira de transformar essa terrível situação numa experiência de crescimento espiritual. Passo a passo, o caminho foi sendo iluminado e o medo vencido. Por meio de uma crescente compreensão da verdadeira identidade espiritual do homem, percebi que podia amar meu suposto inimigo, isto é, podia vê-lo como filho de Deus em vez de um mortal enganador e não-confiável. Eu precisava obedecer à ordem de Jesus, no Sermão do Monte, de amarmos nossos inimigos.
Estudei e ponderei referências na Bíblia e nos livros da Sra. Eddy a respeito de juízes, leis e justiça divina. O estudo abriu meu pensamento a um reconhecimento mais completo da inocência espiritual do homem em Cristo. Senti, então, a mensagem de Deus dizendo-me: “Pronto. Tudo foi estabelecido para sempre na infinidade de Deus. Não há causa real para o medo ou a dúvida. Deus e Sua criação, incluindo todas as identidades, são espirituais e expressam a perfeição agora.”
Pouco depois, todos os processos se resolveram rapidamente. É óbvio que fiquei muito grata por isso. Mas o mais significativo foi a prova prática de que encontramos nossa identidade em Cristo.
Embora os sentidos físicos insistam com seus quadros de imperfeição e impureza, o Cristo, a Verdade, está sempre com o homem. O Cristo purifica, cura, protege, revigora. É o Cristo que desperta o amor em nossos corações e ilumina nossa vereda. O caminho do Cristo conduz ao fato de que o ser espiritual autêntico é o real, agora mesmo. Estamos prontos a receber o Cristo e a seguir no caminho?
